Tecnologia garante pioneirismo na produção de minérios na Bahia

Hub reunirá empresas do setor para facilitar busca por soluções unificadas

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 21 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva

A realização de um evento para tratar de inovação e sustentabilidade foi uma grande novidade para o setor mineral baiano, ainda que os dois assuntos já estejam bastante presentes no dia a dia da atividade econômica na Bahia. Muito antes de se organizarem para o desenvolvimento conjunto de soluções para problemas comuns, integrantes do segmento já lançavam mão de novas tecnologias e de estratégias para provocar impactos econômicos, sociais e ambientais positivos para todos.

Projetos para a produção de vanádio, ferro, cobre e diamantes estão entre os exemplos que só se tornaram viáveis graças aos esforços das empresas locais no desenvolvimento tecnológico, além do cuidado com o meio ambiente e o desenvolvimento social.  "A ideia do hub é conseguir aproximar os atores que fazem a mineração acontecer na Bahia para tornar essa atividade cada vez mais forte"

Antonio Carlos Tramm, Presidente da CBPM“A Bahia tem exemplos que comprovam a eficácia da união entre a persistência e a tecnologia”, destaca o geólogo Eduardo Ledsham, presidente da Bahia Mineração (Bamin). Um dos casos destacados por ele é o da Mina Braúna, no município de Nordestina, a 350 quilômetros de Salvador. Após a passagem de grandes grupos globais pela região, a Lipari Mineração Ltda, uma empresa brasileira, encontrou a primeira mina de diamantes da América do Sul, desenvolvida a partir de um depósito de kimberlito, a rocha fonte primária de diamante. “O sucesso veio após muitas tentativas e o desenvolvimento tecnológico”, afirma Eduardo Ledsham.

O presidente da Bamin conta que o investimento em tecnologia também rendeu uma “agradável surpresa” à empresa que administra. “Nós tivemos uma surpresa agradável graças ao investimento contínuo em tecnologia. Temos uma reserva de 560 milhões de toneladas de minério de ferro. Deste total, temos ao redor de 200 milhões de hematita. Significa que não precisa concentrar”, comemora, falando de um tipo de rocha com maior concentração de ferro e que pode ser extraída da natureza por um processo a seco. “Este minério não era aflorante, só foi aparecer com a Bamin investindo desde o início de 2009 na identificação dessa hematita, que foi agregando valor ao projeto”, explica."A mineração mudou demais o seu modo de atuação, mas precisa trabalhar a maneira como é vista pela sociedade" 

Paulo Soares, diretor de Comunicação do IbramOutro exemplo do sucesso no emprego da tecnologia pode ser verificado no caso da Mineração Caraíba, que vem investindo em melhorias de seus processos de produção e em novas sondagens do solo. O diretor da companhia, Manoel Brito, conta que a unidade industrial, que está há 40 anos em operação no Vale do Curaçá, em Jaguarari, a pouco mais de 400 quilômetros de Salvador, vive um novo momento. “Nós estamos experimentando um crescimento como jamais vimos antes”, comemora. A empresa foi adquirida pelo grupo Ero Copper Corp, que no ano passado anunciou a descoberta de reservas de cobre de alto teor. 

“O momento da mineração baiana é muito bom. Isso que nós estamos vivendo não é algo isolado”, destaca Brito. Para ele, existe um clima de maior abertura para a entrada de investimentos externos no país. “Temos um governo que tem falado em utilizar o patrimônio mineral do país e isto cria um ambiente favorável”, avalia o executivo."Nós entendemos que era necessária uma alteração na maneira como nos apresentamos à sociedade"

Gustavo Roque, Coordenador do Mining HubOutro projeto que só se tornou viável graças ao desenvolvimento tecnológico foi o da Vanádio de Maracás, da Largo Resources . “É um projeto que grandes empresas tentaram desenvolver antes de nós, mas por diversos motivos não foram à frente”, pondera o presidente da empresa, Paulo Misk, que é também presidente do Sindimiba, sindicato das mineradoras na Bahia. “A Largo Resources teve a ousadia, para usar um termo bem baiano, de comprar este projeto. Investiu em tecnologia, em pesquisa”, lembra.  A reserva tinha sido descoberta em 1979, mas só passaria a produzir em 2014.  “Atualmente, estamos concluindo a primeira expansão. O projeto inicial era de 800 toneladas por mês. No mês passado já produzimos mil toneladas”, destaca.

Hub vai facilitar busca por soluções unificadas Diversos problemas na atividade mineral são comuns às diferentes empresas que atuam no setor. Para acelerar a solução deste tipo de situação, foi lançado durante o I Fórum Internacional de Inovação e Sustentabilidade da Mineração na Bahia um hub para reunir as empresas do setor. 

“É de toda a mineração, está sendo lançado graças à participação de todos”, comemorou o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm. 

Em linhas gerais, as empresas vão se juntar na busca das soluções e dividir os investimentos necessários para viabilizar o processo. 

Com a iniciativa, a expectativa do setor é a de se distanciar cada vez mais da imagem de uma atuação devastadora do ambiente, como ainda é visto pela sociedade. “A mineração mudou demais o seu modo de atuação, mas precisa trabalhar a maneira como é vista pela sociedade”, destaca o diretor de comunicação do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Soares. 

Coordenador Mining Hub (lançado em Minas Gerais), Gustavo Roque defendeu a importância da iniciativa para o futuro da atividade. Hoje, participam da iniciativa no estado vizinho, 25 mineradoras e 21 prestadores de serviços.

O I Fórum Internacional de Sustentabilidade na Mineração é uma iniciativa da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e da Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti), com o apoio do CORREIO, que tem como patrocinadores a Companhia Vale do Paramirim, Bahia Mineração (Bamin), Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais (Sindimiba) e a Vanádio de Maracás S/A.