TCU envia para Aras investigação que pode bloqueio de bens de Sergio Moro

A suspeita é de o ex-juiz tenha recebido valores de empresas que ele julgou, condenou e avalizou acordos de leniência na Lava Jato

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  • Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 08:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Tribunal de Contas da União (TCU) compartilhou com a Procuradoria-Geral da República, sob  o comando de Augusto Aras, documentos sobre os valores recebidos  pelo ex-juiz e pré-candidato a presidente Sergio Moro (Podemos) na consultoria  Alvarez e Marsal, dos Estados Unidos. O tribunal pediu que a PGR decida sobre o pedido de bloqueio imediato dos bens de Moro, de acordo com a CNN Brasil. 

A suspeita é de o ex-juiz tenha, como advogado, depois de deixar o governo Bolsonaro, recebido valores de empresas que ele julgou, condenou e avalizou acordos de leniência.

o ministro Bruno Dantas afirma que os fatos precisam ser melhor apurados e assevera que a empresa de advocacia não esclareceu se pagou a Moro por serviços prestados para empreiteiras julgadas na Lava Jato.

“Não tenho dúvidas de que são fatos que precisam ser mais bem apurados. E é por essa razão que me causa estranheza certa atuação apressada de qualquer peticionante que pretenda interromper o fluxo natural do processo, antes mesmo da conclusão das apurações. É natural que os investigados desejem esse desfecho, mas não os órgãos de investigação, de quem se espera imparcialidade independentemente de simpatias pré-existentes”, diz Dantas.

A decisão aponta que a a Alvarez & Marsal “recebeu cerca de R$ 40 milhões de empresas condenadas na Lava Jato, sendo R$ 1 milhão por mês da Odebrecht e Ativos (antiga agroindustrial), R$150 mil da Galvão Engenharia, R$ 97 mil da OAS e R$ 115 mil mensais do Estaleiro Enseada.”

Moro foi contratado pela Alvarez e Marsal após deixar o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro. Ele ficou nos quadros da empresa, contratada por empreiteiras da Lava Jato, até decidir ser candidato à Presidência da República.

A suspeita é a de que as empresas que ele julgou como juiz tenham abastecido cofres da banca que ele passou a integrar como advogado, uma vez fora do governo. Moro sempre alegou que não houve conflito de interesse é que nunca atuou para as empresas que julgou. Notas fiscais listadas pelo TCU colocam essa tese em discussão.