Trio elétrico com 'cinema ambulante' é opção para Carnaval em 2021

Possibilidade foi discutida após seminário virtual do Instituto ACM; entenda

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  • Marcela Vilar

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

Com a pandemia da covid-19 sem prazo para acabar - apesar de os números de novos casos e óbitos terem caído nesta semana na Bahia - a celebração do Carnaval de Salvador em 2021 ainda é uma incógnita. O prefeito da capital baiana, ACM Neto, ainda não definiu a data da festa e o mais provável é que ela seja adiada para o segundo semestre do ano que vem.

Pensando nisso, gestores e produtores culturais discutem outros formatos, como a possibilidade de pulverizar o Carnaval pelos bairros e até colocar um trio elétrico para contar a história da folia por telas em LED, uma espécie de “cinema ambulante”.

As ideias inovadoras surgiram através do debate “Do carnaval aos museus: como promover cultura nos centros históricos e arredores”, realizado pelo Instituto ACM na manhã desta quinta-feira (3), pelo YouTube. O seminário virtual faz parte da Semana ACM de Ação, Cidadania e Memória Semana ACM de Ação, Cidadania e Memória,  que tem apoio da Rede Bahia. Na quarta-feira (2), o debate sugeriu o reconhecimento de Salvador como capital histórica pela União. O terceiro e último painel, com o tema “O Novo Planejamento para o turismo nos Centros Históricos”, será transmitido nesta sexta-feira (4), às 10h (veja mais detalhes no final da matéria). Webinar do Instituto ACM discutiu novos formatos para o Carnaval de Salvador pós-pandemia (Foto: Reprodução/YouTube) A proposta do 'cinema ambulante' veio do arquiteto e designer Gringo Cardia, curador da Casa do Carnaval de Salvador, que desenvolveu o conceito após o webinar. Ele sugere que o material exposto no museu, fechado devido à pandemia, seja distribuído nas ruas da cidade através de um trio elétrico, que transmitiria os vídeos por uma tela em LED maior do que as que existem nos caminhões de hoje. 

“A gente tem um material tão rico na Casa do Carnaval que poderia ser espalhado pelos bairros da cidade. É um conteúdo enorme, desde o afoxé, que poderia mostrar, por exemplo, para todo mundo lá no Curuzu. Você pode pulverizar essas histórias, levar esses conteúdos vivos, modernos, usar esse momento para aprender mais e fazer uma reflexão, e ainda ter uma solução de brincar o carnaval, só que mais espalhado e com menos gente”, explica Cardia. 

Esse formato já foi feito pelo arquiteto em um projeto nas ruas da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, há cerca de dez anos. Em parceria com a Anistia Internacional, Gringo usou um caminhão com uma tela gigante em LED para transmitir um vídeo de uma campanha a favor  do desarmamento. O veículo circulou por uma semana nos bairros da ilha de Manhattan. “É como se fosse um cinema ambulante. Deu muito certo”, avalia o designer.

Outra sugestão foi a possibilidade de exibir o conteúdo audiovisual em prédios, edifícios e monumentos históricos, como acontece todos os anos na Festa das Luzes (Fête des Lumières), na cidade de Lyon, na França. Uma terceira possibilidade levantada pelo curador é disponibilizar os vídeos pelo site. “As pessoas que curtem o afoxé precisam saber um pouco da história, como surgiu, como foi a reconquista do carnaval negro na Bahia. Expandir esse material é fazer as pessoas aprenderem e celebrarem de uma maneira mais tranquila, sem ser a folia”, conclui Cardia. 

Novo formato O gestor cultural e presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, acredita que é preciso aceitar que o Carnaval do próximo ano não tem como ser na mesma configuração. “A gente vai ter que lidar com isso. Vamos ter um ano em que ele não vai poder acontecer no formato normal. De repente, quem sabe isso isso não vai abrir um pouco a gente parar de colocar o carnaval como elemento principal da cidade. Tem um peso em cima do carnaval ainda excessivo. Não é que ele não seja importante, mas a cidade tem outras coisas geniais”, pontua Guerreiro, que também é colunista do CORREIO.

O presidente da FGM relembra o novo modelo que foi adotado pela festa do Dois de Julho deste ano, uma aposta que pode ser aplicada no Carnaval. Pela primeira vez em 197 anos, o tradicional cortejo cívico não pôde acontecer nas ruas da capital baiana por conta da pandemia, mas nem por isso a Fundação deixou a data passar em branco e disponibilizou dois documentários sobre o tema para as pessoas assistirem em casa. Além disso, foi promovido um encontro virtual de filarmônicas, liderado pelo músico Fred Dantas.

O presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington, elogiou as sugestões. “Essas idéias são interessantes, servem para contar e reverenciar nossa história, sobretudo durante a pandemia, diante da impossibilidade da realização da festa até então. No momento adequado, junto com todos os atores do carnaval, assim que o desenvolvimento da pandemia permitir, tenham certeza que realizaremos ainda assim, o melhor carnaval possível, com muita música, alegria e muita animação, um carnaval que só Salvador tem”, prometeu o Edington. 

O seminário virtual da manhã desta quinta-feira contou ainda com a participação da diretora de Economia e Inovação da Prefeitura de Lisboa, Branca Neves, e o antropólogo e escritor Antônio Risério. A mediação do debate ficou com o ator, diretor e apresentador de TV Aldri Anunciação. Reveja abaixo.

 

Na mesa desta sexta-feira (4), que discute “O Novo Planejamento para o turismo nos Centros Históricos”, os convidados são o diretor do Grupo GJP Hotéis & Resorts Guilherme Paulus, Chairman, o empresário e CEO do Fera Palace Hotel Antônio Mazzafera e o presidente da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel-BA) Luís Henrique do Amaral. Quem fará a mediação é a jornalista e apresentadora Camila Marinho.

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro