Tudo o que você precisa saber sobre o óleo que atingiu o Nordeste

Marinha monitora as manchas de óleo desde o dia 2 de setembro

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  • Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2019 às 08:58

- Atualizado há um ano

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Quando e onde foi identificado pela primeira vez

A Marinha monitora as manchas de óleo desde o dia 2 de setembro. O Ibama divulgou que apareceram em 2 de setembro nas cidades de Ipojuca e Olinda, em Pernambuco. Entretanto, os primeiros registros foram no dia 30 de agosto, em Conde e Pitimbu na Paraíba

Quando chegou à Bahia (incluindo Salvador)

Na Bahia, a Marinha confirmou a chegada do óleo no dia 3 de outubro, em Mangue Seco,  na cidade de Jandaíra, no Litoral Norte. Entretanto, o Ibama registrou uma chegada da Mancha no dia 1 de outubro, em Santo Antônio, em Mata de São João.

Em Salvador, pequenos fragmentos do óleo chegaram na noite do dia 10 de outubro, na Praia do Flamengo. 

Leia também: Confira mapa de locais atingidos por mancha de óleo na Bahia

Quantos municípios nos nove estados do Nordeste já foram atingidos

Segundo dados do Ibama de 05/11, são 110 municípios afetados 

Quais as principais praias atingidas na região

Segundo dados do Ibama de 05/11, são 353 localidades atingidas. O Ibama inclui rios na contagem. 

Quais são as praias baianas com registro de óleo

Segundo o Ibama, são 114 localidades (praias e rios) atingidos pelo óleo na Bahia. Os dados são de 5/11. Ao todo, são 31 municípios atingidos pelo óleo.  Já a Defesa Civil do Estado da Bahia diz que são 30 cidades atingidas, já que ainda nãomfoi incluido o município de Mucuri na lista.

Quantas toneladas já foram recolhidas

Na Bahia - 590 toneladas (05/11) No Brasil - mais de 4.300 toneladas (05/11). A caminhonete Fiat Toro 2020 pode carregar até uma tonelada, segundo a Fiat. Assim, seria possível encher 590 caminhonetes com o que foi retirado da Bahia. 

Existe risco ao consumir peixes e frutos do mar

Estudo do Instituto de Biologia (Ibio) da Ufba encontrou óleo em mais de 30 animais de pescado analisado

De onde veio o óleo - hipóteses levantadas até agora

Navio Bouboulina

Um navio grego é o principal suspeito pelo derramamento de óleo no mar. De acordo com O Globo, a Polícia Federal está investigando a embarcação que seria a responsável pela contaminação de mais de 250 praias no Nordeste.

Segundo a investigação, a embarcação atracou na Venezuela em 15 de julho e o derramamento teria ocorrido a 700 quilômetros da costa brasileira entre os dias 28 e 29 de julho. A 'Operação Mácula' foi deflagrada nesta sexta-feira pela PF em conjunto com a Interpol.

Segundo o Ministério Público Federal, o inquérito Policial teve acesso a imagens de satélite que partiram das praias atingidas até o ponto de origem. O relatório de detecção de manchas de óleo indicou uma mancha original, do dia 29 de julho, e fragmentos se movendo em direção à costa brasileira.

Vazamento de navio A Marinha do Brasil informou que instaurou um Inquérito Administrativo para a apurar as causas do acidente. “Estão sendo identificados e notificados navios-tanque que trafegaram próximo às regiões atingidas [...] para esclarecimentos sobre supostos vazamentos de óleo”, apontou através de nota. Os cientistas do Instituto de Geociências (Igeo-Ufba) apontaram no relatório que, pela substância ter viscosidade alta, eles não descartam a chance de ser bunker, combustível usado em navios.  Naufrágio Na Universidade Federal do Ceará (UFC), um grupo de três pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) trabalha com a tese de que o óleo pode ter como origem uma navio que naufragou em 1944 a 1000 Km da costa de Pernambuco. De acordo com o oceanógrafo e biólogo Luis Ernesto Arruda, que integra a equipe, a tese começou com a pesquisa sobre o aparecimento de fardos no litoral do nordeste em 2018, por volta da época em que as manchas de óleo apareceram neste ano. O oceanógrafo Carlos Teixeira, outro participante, fez um lançamento virtual das caixas no ponto do naufrágio e elas chegaram nos mesmos pontos que o óleo. “A possível ligação entre o fardo e óleo é que o navio poderia estar no fundo do mar e se decompôs e liberou primeiro a borracha e depois  o óleo”, afirmou o químico e terceiro cientista Rivelino Cavalcante.  Embarcações criminosas A Marinha e a Polícia Federal também investigam 23 embarcações suspeitas. De acordo com o Estadão, uma das linhas de investigações considera o tráfego de "navios fantasmas", embarcações criminosas de piratas que atuam no contrabando de petróleo. Informações do Jornal GGN apontam que, nos últimos meses, uma frota de petroleiros passou operar no Atlântico Sul com a transmissão de sinal para rastreamento por satélite desligada. Essa seria a alternativa para driblar as sanções dos Estados Unidos à Venezuela. Três laudos apontam que o óleo foi retirado de uma bacia de Petróleo na Venezuela. É provável que seja em uma área entre 600 km e 700 km da costa brasileira. 

