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Eduardo Dias
Publicado em 23 de agosto de 2019 às 15:00
- Atualizado há 2 anos
A paralisação dos vigilantes que fazem a segurança da Universidade Federal da Bahia (Ufba) está encerrada. O retorno às atividades aconteceu às 7h desta sexta-feira (23), um dia após o anúncio da suspensão das atividades.>
Durante assembleia realizada na portaria principal do campus de Ondina, o presidente do Sindicato dos Vigilantes (Sindvigilantes), José Boaventura, afirmou que, embora os servidores tenham retomado as atividades nos campi que tiveram as aulas suspensas na quinta-feira (22), uma outra paralisação pode ocorrer no início da próxima semana.>
Isso porque a Ufba possui uma dívida de R$ 15 milhões com a MAP, empresa que detém o contrato de terceirização dos 380 vigilantes que trabalham para a universidade.>
“A paralisação foi suspensa, como deliberado. Decidimos na assembleia que vamos manter a mobilização e seguiremos negociando com a empresa e a faculdade durante o final de semana. Temos até o dia 29 (próxima quinta-feira), que é o prazo formal previsto na convenção coletiva, para formalizar a suspensão do contrato de trabalho dos vigilantes ou a continuidade do trabalho", explicou Boaventura.>
Segundo o sindicato, na segunda ou terça-feira haverá uma nova reunião para que sejam debatidas as possíveis novas paralisações.>
O sócio administrador da MAP, Sisnando Lima, confirmou a versão dada pelo presidente do Sindvigilantes. Ele alegou que, a partir do dia 29 de agosto, há a possibilidade da empresa solicitar a suspensão temporária do contrato de prestação de serviços com a instituição por um período de 180 dias, o que impacta diretamente a vida dos trabalhadores, que ficariam sem trabalhar.>
Caso isso ocorra, os vigilantes ficarão cerca de seis meses em casa, sem remuneração e sem os benefícios garantidos, como vale-transporte e vale-refeição. Segundo Lima, esse é o principal motivo da paralisação dos vigilantes, que querem impedir que o serviço seja suspenso.>
"O sindicato ficou de conversar com a Ufba e ficou de nos dar uma posição na segunda-feira (26). A MAP está fazendo a parte dela, os trabalhadores estão recebendo em dia. No entanto, o prazo que temos é dia 29, ou então iremos pedir a suspensão das atividades. A Ufba está em conversa com o Ministério da Educação, em Brasília, para ver a possiblidade de amortizar a dívida, pois a situação está insustentável. É uma dívida que já tem 11 meses”, explicou Sisnando.>
Por medo que essa liberação ocorra, o sindicato tem pressionado tanto a MAP quanto a Ufba, segundo Boaventua. “A empresa busca receber os créditos dela, a faculdade manter o seu funcionamento com segurança, e os trabalhadores o seu emprego. Estamos vivendo uma confluência de interesses. Estamos unidos com os estudantes e os demais funcionários da universidade. A origem dessa crise na universidade prejudica todo mundo”, completou.>
Aulas suspensas Os campi que tiveram as aulas suspensas ou interrompidas por conta da paralisação foram vários. No Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC/Ufba), as atividades acadêmicas e administrativas foram encerradas às 17h.>
A Escola Politécnica interrompeu as aulas às 18h30. Já no Instituto de Química, os estudantes e servidores precisaram deixar as salas às 17h30. 15 minutos depois, em Biologia, as aulas acabaram, às 17h45.>
Na Faculdade de Direito as aulas foram suspensas durante a noite, mas uma colação de grau da turma de 2019.1/noturno foi mantida para às 19h, no Espaço Cultural Raul Chaves.>
Em nota, a Ufba informou que solicitou os 30% da equipe de segurança, conforme presume a legislação pertinente, e que alertou a Polícia Militar pedindo reforço no entorno dos campi.>
Confira a nota da Ufba na íntegra:"A Universidade Federal da Bahia (Ufba) reconhece o direito a manifestação dos profissionais da vigilância e mantém diálogo com a MAP – na busca de alternativas para reduzir as pendências financeiras com a empresa – e também com o sindicato da categoria. A administração da Ufba, visando a segurança da sua comunidade, solicitou que, durante a paralisação de 24 horas, decidida em assembleia geral realizada na manhã de hoje, seja mantido os 30% da equipe, conforme prevê a legislação pertinente. A Polícia Militar foi alertada e já está reforçando a ronda no entorno dos campi.>
A grave situação orçamentária atravessada pela universidade, produto da defasagem da dotação acumulada nos últimos cinco anos, do contingenciamento de recursos e do bloqueio de 30% de seu orçamento pelo Ministério da Educação, afeta diretamente a vida dos membros de sua comunidade, entre eles os trabalhadores terceirizados. Esse quadro, como é amplamente sabido, vem impedindo a instituição de manter em dia pagamentos a seus fornecedores, situação que a Reitoria tem buscado solucionar através de sucessivas tentativas de diálogo com o Ministério. Manter a universidade em funcionamento é prioridade da administração central da Ufba".>
Também em nota, a PM informou que realizou o policiamento nos campi. Inclusive, atuando com a chamada ronda universitária.>
"O policiamento no entorno dos Campi da Ufba é feito com viaturas (motos e carros) diuturnamente e as bases móveis de seguranças que ficam posicionadas em locais estratégicos. O policiamento conta ainda com a Ronda Universitária que é uma operação extraordinária que reforça as ações ostensivas no entorno das faculdades da capital baiana e oferece mais segurança à comunidade acadêmica. São 50 policiais militares por dia, 24 motocicletas, duas viaturas e uma base móvel para intensificar o policiamento que já é feito pelas Companhias Independentes", esclareceu. >
*Com orientação da Chefe de Reportagem Perla Ribeiro>