Tríduo de Santo Antônio abre comemorações do São João no Pelô

Trio forrozeiro e ópera junina deram nova cara às comemorações pelo santo casamenteiro, que começaram nesta terça (11)

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Harfush
  • Vinicius Harfush

Publicado em 12 de junho de 2019 às 23:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Entre as muitas comemorações que marcam o início do período junino, as rezas para Santo Antônio são uma tradição celebrada de diferentes maneiras pela cidade. E a devoção, que acontece desde o dia 01 e termina nessa quinta (13),  ganhou uma nova interpretação no Pelourinho, com toques bem europeus. 

O festejo trouxe esse ano elementos da ópera clássica para compor as rezas ao santo, com o explica o diretor do Centro de Culturas Populares e Indentitárias (CCPI), André Reis: “Esse ano a gente trouxe a composição da ópera junina, executada pelo Núcleo de Óperas da Bahia, o que permitiu misturar o clássico com o popular”. afirmou.  

O Tríduo de Santo Antônio, versão que promove as comemorações em três dias, começou na terça e termina  hoje. A programação passou pelo  Palácio do Rio Branco , pela  Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos  e hoje acontece no  Largo Quincas Berro D´Água. O trio forrozeiro acompamhou o festejo e deu o clima junino no tríduo (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Além da apresentação cantada, a comemoração de ontem teve um cortejo entre a igreja e a sede do CCPI,  no Largo do Pelourinho. Para entrar de vez no clima junino, a animação se completou com um  trio forrozeiro. Para Sui Ribeiro, 70 anos, que acompanhou o cortejo com o andor de Santo Antônio e apresentação da ópera, essas rezas são o momento de voltar à infância e lavar a alma: “A trezena nos remetem às rezas nas casas. Fui criada com isso, não importa o lugar onde acontece a reza, o importante é fazer”, disse.

E ao contrário do que muitos podem pensar, a versão com as referências de ópera não afastam o público mais tradicional da festa, e atraem curiosos que curtem uma inovação. “Temos visto nossas plateias cheias, uma mistura de pessoas e idades que apreciam a música clássica mas também a popular. Isso mostra que a população e os turistas recebem de forma diferenciada essa relação do erudito com o popular”, contou André.

Segundo o prior do Rosário dos Pretos, Adonai Passos, 65, a união dos forrozeiros com o cântico das óperas é um processo de renovação dessas práticas da igreja. “Tudo isso que estamos vendo é o fortalecimento da nossa fé”, completou. Regidos pelo maestro Aldo Brizzi, o coral interpretou as rezas juninas (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Para quem estava se apresentando, colocar em prática essa mistura se torna uma honra ainda maior. No grupo formado por cantores e músicos habilidosos, o destaque também foi  para uma presençainternacional. O maestro italiano Aldo Brizzi veio para Salvador especialmente para as apresentações do tríduo de Santo Antônio, mas já tem uma forte relação com a música baiana e popular. 

Isso porque Brizzi conheceu o gênero através da relação musical que tem com Gilberto Gil, e o próprio Núcleo de Ópera da Bahia, com quem já fez turnê pela Europa. “Cada vez que posso fazer uma coisa criativa na Bahia, dou prioridade a isso. Conheço o potencial desse grupo, que aproveita a oportunidade de misturar o culto com o popular, coisa típica daqui”, contou o maestro.

*com orientação da editora Ana Cristina Pereira