Times da Série A reduzem salários de jogadores e demitem funcionários

Veja como a pandemia de coronavírus impactou na elite do futebol brasileiro

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 3 de maio de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: PES 2020/ Divulgação

A pandemia do novo coronavírus paralisou as atividades no futebol e escancarou os prejuízos financeiros que os clubes vão ter durante o período sem atividades. Por todos os lados, as equipes fazem contas e medidas são adotadas para tentar minimizar o rombo. No Brasil, pelo menos 16 dos 20 clubes que disputam a primeira divisão em 2020 já anunciaram algum tipo de corte salarial.

Rivais dentro de campo, Bahia e Vitória adotaram medidas parecidas. As duas equipes encerraram os seus times de aspirantes e optaram por reduzir em 25% o salário de atletas e membros da comissão técnica. Presidente do tricolor, Guilherme Bellintani afirmou que ficará sem receber salários durante o período sem atividades. O Esquadrão estima perdas de até R$ 60 milhões no pior dos cenários.

Os clubes se apegam à Medida Provisória 936, apresentada pelo governo federal no início de abril e que permite a redução de salários e jornadas ou até a suspensão do contrato de trabalho. No São Paulo, por exemplo, o corte do salário de dirigentes e comissão técnica chegou a 50%. 

A situação é semelhante em Goiânia. O Goiás entrou em acordo com os funcionários e elenco para reduzir 50% da remuneração durante o mês de abril. A medida, no entanto, deve ser prorrogada até o retorno do futebol. Já o rival Atlético Goianiense ainda está em fase de negociação e estima desconto entre 30% e 50%.

Entre os clubes que não anunciaram medidas emergenciais, o Athletico Paranaense ainda estuda o que vai fazer, mas reforçou a campanha por ajuda do programa de sócio torcedor. Já o Red Bull Bragantino, que volta à Série A em 2020, decidiu diminuir gastos em outros setores para não cortar da folha dos atletas. 

“Se o Furacão não for apoiado, ajudado neste momento, vai quebrar! Teremos longos anos pela frente para nos recuperar. No mesmo nível, só com ajuda de todos. Sinto muito. O CAP precisa de todos nessa hora de crise absoluta”, escreveu o presidente do Athletico, Mário Celso Petraglia, nas redes sociais. 

Até os mais ricos... 

Os prejuízos causados pelo coronavírus atingem, inclusive, os clubes mais ricos do país. Donos de faturamentos recordes nos últimos anos, Flamengo e Palmeiras iniciaram uma série de medidas para tentar equilibrar as finanças.  

Na tentativa de enxugar a folha, o Flamengo demitiu 62 funcionários de inúmeros setores. O rubro-negro carioca também fez corte nos salários e liberou trabalhadores até que o futebol seja retomado.

Enquanto isso, o Palmeiras não só reduziu os salários de comissão técnica e atletas em 25%, como anunciou que vai postergar o pagamento dos direitos de imagem, fatia considerável do salário de um atleta. O valor que seria depositado em abril, por exemplo, será dividido entre os meses de maio e dezembro.

“Vivemos um momento de uma crise de grandes proporções no mundo. Vários segmentos estão sendo afetados e com o futebol não é diferente. A maturidade do elenco foi fundamental para que chegássemos a uma solução”, explicou Maurício Galliote, presidente alviverde.

Já o Corinthians determinou a diminuição de salários e de jornadas dos funcionários em 70%. A medida vale para maio e pode ser estendida para o mês seguinte. Em comunicado interno, o clube justificou a atitude como fundamental para se garantir a estabilidade de todos. “São necessárias para a manutenção dos empregos e o pleno funcionamento do clube”, diz o texto.

Enquanto os clubes da Série A buscam soluções, na Série B as equipes esperam que ajuda venha da CBF. Times como Cruzeiro e Chapecoense, além do próprio Vitória, adotaram algum tipo de mecanismo para minimizar os danos.

Em carta assinada pelos 20 clubes, as agremiações pleiteiam o repasse de R$ 60 milhões que seriam repartidos de forma igualitária. O dinheiro, segundo as equipes, seria retirado do ‘Legado da Copa’, um fundo repassado à CBF pela Fifa para investimentos em estrutura após a Copa do Mundo de 2014.   

