Transportes inteligentes e cidades sustentáveis

por Eduardo Athayde

  • D
  • Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2017 às 09:40

- Atualizado há um ano

Quatro bilhões de pessoas, mais da metade da população do planeta, vive hoje em cidades. Com o inchaço das áreas urbanas os debates sobre meios de transportes são intensificados, envolvendo investimentos na infraestrutura física e social necessária para que as cidades sejam habitáveis, equitativas e sustentáveis.

A mobilidade urbana será um dos temas discutidos durante a "Virada Sustentável de São Paulo", entre os dias 24 e 27 de agosto. Com uma frota de mais de 8 milhões de veículos, São Paulo precisa viabilizar um modelo de mobilidade urbana que priorize o transporte público e a integração entre diferentes modais.

Dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostram que o número de veículos circulando na capital paulista, com 12 milhões de habitantes, cresceu 400% entre os anos 1970 e meados de 2000, enquanto que a malha viária aumentou apenas 21% neste período.

Para auxiliar no deslocamento de cerca de 4,7 milhões de passageiros que transitam por dia pelas estações do Metrô de São Paulo, há 178 elevadores e 474 escadas rolantes em operação. No aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior da América Latina, com mais de 200 equipamentos entre elevadores, escadas e esteiras rolantes e pontes de embarque, passaram mais de 36 milhões de passageiros em 2016.

Em Salvador, com mais de 3 milhões de habitantes, o novo metrô transportará cerca de 500 mil pessoas por dia, conectando passageiros, no mesmo bilhete, com linhas de ônibus, gerando economia de tempo, antes perdido nos engarrafamentos, refletindo na qualidade de vida e na produtividade. Enquanto o aplicativo CittaMob informa, em tempo real, horários dos pontos de parada e terminais da cidade, linhas de ônibus disponíveis, o aplicativo Ouvindo Nosso Bairro, permite que os moradores escolham obras públicas que querem ver realizadas em seus bairros.

A China, que investe no Brasil - e na Bahia - altos volumes de recursos com velocidade sem precedentes, adotou um plano ambicioso para expandir a rede ferroviária urbana e interurbana sabendo que o transporte metroviário emite 50 vezes menos gases de efeito estufa por passageiro/km que os automóveis e quase 25 vezes menos que os ônibus.

A conectividade onipresente e a inteligência artificial integrada está permitindo que sistemas sofisticados gerenciem o transporte e a mobilidade. O conceito de Internet das Coisas (IoT) mostra como é possível receber e enviar dados em tempo real para todos os componentes do ecossistema de transporte, permitindo um gerenciamento sofisticado e abrangente. O gerenciamento integrado através de sistemas avançados de transporte inteligentes (ITS) estão sendo adotados em cidades e localidades inovadoras.

A implantação desses novos sistemas é desafiadora porque exige integração com a infra-estrutura arcaica herdada. Os prestadores de serviços também enfrentam desafios, pois precisam agregar e analisar dados de uma ampla gama do mercado global de soluções inteligentes com crescimento previsto de US$6,6 bilhões em 2017, para US$17,5 bilhões em 2023.

Nos fatos e dados do relatório internacional do WWI-Worldwatch Institute sobre cidades sustentáveis, usados pela academia, governos e empresas, especialistas de todo o mundo examinam os princípios fundamentais do urbanismo sustentável e como as cidades os colocam em prática. Rastreando as cidades no arco da história humana, o relatório examina tambem os elementos estruturais básicos de cada cidade: materiais e combustíveis; pessoas e economia; e biodiversidade. Histórias de sucesso vêm de diversas cidades do planeta mostrando como os cidadãos locais estão agindo para melhorar suas cidades em tempo real.

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.