Assine

Traficante acusado de matar vice-campeão de boxe é morto pela PM durante fuga


 

Moradores da Boca do Rio apontaram 'DVD' como um dos autores da morte de Antônio Felipe. Suspeito já respondia por outros homicídios

  • Bruno Wendel

Publicado em 17/03/2021 às 16:30:00
Atualizado em 23/05/2023 às 01:33:24
. Crédito: .

Apontado como um dos autores da morte do motoboy e também vice-campeão baiano de boxe Antônio Felipe Teixeira Santana, 22 anos, no último domingo (14), o traficante Eronaldo dos Santos Ramos, 28, o ‘DVD’, acreditava que o crime seria mais uma de suas intimidações. Só que os tiros surtiram outro efeito.

A forma como o atleta e motoboy foi morto encorajou os moradores da Boca do Rio a compartilharem fotos dele, e o caso ganhou repercussão. Numa tentativa de fuga, depois de trocar tiros com rivais, DVD morreu em confronto com a Polícia Militar, na noite dessa terça-feira (16).  Eronaldo, conhecido como 'DVD', tentava fugir de traficantes rivais, quando acabou morto (Foto: Reprodução) No domingo, Antônio Felipe tinha que entregar uma marmita em uma casa por volta das 20h, na localidade da Georgina, na Boca do Rio, quando foi surpreendido por três bandidos armados. Acabou executado.

Pai de uma menina de 9 meses, ele foi soldado do Exército e era dançarino de pagode. Com a pandemia, estava trabalhando como entregador. Segundo moradores, o traficante DVD, liderança da facção Comando da Paz (CP) na Georgina, junto com Marcelinho e um outro rapaz da Engomadeira, onde o domínio também é da CP, mataram Antônio Felipe porque ele era morador da localidade do Barreiro, onde o tráfico é comandando pelos rivais do Bonde do Maluco (BDM). 

Neste mesmo dia, as fotos dos três acusados passaram a ser circular em vários grupos do WhatsApp, inclusive de policiais e dos integrantes do BDM.  Sobre a morte de DVD, a Polícia Civil pediu ao CORREIO tratar sobre o “auto de resistência” com a PM. Quanto à investigação da morte do motoboy e vice-campeão baiano de boxe, na categoria galo, a Civil informou que "familiares estão sendo ouvidos no DHPP". "Autoria e motivação são investigadas pela 1ª DH/Atlântico. Autores não identificados", conclui comunicado. 

Em nota, a PM disse que encontrou um homem baleado e que, diante da situação, acabou conduzindo a vítima (DVD) para o Hospital Geral Roberto Santos. No entanto, o caso foi levado para a Corregedoria da PM. 

Leia a nota na íntegra: “De acordo com informações da 39ª CIPM, nesta terça-feira (16), por volta das 23h, policiais militares da unidade foram acionados pelo Cicom para atender a uma ocorrência de troca de tiros entre traficantes na região conhecida como Morro do Boréu, na Boca do Rio. No local, a guarnição foi recebida por disparos de arma de fogo houve troca de tiros, cessado os disparos os policiais encontraram um homem caído ao solo e junto ao mesmo um revólver calibre 38.O homem foi socorrido para o Hospital Roberto Santos, onde veio a óbito. A ocorrência foi registrada na Corregedoria da Polícia Militar”.  Antônio Felipe foi morto quando de motoboy na Boca do Rio (Foto: Reprudução)  Apesar do confronto de informações entre as polícias Civil e Militar, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) disse que parentes de DVD estiveram pela manhã para fazer o reconhecimento e liberação do corpo do traficante. 

Confrontos A morte de Antônio Felipe fez não só a polícia apertar o cerco contra DVD, mas também os rivais, que passaram a caçá-lo. Segundo moradores, até o final da tarde de segunda-feira (15), quando o caso ainda não tido sido publicado neste site, o traficante ainda era visto circulando pela Georgina.

“Mas depois que o nome dele e dos demais saíram na matéria, DVD ficou escondido. Não tinha saído da comunidade, porque logo todo mundo saberia. Ninguém concordou com o que ele fez. O rapaz era muito querido. Além do mais, ele mexia com a pessoa errada”, disse um morador amigo da família de Antônio Felipe ao CORREIO. Na tentativa desesperada de fuga, DVD saiu sozinho em um carro rumo à Baixa Fria, também na região da Boca do Rio, onde tem estreitamento com o CP. Ainda de acordo com moradores, ele pretendia dormir no local, onde há um maior número de integrantes da CP e evitaria um ataque do BDM.

A intenção dele era, no dia seguinte (esta quarta), fugir para a Engomadeira, para onde teriam ido os outros dois envolvidos no assassinato de Antônio Felipe. No entanto, ainda no trajeto para a Baixa Fria, DVD foi surpreendido a tiros por um grupo do BDM no Morro Boréu. Houve intensa troca de tiros.   Moradores relataram que momentos depois do início do tiroteio, a PM chegou no local e deu de cara com DVD. Teria havido um segundo confronto. Eles disseram ainda que o traficante foi retirado do quintal de uma casa e jogado numa viatura. O corpo apresentava pelo menos duas perfurações. Ficha Com 28 anos, DVD já respondia três processos por homicídio qualificado no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). “Mas esses são aqueles casos que a polícia conseguiu a muito custo convencer as testemunhas a prestarem depoimento. Tem muito crime que foi atribuído a ele, mas o medo infelizmente é um problema. Não é fácil. Ele ameaçava todo mundo. Impunha o medo em trabalhadores, mães e pais de família. Era um traficante perigosíssimo. Roubava também. Fazia assaltos relâmpagos. Tinha uma série de entradas na unidade”, declarou o titular da 9ª Delegacia (Boca do Rio), delegado Antônio Carlos Magalhães Santos.    O primeiro caso de homicídio que de fato virou processo foi o de Bruno Souza dos Santos, então com 17 anos, em março de 2013, durante um culto evangélico no meio da Rua Maçonaria, perto do Colégio Estadual Georgina Ramos da Silva, na Georgina. Bruno foi morto com tiros nas costas, no peito e na cabeça. Um dos disparos também atingiu uma mulher no braço. Em fevereiro de 2014, ele foi preso com drogas e arma.  Já em 2015, DVD e Daniel Santos da Silva tornaram-se réus num processo que apura a morte de um indivíduo de iniciais J. W. S. Na época, o inquérito foi instaurado pela 13ª Delegacia (Cajazeira XI). Já na condição de processo, o caso tramita na 16ª Vara Criminal.  Em 2018, o Ministério Público do Estado (MP-BA) denunciou DVD, juntamente com Daniel Golveia Vasconcelos e Douglas de Oliveira Conceição, como os autores do assassinato de L. M. G. C.