Tecnologia avança na contabilidade e ajuda pequenas empresas

Inteligência artificial evita perda de tempo com tarefas repetitivas

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  • Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Com a tecnologia e a inteligência artificial (IA) avançando sobre vários setores da economia, não é de se estranhar que as inovações também chegassem à área de contabilidade. Seu uso está possibilitando aos contadores perder menos tempo com tarefas repetitivas e, com isso, exercer o papel de consultores de pequenas empresas, mais do que um simples guarda-livros. 

A inteligência artificial e a interação de seres humanos com máquinas a partir do desenvolvimento de novas tecnologias são temas em discussão no Fórum Agenda Bahia 2018, que em novembro vai realizar o seminário Humanize-se, em Salvador. 

O fórum também é o responsável pelo Desafio de Inovação Acelere[se], que oferece um programa de aceleração com mentorias especializadas para 8 startups baianas. O Acelere[se] teve início em agosto, quando também aconteceu o seminário Sustentabilidade do Agora, o primeiro desta nona edição do Agenda Bahia.

Contadora, Fernanda Rocha mantinha escritório contábil quando teve a ideia de desenvolver um software para que pudesse apresentar os dados das empresas de seus clientes de forma mais agradável. “Foi aí que tive a ideia de criar a Nucont”. 

Desde o início de 2017, ela tem como clientes os colegas de profissão, empresários contábeis, donos de escritórios de contabilidade. “Fornecemos tecnologia e suporte para que tenham relacionamento próximo com os clientes, entregando mais do que normalmente entregam”. 

Usando inteligência artificial, o software ajuda os contadores a diagnosticar a saúde das empresas por meio de dados contábeis e financeiros. “Nosso software processa as informações e devolve um diagnóstico sobre a saúde financeira do negócio”, afirma. 

Fernanda diz que o produto oferece gestão mais precisa e eficiente, além de acelerar análises e diagnósticos. “Na prática, a tecnologia permite traduzir demonstrações contábeis por meio de gráficos e indicadores com mais cor e design”.

Segundo ela, com a ferramenta os contadores se tornam consultores de negócios, cumprindo um papel estratégico na gestão das empresas. 

Precisão

Doutor em engenharia da computação e docente de ciências contábeis na Universidade Anhembi Morumbi, Everton Knihs diz que os contadores devem estar abertos ao uso das novas tecnologias para que forneçam informações mais precisas aos seus clientes. 

Já a coordenadora do bacharelado em ciências contábeis do Centro Universitário Senac, Dimitra Alectoridis, enfatiza que ao adotar um software de gestão financeira, o pequeno empresário tenha o apoio de um profissional contábil responsável por interpretar os números corretamente. 

“Tendo os dados distribuídos da maneira correta, respeitando os princípios da contabilidade, e com a ajuda do contador, essas ferramentas podem sim gerar benefícios de análises ao empresário”. 

Fundador da São Lucas Assessoria Contábil, Leandro Bueno lembra do tempo em que a extração de dados de uma empresa na forma de indicadores levava cerca de 40 dias. “Com o Excel, o trabalho passou a ser feito em 25 dias. Agora, com os softwares que integram dados das empresas com os escritórios de contabilidade, isso é feito, praticamente, em tempo real”.

Bueno atende pequenas e médias empresas. Ele diz que o empresário que tem acesso aos números pode analisar o passado e se antecipar aos problemas, identificando se o erro está no preço de venda, na margem de contribuição, em seu pró-labore, etc. 

A consultoria contábil e fiscal Epicus tem 110 clientes e trabalhamos com informação física com menos de 10% deles. “Os demais têm sistema integrado. Se não fosse assim, precisaria ter ao menos mais cinco funcionários e a qualidade da informação não seria tão boa”, diz o CEO Sérvulo Mendonça, que emprega 22 funcionários. 

Integração

Sérvulo está no mercado há 22 anos, desde a época em que não havia tecnologia para agilizar o trabalho. “Perdia-se muito tempo inserindo informações. Hoje, com os mecanismos de integração e importação de dados, a inserção manual de informações é mínima e sobra tempo para fazer análises e identificar desvios, rupturas de conceito etc.” 

Ainda segundo ele, a maior dificuldade é conscientizar clientes a respeito do uso de softwares. “O pessoal mais antigo não faz planilha, não tem controle. É uma questão cultural. Alguns até tentam se adaptar, mas eles têm dificuldade de lidar com tecnologia e não dão continuidade”. 

Mesmo assim, tenta esclarecer os clientes quanto à adoção de softwares para aprimorar a gestão. “Com a integração de dados posso prestar serviço de consultoria mais eficiente, porque vejo as operações financeiras automaticamente”.

Fundador e CEO da Omiexperience, Marcelo Lombardo também desenvolveu software que proporciona transformação digital às empresas contábeis a partir da organização e integração dos dados dos clientes. “O contador ganha, no mínimo, 70% de eficiência quando o cliente usa um sistema integrado com o escritório”. 

Lombardo estabelece parceria comercial com escritórios de contabilidade. “Nossa força comercial aborda os clientes indicados pelo contador para mostrar os ganhos que a ferramenta proporciona”, conta. 

Ele também ressalta o fato de as pequenas empresas trabalharem de forma desorganizada, ainda na fase do papel e lápis. “Algumas usam planilhas Excel, mesmo assim, as informações são passadas de forma desorganizada e fragmentada, e o contador não tem base para ajudá-las de forma consultiva”. 

Lombardo afirma que empresas muito pequenas, que não têm capacidade de pagar a mensalidade de R$ 227, podem usar o software Omiecity gratuitamente. “A transação para habilitar a ferramenta é feita via contador”, explica.

Dimitra Alectoridis, do Senac, orienta ainda que os fabricantes de softwares precisam ficar atentos às atualizações das normas internacionais de contabilidade e da legislação vigente para evitar ficar defasados.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Revita e Oi, e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.

*Com Cris Olivette, da Agência Estado