Quais são as características do material

Análise feita pela Marinha e pela Petrobras aponta que a substância encontrada nos litorais do Nordeste é petróleo cru. Ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo. Trata-se de hidrocarboneto, mais conhecido como piche. Em águas profundas, essas “placas” densas de óleo ficam submersas. Em locais mais rasos, elas aparecem na superfície e se partem em pedaços menores com a rebentação das ondas. 

Que prejuízos causa ao homem e ao meio ambiente (incluir os pescadores)

Autoridades e especialistas em saúde alertam para a necessidade de evitar o contato direto com o material. Isso porque o óleo pode causar irritações e alergias na pele. Todos os voluntários devem fazer o uso de materiais de proteção (botas, luvas, máscaras e óculos) no momento de recolher os resíduos. 

O que a Ufba conseguiu reunir de informações e estudos sobre o problema

Instituto de Biologia estuda o impacto do óleo nos animais marinhos nas regiões afetadas. O Instituto de Geociência faz a análise de amostras do óleo e conseguiu determinar que é de uma bacia da Venezuela.(Geoquímica forense). Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho pedem que as autoridades decretem o Estado de Emergência em Saúde Pública para controle dos riscos decorrentes da tragédia. Um projeto do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba) transforma o petróleo em carvão. A técnica foi testada por membros do projeto ‘Compostagem Francisco’, que trabalha com processos de compostagem acelerada. 

Que providências foram tomadas pelas autoridades municipais, estaduais e federais

Desde que as primeiras manchas surgiram, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), composto pelo Ibama, ANP e Marinha, vem realizando ações para a retirada do óleo encontrado nas praias. Seguindo a orientação prevista no Plano Nacional de Contingência (PNC), a Marinha do Brasil foi designada para desempenhar o papel de Coordenação Operacional, estabelecendo salas de comando e controle nas cidades de Salvador e Recife.   Até agora, foram mobilizadas, pela Marinha do Brasil, dezenas de organizações militares, com emprego de mais de 2 mil militares, 145 viaturas, 10 navios e 7 aeronaves, além de embarcações e viaturas pertencentes a diversas Capitanias dos Portos, delegacias e agências. Também atuam na operação 99 servidores, 33 viaturas e três aeronaves pertencentes ao Ibama. A Petrobras participa dos esforços para a limpeza das praias atingidas com o emprego de dois navios, um helicóptero, cerca de 1.800 pessoas e 30 viaturas. Ademais, aviões da FAB fazem esclarecimentos em regiões mais afastadas da costa, e a 10ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro proverá apoio com pessoal e equipamentos nas ações de monitoramento e limpeza de praias.

O que diz o governo federal

O governo federal diz que o óleo vem da Venezuela, que a Marinha investiga o derramamento (30 barcos de 10 países foram notificados e também se trabalha com a hipótese de um navio fantasma) e que o plano nacional de contingência foi acionado desde o início. Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, disse nesta sexta (25) que as praias estão próprias para banho. 

O que fazer se encontrar óleo ou animais sujos com a substância

Ao encontrar uma tartaruga oleada, o ideal é levar o animal para um local com sombra e acionar o Projeto Tamar (71 3676-1045). Se o animal for uma baleia, deve-se ligar para o Instituto Baleia Jubarte (71 3676-1463). Se for um mamífero ou uma ave, pode ligar para o Instituto Mamíferos Aquáticos +55 71 99679-2383.   Nesses casos, em Salvador, também é possível ligar para Polícia Ambiental (190) ou a Guarda Civil Municipal (71 3202-5312).