'Trouxe meu neto, mas estou com muito medo', diz avó de aluno após ameaças

Página em rede social prometeu invasão a escola de Luís Anselmo

  • Foto do(a) author(a) Eduardo Dias
  • Eduardo Dias

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tailane Muniz/CORREIO

“Se eu encontrasse outra escola, juro que tiraria meu neto daqui”, afirmou a avó de um dos alunos da Escola Municipal Santa Rita, no bairro de Luís Anselmo, em Salvador. O clima na instituição é de pânico após estudantes serem alvos de ameaças de morte desde a segunda-feira (12), através de um perfil do Instagram, que informou inclusive o dia do ataque, que estava previsto para a quarta-feira (14)."Trouxe meu neto, mas estou com muito medo ainda. Ele mora comigo e a mãe dele me pede para não trazer, mas não dá para perder mais aulas. Expliquei a ela que a polícia está na escola fazendo a segurança dos alunos. Torço para a polícia encontrar essa pessoa logo, porque essa situação não pode continuar”, completou a avó, que preferiu não revelar o nome. O autor das ameaças chegou a divulgar fotos dos alvos na escola, que segundo a postagem seriam seis jovens estudantes, e afirmou que chegaria de surpresa para fazer “um belo massacre”. O motivo seria o fato de os jovens terem recusado facilitar a aproximação do autor com uma outra aluna, amiga deles. 

O pai de um aluno, que também pediu anonimato, contou que também está com medo e chegou a orientar o filho de 7 anos caso haja algum crime na escola. “Eu já orientei que, caso ele ouça barulho de tiro, é para deitar no chão e se fingir de morto. Ele já está ciente do perigo que corre, mas infelizmente não pode perder mais aula, pois já passou três dias em casa e mesmo com a presença da polícia aqui a gente ainda não se sente seguro com essa pessoa a solta. Ela pode entrar a qualquer momento disfarçado de aluno e cometer uma tragédia”, disse.

O CORREIO apurou que a Polícia Civil já identificou um suspeito de ser o autor das ameaças. Na manhã desta quinta-feira (15) , uma viatura descaracterizada com quatro policiais esteve na escola para fazer o levantamento do endereço do suspeito, que acreditam se tratar de um aluno ou ex-aluno da escola.

Precaução Os alunos do turno da manhã foram liberados uma hora mais cedo do que o habitual, por volta das 11h. A movimentação na escola, que teve apenas 5% dos alunos presentes na última quarta (14), foi normalizada. As atividades de abastecimento também não sofreram alteração e um veículo que transporta a merenda escolar para o local fez o fornecimento normalmente.

Com os portões fechados, mas com a presença de funcionários na portaria para controlar quem entrava e saía da instituição, o período da tarde teve um fluxo menor de estudantes. Dos poucos que compareceram para a aula no início da tarde, a maioria estava acompanhado dos pais ou responsáveis.

A presença de uma viatura da Ronda Escolar da Polícia Militar durante toda a manhã não foi o suficiente para acabar com a aflição dos pais, que afirmam não se sentirem totalmente seguros em deixar seus filhos na unidade escolar.

O CORREIO também conversou com um aluno do turno da tarde, de 12 anos, que teve sua identidade preservada por questão de segurança. Ele revelou que, apesar da presença da PM, o medo ainda é grande.

“Estou com medo. Cheguei cedo porque estudo nos dois turnos. Minha mãe me trouxe de manhã e de tarde e, quando sair, ela vem me buscar. Vi alguns dos meninos que estavam nas fotos dos alvos, alguns deles vieram com os pais mesmo assim. A polícia está aqui, isso faz a gente se sentir um pouco mais seguro, mas não tenho ideia de quem seja essa pessoa que está ameaçando os nossos colegas”, contou.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que a ronda escolar será mantida "até quando houver necessidade".

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro