Tecnologias avançadas em projetos na BA dão tranquilidade para as operações de mineração

Confira exemplos de boas práticas

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 05:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ulisses Dumas/Divulgação

Desde 2015, a Mineração Caraíba deixou de depositar o rejeito do processo industrial na área convencional. Atualmente, o material é depositado junto com o chamado de estéril (que não possui valor agregado), o que diminui o impacto negativo sobre a bacia e prepara a área para a posterior revegetação. Além disso, a empresa estuda o depósito do material com baixa umidade numa área de mineração antiga, com capacidade para armazenar 20 anos de produção da mina. 

Instalada há 50 anos no município baiano de Jaguarari, a mineradora é um dos exemplos baianos no que diz respeito a investimentos para ter uma operação cada vez mais segura. E Caraíba está longe de ser a única. A Vanádio de Maracás (VMSA), da Largo Resources, e o projeto da Bamin, em Caetité, são alguns dos mais recentes exemplos de projetos implantados com o uso das mais modernas tecnologias disponíveis para a mineração. 

Atualmente, a Caraíba produz anualmente 2,4 milhões de toneladas de minério com teor médio de 1,92%, que corresponde a  aproximadamente 42 mil toneladas de cobre. Cerca de 80% dessa produção vai para o mercado doméstico. A Empresa emprega cerca de 1,8 ,mil pessoas diretas e 1,3 mil por terceiros. A grande maioria reside em Jaguarari e municípios vizinhos. 

Os planos da empresa são de ampliar o prazo de vida útil da mina na Bahia, destaca o diretor da empresa Manoel Valério de Brito. Para isso, são investidos anualmente mais de US$ 20 milhões em pesquisa mineral no Vale do Curaçá. Mas a preocupação com um impacto positivo na operação é tão grande quanto o desejo de prolongar um dos mais longevos projetos de mineração da Bahia. “Segurança, é um assunto da mais alta importância porque envolve vidas (acidentes pessoais), perdas processuais (incidentes, anomalias, desvios, etc) e eficiência operacional”, avalia o gestor. “A empresa possui uma série de ferramentas gerenciais”. 

Manoel Valério lembra que a mineração é classificada como atividade de alto risco.  “Toda pessoa que entra na empresa deve ter um bom treinamento, seguido de um acompanhamento de sua percepção de risco”, diz. Uma prática adotada entre os iniciantes consiste em manter o acompanhamento de “padrinhos” nos primeiros meses.  

Em relação às comunidades, a Caraíba adota uma série de ações para atender as demandas, e não só aquelas previstas em lei, como as obrigações de condicionantes de licenciamentos ambientais. Assim, a empresa acredita elevar a atuação para o melhoramento do nível de empreendedorismo das comunidades de forma organizada, com a transferência de conhecimento para seus associados, e  o acompanhamento e monitoramento constante dos projetos socioambientais apoiados pela Empresa. ‘Com melhor conhecimento do negócio, formas de gerenciamento e motivação reforçados pelos exemplos teóricos e práticos dos cursos e dias de campo, as comunidades se tornam cada vez mais independentes e dominadoras dos negócios, trazendo melhor dignidade e qualidade de vida’, diz o gestor. 

O comportamento de empresas com mais tempo em operação no estado, como a Caraíba, vem contagiando empresas com menos tempo de atuação na Bahia. 

A Bamin, que tem uma mina de ferro pronta para entrar em operação em Caetité, estruturou a sua barragem de rejeito no modelo a jusante (na parte mais baixa em relação ao fluxo de água e considerada mais segura). As condições de segurança do projeto superam os mais rígidos indicadores internacionais, destaca a empresa. Em entrevista recente ao CORREIO, o presidente da empresa, Eduardo Ledsham, destacou o cuidado que a companhia tem.  “Nós temos consciência de que somos menores, então temos que ser os melhores”, disse. Além disso, complementou, a empresa tem buscado tecnologias para reduzir o uso de água no rejeito.

Tecnologia Em Maracás, a VMSA implantou duas importantes inovações em relação a outras operações de vanádio no mundo. A presença foi uma etapa de pré-concentração magnética, realizada após a fase de britagem e que gera um material mais rico para alimentar a etapa de moagem, permitindo uma operação com menor custo de operação e uma planta de menor investimento. A outra novidade foi a implantação de uma etapa de lixiviação (separação de produtos) com mais segurança e eficiência. 

Além desta fase de concepção do projeto, nos últimos 5 anos desenvolveram-se inúmeros estudos e trabalhos de melhoria contínua levando a operação da VMSA a ser reconhecida como a mais eficiente operação de vanádio no mundo, com recuperação metálica de 79%, frente à média de 72% atingida em outras operações.

A Vanádio de Maracás diz investir em treinamentos constantes para o planejamento de ações de melhoria na empresa, visando aumentar a segurança, eliminando as condições de riscos e aumentando a sua percepção por parte dos colaboradores. As fontes de desvios e incidentes são mapeadas constantemente para evitar exposição a riscos. Para garantir a segurança da comunidade, a empresa opera respeitando os costumes locais, e investe em tecnologia para o monitoramento, a fim de garantir que os vizinhos não sejam afetados. 

Quatro tipos de rejeitos são gerados pela operação. O  britado, gerado na etapa de separação magnética a seco, possui top size de 12 mm e é empilhado a seco. O não magnético, gerado na etapa de separação magnética a úmido, é espessado de 5% de sólidos para 35% de sólidos utilizando coagulante e floculante, sendo disposto em bacias revestidas após este processo.  

Já o rejeito lixiviado, gerado na lixiviação, é filtrado em uma esteira e lavado com água. Após a filtragem, o rejeito com 10% de umidade é empilhado dentro de bacia revestida. Por último, o rejeito clorado, gerado na precipitação, é tratado em um evaporador que produz água e sulfato de sódio a partir do rejeito. A solução que sobra no tratamento é disposta em bacia revestida, o que evita a contaminação do solo. 

A Vanádio Maracás emprega diretamente 369 colaboradores. Além de contingente próprio, as atividades geram 477 empregos diretos em empresas prestadoras de serviços.  Em 2018 a companhia divulgou em suas demonstrações financeiras um lucro líquido de R$ 892 milhões.