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Rede Nordeste, JC
Publicado em 8 de junho de 2020 às 14:22
- Atualizado há 2 anos
O Instituto de Criminalística (IC) chegou, por volta das 9h desta segunda-feira (8), ao condomínio de luxo do Edifício Pier Maurício de Nassau, também conhecido como Torres Gêmeas, para realizar a terceira perícia no local desde o incidente que tirou a vida do pequeno Miguel, de 5 anos.>
O endereço é onde o menino, filho da empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, morreu depois de ser enviado sozinho de elevador pela patroa da mãe, Sarí Côrte Real, a um andar mais alto e cair de uma altura de 35 metros enquanto a procurava.>
A equipe do IC é composta por fotógrafo, desenhista, engenheiros civil, mecânico e nuclear. De acordo com o perito André Amaral, responsável pelo caso, a perícia foi feita na área da escada de serviços, onde não há câmeras de segurança.>
Os técnicos mediram quanto tempo Miguel gastou para sair do quinto andar e chegar até o nono. A inspeção ainda estava acontecendo por volta das 12h. O resultado será anexado ao inquérito. >
O caso A patroa, Sarí Côrte Real, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB), foi presa em flagrante, indiciada por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), e liberada após pagamento de fiança de R$ 20 mil.>
O fato aconteceu na tarde da última terça-feira (2), quando Sarí mandou Mirtes passear o cachorro da família e se responsabilizou por olhar o garoto.>
Imagens do circuito interno de vigilância, divulgadas pela Polícia Civil de Pernambuco na quarta-feira (3), mostram que a patroa deixou a criança entrar sozinha no elevador para procurar a mãe e o enviou para um andar acima do que estavam. Perdido, o pequeno Miguel teria entrado no vão de um dos condensadores de ar, e, ao ver Mirtes no térreo, teria caído de uma altura de 35 metros.>
Ao voltar para o prédio, a empregada se deparou com o filho praticamente morto, com múltiplas fraturas. Miguel ainda foi socorrido, mas não resistiu. Para ela, faltou paciência da patroa com o filho.>
Hoje, Mirtes e demais parentes clamam por justiça. Na última sexta-feira (5), às 15h, a família se uniu a manifestantes para protestar em frente ao edifício onde Miguel morreu.>
O caso vem gerado repercussão e comoção nacional. Mais de 2,5 milhões de pessoas já haviam assinado a petição que cobra por justiça pela vida do menino até às 18h55 deste domingo. O abaixo-assinado, criado na quarta, faz um apelo à Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE).>
Caso pode ter rumo diferente A conclusão do inquérito policial deverá ser encaminhada ao MPPE nos próximos dias. Sarí foi autuada por homicídio culposo, - crime cuja pena pode chegar a até 3 anos de detenção -, porque, na visão do delegado Ramon Teixeira, a suspeita foi negligente por deixar Miguel usar um elevador sozinho, mas não teve a intenção de matá-lo.>
Mesmo assim, o caso pode ter um rumo diferente ao chegar no Ministério Público. Caberá ao promotor de Justiça responsável analisar provas materiais e depoimentos e decidir se denunciará Sarí Côrte Real por homicídio culposo ou doloso (quando há intenção de matar).>
Advogados criminalistas, ouvidos em reserva pela coluna Ronda JC, afirmam que o promotor pode, sim, interpretar que a patroa da mãe de Miguel agiu com dolo eventual, pois uma criança daquela idade jamais poderia estar sozinha em um elevador.>
Na visão dos criminalistas, ela era responsável pelo menino naquele momento e deveria ter impedido a ação. Caso o promotor decida denunciar por homicídio doloso, Sarí Côrte Real poderá ser levada à júri popular. Neste caso, a pena pode chegar a 20 anos de prisão.>