Segundo estudo feito pela CBF em 2019 junto com a consultoria Ernst & Young, o futebol brasileiro é o responsável por empregar 156 mil pessoas. A maioria é de trabalhadores com salários baixos e que atuam em funções como jardinagem, cozinha, lavanderia e limpeza.

Veja como está a situação de cada equipe da Série A:Athletico-PR O Furacão ainda estuda qual tipo de medida vai tomar. Pelas redes sociais, o presidente do clube, Mário Celso Patraglia, pediu apoio dos sócios e disse que a equipe correria o risco de "quebrar" se isso não acontecesse.Atlético-GO O Dragão ainda não chegou a um acordo com os jogadores. Clube pagou o mês de abril de forma integral, mas tenta negociar para reduzir os salários entre 30% e 50% até os jogos voltarem normalmente.Atlético-MG O Galo informou no final de março que cortaria 25% dos salários dos colaboradores. Quanto maior o salário, maior seria o corte. A redução não afeta o direito de imagem dos jogadores.Bahia O tricolor anunciou a redução de 25% nos salários de jogadores, comissão técnica e diretoria até a volta dos jogos. O presidente Guilherme Bellintani abriu mão do salário integralmente.Botafogo O alvinegro carioca disse que vai pagar o salário de abril sem cortes. A tendência, no entanto, é que a partir desse mês os salários sofram redução. o clube ainda irá se reunir com os atletas.Ceará Em março e abril, os atletas receberam 75% dos salários da CLT e dos direitos de imagem. Os 25% restantes serão diluídos  a partir de julho. Nesse mês, no entanto, um novo acordo deve ser feito.Corinthians Corte de 25% dos salários dos jogadores a partir desse mês. Funcionários tiveram outro tipo de diminuição: 50% dos que estão trabalhando em home office e 70% dos que estão inativos.Coritiba Coxa já demitiu, reduziu salários e também suspendeu contratos de funcionários de vários setores do clube. Em relação aos jogadores, o impacto foi de 25% nos vencimentos.Flamengo Um dos clubes mais ricos do país, o time demitiu 62 funcionários na última quinta-feira. Jogadores e comissão técnica devem ter os salários reduzidos em 25%, mas o acordo ainda não foi selado.Fluminense  Ficou acordado com os atletas um corte de 15% nos salários de março e 25% nos de maio. Caso os jogos não voltem a ser disputados, o percentual permanece também no mês de junho.Fortaleza O Leão pagou 75% dos vencimentos em março e abril. Os 25% que faltam serão quitados depois que a pandemia acabar. Em abril,  atletas abriram mão de 10%, e os outros 15% também serão pagos posteriormente.

Goiás No meio de abril, o esmeraldino conseguiu concluir a negociação com os jogadores. A redução se aproxima dos 50%. Os outros funcionários do clube também fazem parte desse acordo.Grêmio O clube não revelou valores, mas fez o adiamento de quatro meses dos direitos de imagem dos jogadores para janeiro de 2021. Alguns funcionários do tricolor tiveram corte de 25%.Internacional O colorado congelou os direitos de imagem dos atletas pelos próximos três meses. Isso impacta em 30% da folha salarial. Os funcionários com salários mais baixos não tiveram redução.Palmeiras Membros da diretoria, comissão técnica e jogadores tiveram uma redução de 25% dos salários. Alguns funcionários tiveram os contratos suspensos por 30 dias.Red Bull Bragantino Bancado pela empresa austríaca Red Bull, o clube decidiu não reduzir os vencimentos de jogadores e funcionários. A economia será em novas contratações e também em outros setores do clube.Santos A proposta inicial dos dirigentes era diminuir os salários dos atletas em 50%, mas o valor ficou definido em 30%. Quem recebe menos de R$ 6 mil por mês, no entanto, não será afetado.São Paulo Apesar dos jogadores se manifestarem contra, o clube cortou 50% dos salários já no vencimento do mês de abril. Comissão técnica e dirigentes do tricolor também entraram nessa conta.Sport De volta à elite do Brasileirão, o rubro-negro não conseguiu chegar a um acordo com os jogadores até o momento, mas já adiantou que vai incluir os funcionários na Medida Provisória 936.Vasco Os atletas ainda não receberam nenhum valor referente à 2020. Os funcionários, por sua vez, tiveram os contratos suspensos até junho. O prazo pode ser ampliado.