Todo mundo quer ser Jenifer. Ou não?

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  • Fernanda Santana

Publicado em 1 de março de 2019 às 04:22

- Atualizado há um ano

Ano passado, o editor-repórter-colunista João Gabriel Galdea, deste mesmo CORREIO, fez uma previsão. Dizia que, quando o Carnaval de 2018 fosse lembrado, estariam lá, protagonistas, as Lá Fúrias - digamos, meninas totalmente empoderadas, como ele conclui. Bom, é cedo para uma análise histórica aprofundada. Mas nunca precoce arriscar uma nova previsão: a folia de 2019 será das Jenifer. Quer dizer, será? 

A essa altura, você já sabe quem é Jenifer, a musa da canção “O nome dela é Jenifer”, de Gabriel Diniz. A moça, interpretada pela atriz Mariana Xavier no clipe, faz o que as outras não fazem, como e quando tem vontade. Uma alma livre. Logo, aqui e ali, apareceram as Jenifer da vida real. Já outras torceram nariz. Afinal, Jenifer mantém uma fantasia do paquera, aparentemente disposto a provocar a ex. “Mas ela veio me xingando enchendo o saco, perguntando. Quem é essa perua aí?”, canta, em certo ponto. Fato é que, das discordâncias, surgiram uma Jenifer reformulada. Essa sim o espírito da mulher autossuficiente.  Vitória Fabiana foi curtir o Carnaval com as amigas (Foto: Fernanda Lima) Nossa primeira Jenifer está de frente para um freezer, short e top pretos, de argola prateada e boca vermelha. Responde por Vitória Fabiana, 21, no Circuito Dodô. Junto com as três amigas, ponderados os prós e contras da música, arrisca:“É uma mulher que não vive os padrões da sociedade. A mulher que transgride. E é o que eu faço, sou livre e empoderada. Sou Jenifer”. Mais ainda: “Se desfazem de mim, vem de conversinha, eu debocho”.

À primeira vista, a forma mais prática de identificar as Jenifer na folia é por meio das passadeiras. Mas olha elas ali, na concentração para a saída de Baiana System, sem nenhuma identificação. São Kalina, Raissa e Daniela, turistas de Paraíba, onde mora Gabriel Diniz. Conversa vai, conversa vem, Daniela Sayurid, 29, provoca. Jenifer quem?“Eu faço mais coisa do que Jenifer”, diz, aos risos.A amiga Kalina Lopes, 33, tenta explicar: “Pode ser que Jenifer seja um momento. Ela é poderosa, mas todas nós somos poderosas”. Ou seja, Jenifer é uma subjetividade. 

Por exemplo, a estudante Isle Menezes, 18, amiga da nossa primeira Jenifer auto-declarada, prefere nem ser comparada com a moça. “Todo mundo poder ser Jenifer e não ser. Não concordo colocar ela naquele lugar de disputa, com a ex dele histérica, competindo”. A questão de Jenifer parece ter se tornado tão séria que Gabriel Diniz foi convidado a garoto propaganda de uma campanha do Ministério da Saúde contra o HIV. “Sem desculpa! Não importa se o nome é Jenifer, João, Jéssica ou Jorge”, fala o cantor. Não importa mesmo. 

Quando encontramos a ambulante Tatiana Maria, 33, Jenifer declarada, outra brincadeira: “Minha filha foi tão Jenifer que teve filho aos 15 anos. A gente pode e é Jenifer, mas responsáveis com a gente”. Falar em Jenifer parece ter se tornado sinônimo do assunto empoderamento. "Todo mundo pode ser... Todo mundo é. Eu mesma, não sou casada, tenho um quebra-galho", brinca, em seguida. E todo mundo é mesmo. Olha lá, na Avenida Oceânica, uma versão masculina de Jenifer!

É Ramon Copque, 30, vestido com a fantasia d'As Muquirana. "Ela é referência. Ela é ousada, sensual, faz o que quer... talvez tenha uma trabalhando no Correio", diverte-se. Mas e a provocação à ex do rapaz, Ramon? "Não é legal. Tem cara que não sabe ouvir não", retorna à seriedade. Ao lado, a namorada, Ana Salinas, 43, reclama para si não o rótulo, mas o que pode significar ser chamada de Jenifer."Temos que ser livres e empoderadas. A Jenifer é fora dos padrões. Está ali [no clipe] e aqui [no Carnaval] para mostrar que a sensualidade está fora dos padrões. E que o empoderamento está em todos os lugares". Tamanha liberdade é o verdadeiro espírito de todas as Jenifer. "A passadeira tá saindo muito [geralmente, custa R$ 10]. Eu mesma não entendo muito, mas devo ser Jenifer", conta a ambulante Lúcia de Jesus, 33, ambulante e Jenifer em formação. Elas circulam sem parar. E é nesse ponto que Iasmin Coqueiro, 31, mãe de Diana, acrescentou:"A Jenifer não tem limitações. Ela trabalha, se sustenta.. É como eu, mãe, autônoma, crio a filha sozinha" As mulheres não querem o peso de mais um rótulo. Mas ressignificaram o nome para mostrar que podem tudo, como quiserem. E lá vão cinco delas, de maiô e tule, livres em direção ao Morro da Gato. 

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PS - ”O nome dela é Jenifer” é composição de Junior Lobo/Thawan Alves /Thales Gui /Allef Rodrigues

* Sob a supervisão do editor Donaldson Gomes