Torneio de robótica do Sesi desafia jovens a trazer soluções contra o sedentarismo

Competição regional reúne 22 equipes de Alagoas, Bahia, Paraíba e Sergipe

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  • Wendel de Novais

Publicado em 30 de abril de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Criar, a partir de uma linguagem de programação, projetos que incentivem a atividade física e desenvolver um robô que cumpra um desafio de mesa ligado ao tema. É essa a missão dos jovens que participam da etapa Bahia do Torneio SESI de Robótica First Lego League, um regional que reúne 22 equipes com integrantes de 9 até 16 anos dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Paraíba. Dentre as equipes na disputa, 18 são da Bahia, sendo 14 dos Sesis do estado, 2 de escolas estaduais, 1 do IFBA e 1 independente, formada por alunos de diferentes escolas públicas de Candeias. Também participam da competição 2 equipes de Sergipe, 1 de Alagoas e 1 da Paraíba.

Candidatos de lugares diferentes, mas com o mesmo objetivo: chegar à fase nacional do torneio, o que só é possível para até seis equipes do regional. Para isso, eles precisam passar por dois desafios. O primeiro deles é programar robôs para cumprir missões no tapete de competição, uma etapa que demanda conhecimentos em programação e montagem de protótipos autônomos, usando peças de kits tecnológicos da Lego.

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O segundo também tem a ver com movimento. A diferença é que, ao invés de fazer máquinas saírem do lugar, os jovens precisam desenvolver projetos que apresentem uma solução inovadora para tirar os humanos do sofá. Desafio nada fácil, mas que eles tiram de letra. Um exemplo disso é a equipe Ellegtics, da Escola Sesi José Carvalho, de Feira de Santana, que desenvolveu um protótipo de aplicativo para smartphones que, em meio a pandemia, incentiva a prática de exercícios em comunidade, com chats, chamadas de vídeo e lives para interação e incentivo mútuo entre os usuários.

Sophia Martins, 13 anos, é parte da equipe e explica que o aplicativo é repleto de funções como alarme para beber água e realizar atividade física e cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). "Temos essas funções que te ajudam a definir uma meta e te lembram de coisas importantes como beber água e praticar os exercícios. Tudo para incentivar as pessoas e ajudá-las com coisas básicas, mas que são importantes", diz. Um trabalho que deixou ela e a equipe, que estreiam na competição nesta edição, muito felizes. "A gente ficou orgulhoso do que conseguimos fazer juntos. É a nossa primeira vez e criamos algo que gostamos.  A expectativa para saber o resultado é grande, tá todo mundo nervoso, mas já estamos felizes por fazer parte disso mesmo se não ganharmos", declara. Ellegtics desenvolveu protótipo de aplicativo que incentiva prática de exercícios em comunidade on-line (Foto: Reprodução/SESI) Cada equipe conta com um técnico para orientar os jovens. No caso da Black Gold, equipe de garagem formada por estudantes de escola pública, o responsável pela orientação é quase tão jovem quanto os outros. Igor dos Anjos, 17, está como técnico pela primeira vez na competição que participou quatro vezes como integrante de equipes e fala sobre como tem aproveitado a experiência. 

"Participar como integrante e, agora, como técnico é uma grande experiência porque as soluções que desenvolvemos aqui nos ajudam não só a adquirir conhecimentos como trabalhar em grupo e pensar a tecnologia como uma ferramenta para a sociedade. Por isso, no nosso projeto, pensamos nos 41% de universitários do Brasil que são sedentários", conta Igor, que coordena a equipe que criou o Cicloergômetro Itinerante Universitário, um equipamento aeróbico de baixa complexidade instalado embaixo das carteiras das universidades, que contabiliza o quanto os estudantes pedalam o enquanto estudam e os premia com tickets de descontos em serviços terceirizados das faculdades como lanchonete e xerox através de um sistema de pontos.  Black Gold incentiva ativide física atraves de sistema de pontos que troca esforço por descontos (Foto: Reprodução/SESI) Ao invés de dar descontos, os estudantes da Escola Estadual Mestre Paulo dos Anjos, do Bairro da Paz, e integrantes da equipe Flash Light, preferiram mexer com o espírito competitivo das pessoas para fazer com que elas praticassem exercícios. Para isso, criaram um site que disponibiliza missões, incentiva o cumprimento delas e mostra um ranking dos usuários que mais se exercitam. "A ideia era fazer a atividade física ser algo divertido, que você compartilha com amigos e pode virar uma competição saudável que facilita que as pessoas passem a gostar de correr, andar ou malhar", diz Harley Lima, 16 anos, que é  construtor de robô da Flash Light.

Solução para a sociedade Cléssia Lobo, gerente executiva de Educação e Cultura do Sesi, afirma que a elaboração de projetos de impacto na sociedade é uma dos objetivos básicos do torneio, que quer incentivar estudantes a ver na tecnologia um meio para criar mecanismos benéficos para as pessoas. "Os estudantes precisam ser preparados para não só usar a tecnologia, eles precisam ser criadores de soluções dentro de um processo tecnológico. Por isso, a gente mostra problemas reais, que eles vivem, que nos atravessam e instigar o pensamento inovador que não só sai de pesquisadores adultos e pode vir de qualquer faixa etária", afirma. 

*sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro