Toque de recolher em 10 municípios da RMS vai até 12 de julho

Simões Filho, Candeias, Conde, Itaparica, Lauro de Freitas e Madre de Deus estão na lista

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  • Daniela Leone

Publicado em 5 de julho de 2020 às 15:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Instagram Prefeitura de Simões Filho

A motorista de transporte escolar Jandira Andrade, 47 anos, é a favor do toque de recolher durante a pandemia de coronavírus. “Eu acho que é uma boa medida. Quanto menos gente circulando na rua, maior a possibilidade do vírus não se propagar. Eu acho válido esse toque de recolher no período da noite, acho que ajuda”, afirma. Ela mora com o esposo e os dois filhos no bairro de Abrantes, em Camaçari, um dos 10 municípios da Região Metropolitana de Salvador que terão toque de recolher a partir deste domingo (5).

A medida restringe a permanência e o trânsito de qualquer pessoa em vias, equipamentos, locais e praças públicas, das 18h às 5h. Jandira relata que atualmente nota grande circulação em Camaçari e acredita que a determinação reduzirá o número de pessoas nas ruas da cidade. “Tem aglomeração nas filas de lotéricas, os mercados estão cheios. Saí para comprar pão e vi algumas pessoas bebendo, sem máscaras, na porta de um distribuidor de bebidas. Se não tiver uma medida dessas, as pessoas fazem festa. Se você proibir elas de saírem à noite, acabam consumindo em casa”, completa.

Durante a vigência do toque de recolher, somente serviços essenciais poderão funcionar das 5h às 17h. À noite será permitido se deslocar para ir a serviços de saúde ou farmácia, comprar medicação ou em caso de urgência, mediante comprovação. A Polícia Militar da Bahia e a Guarda Municipal darão apoio às medidas necessárias adotadas pelos municípios.

Lista Além de Camaçari, estão na lista também Candeias, Conde, Dias D’Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Simões Filho. A medida foi publicada em decretos no Diário Oficial do Estado (DOE), que tem validade até o dia 12 de julho. De acordo com o governo do estado, o objetivo é conter o avanço da propagação da covid-19 na Bahia.

Em sete dias, a taxa de crescimento do número de infectados nestas cidades cresceu de 10,79%, em Candeias, a 43,29%, em São Sebastião do Passé. Os dados foram registrados pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) entre 27 de junho e 3 de julho.

O último boletim da Sesab, publicado no final da tarde de sábado (4), informa que a Bahia tem 85.485 casos confirmados de covid-19 e 2.050 mortes. “A expectativa é que nessa semana, com essas medidas, nós possamos reduzir drasticamente os números, reduzir a demanda de UTI, que hoje estamos com um patamar alto, com 80% de ocupação, então isso é um risco muito grande, porque nós não podemos e não vamos permitir que faltem leitos hospitalares para quem precisa”, afirmou o governador Rui Costa, em entrevista ao Jornal Nacional de sábado (4).

Moradora de Simões Filho, a enfermeira Áquila Silveira, 27 anos, não nutre a mesma esperança. “Aqui o toque de recolher já começou, mas não adianta de nada isso, porque continua a mesma coisa. Infelizmente, falta empatia entre as pessoas daqui. Ontem teve festa com paredão aqui na rua e não tinha pouca gente não, estava super cheio”, conta. “Você vai no Centro aqui e está tudo aberto. Tem coisas clandestinas funcionando. Vou te dar a real, em Simões Filho nada mudou. As pessoas não estão nem aí”, afirma. Do dia 18 de junho a 2 de julho, a prefeitura de Simões Filho determinou restrições em bairros do município como medida para combater o avanço do coronavírus. 

Áquila mora com a mãe, que tem anemia, e com a filha, de 8 anos, que sofre de asma, e relata que não se sente segura na cidade. “Faço o possível para não trazer pra casa nenhum tipo de vírus, mas as pessoas que estão na rua não estão nem aí. Me sinto muito insegura, por causa da população, que não tem empatia pelo outro. “A fiscalização precisa estar mais em cima, porque eles passam apenas uma vez, não fica fazendo ronda. Tinha que ter uma ronda”, se queixa. Glaucia de Farias, moradora de Candeias, diz que falta conscientização da população (Foto: Acervo Pessoal) Grávida de sete meses, a estudante Glaucia de Farias, 32 anos, tem opinião semelhante. Ela mora em Candeias, está isolada em casa e conta que ficou assustada quando precisou sair à rua. “Não é nem uma questão do governo e nem da prefeitura, é uma questão de conscientização humana. A questão do horário não vai melhorar em nada. É assustador. As pessoas não estão se conscientizando de que de fato a doença existe e de que é preciso manter o distanciamento social. Acham que é uma brincadeira. Me sinto totalmente vulnerável, mesmo tomando todos os cuidados. A cidade está muito movimentada”, relata.

No momento, 15 cidades da Bahia estão com toque de recolher decretados pelo governo do estado em conjunto com as respectivas prefeituras. Além dos 10 municípios citados anteriormente, também estão com restrição de circulação: Juazeiro e Itabuna (até 8 de julho), Itaberaba (até 9 de julho), Correntina (até 10 de julho) e Itapetinga (até 19 de julho).