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Um olho no céu e outro em 2022: cidades turísticas na rota no mau tempo

Baianos e turistas estão indecisos se ficam em casa ou se viajam para o ano novo

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 30 de dezembro de 2021 às 05:45

 - Atualizado há 2 anos

Há três meses a estudante Andressa Souza, 26 anos, e um grupo de amigos vêm planejando passar o Réveillon em Itacaré, no sul da Bahia. Essa seria a primeira vez que ela faria a virada de ano na cidade, mas por conta das chuvas a empolgação se transformou em frustração e o grupo cancelou a viagem. Assim como eles, outros turistas que pretendem passar a data na região contam que estão de olho no tempo para decidir sobre seus planos.

“A ideia de passar o ano novo em Itacaré surgiu em uma conversa trivial. A cidade tem praias lindas, um amigo nosso conhece e elogiou, então, ficamos animados”, afirma a estudante. “Estamos planejando desde outubro, mas não temos como viajar nas condições atuais. Seria arriscado para a gente e desumano com as milhares de pessoas que estão sofrendo por conta das chuvas”, completou.

Em Itacaré, as enchentes dos últimos dias causaram estragos e deixaram moradores desabrigados. Equipes da prefeitura estão auxiliando os prejudicados e correm contra o tempo para deixar a faixa de areia das praias limpa para as festividades, já que a correnteza arrastou lixo e vegetação – galhos e baronesas - para o mar. 

Os principais atrativos turísticos de Itacaré são as praias e as trilhas, por isso quem pretende passar o Réveillon na cidade vai arriscar. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de muitas nuvens e tempo encoberto até domingo (2). Ainda existe o risco de novas enchentes e, por isso, equipes da prefeitura observam a situação. Uma festa particular com atrações como Anitta (que se apresentou na terça) e Barões da Pisadinha atraiu turistas para a região.

Mais para o sul, cidades como Ilhéus e Itabuna ainda estão vivendo o caos provocado pelo mau tempo. O fornecimento de energia foi interrompido para evitar acidentes, o abastecimento de água foi prejudicado e trechos da BR-415 precisaram ser interditados. A previsão é de que a chuva perca força nos próximos dias, mas, segundo o Inmet, o tempo deve permanecer encoberto e com chuviscos e muitas nuvens, até domingo.

Outras cidades muito procuradas para celebrar a passagem de ano, como Porto Seguro, terão festas particulares de Réveillon e queima de fogos. Porto Segurou chegou a decretar estado de calamidade pública no começo do mês por conta das chuvas e a previsão é de muitas nuvens até sábado (1º).  

Indecisão

Enquanto alguns turistas cancelaram as viagens e outros estão lotando as festas particulares, a farmacêutica Vanessa Benevides, 42, está indecisa sobre passar o Réveillon no Vale do Capão, na Chamada Diamantina. Moradora de Salvador, ela, o marido, a filha e um casal de amigos estão com a viagem marcada para hoje, mas ainda inseguros. A região está na rota das chuvas e alguns passeios foram suspensos.

“Começamos a planejar essa viagem em outubro, e por enquanto ela está de pé. Mas estamos monitorando a questão da meteorologia e a situação das estradas. Os passeios nessa região são trilhas e cachoeiras, o que é complicado com chuva, pode haver tromba d’água. Estamos vendo se vale a pena insistir”, conta.

Vanessa ainda pode cancelar a reserva, mas muitos turistas não se deixaram intimidar pelo mau tempo e correram para a Chapada Diamantina. Em Lençóis, um dos principais municípios da região, algumas pousadas estão lotadas. A prefeitura informou que não vai realizar nenhum evento e que a previsão para os próximos dias é de chuva. Mesmo assim, os turistas chegaram e alguns estabelecimentos estão organizando festas particulares.

No começo do mês o mau tempo fez o nível do rio subir e invadir a praça e casas construídas de forma irregular em uma comunidade ribeirinha. Ninguém ficou ferido. As trilhas da Cachoeira da Fumaça, por baixo, e das Cachoeiras do Sossego e do Mixila foram suspensas pelos guias. Já o Poço Azul e a Pratinha têm a visibilidade comprometida, deixando de ser atrativos para os turistas.

Em Morro de São Paulo e Boipeba as festas particulares de Réveillon seguem confirmadas. A região é um dos locais turísticos mais famosos do estado. A previsão do Inmet para Cairu, município onde os destinos ficam localizados, é de céu com nuvens e chuva isolada. Salvador e Litoral Norte também terão festas particulares e possibilidade de chuva isolada.

Cuidado

Quem planejou passar a virada de ano nas praias precisa ter outro cuidado. O Grupamento de Bombeiros Militar (Gmar) recomenda evitar banho de mar depois de períodos de chuva intensa, pois a qualidade da água fica comprometida. O preceptor de Dermatologia da Faculdade de Medicina da UniFTC, Marcos Mousinho, afirma que nessas situações a população fica vulnerável a algumas doenças.

“Depois de uma descarga muito grande de chuva, os córregos e rios das grandes cidades carregam as águas fluviais e também os lixos domésticos e, em algumas situações, lixos industriais. Tudo isso vai parar no mar. Então, além do lixo macroscópico, ou seja, da garrafa, do copo e do canudo, existem microrganismos presentes na água e que causam doenças”, explica.

O professor diz que existem quatro categorias de microrganismos que merecem atenção: os vírus, como o da Hepatite A, as bactérias, como os coliformes fecais, os fungos, que são resistentes até ao sol, e os parasitas, presentes nas fezes dos aninais. Eles podem causar coceira, inflamações e levar a internações médicas. A infecção acontece através da mucosa, como nariz e boca, ou de lesões na pele, como arranhões e feridas.

“O tempo de encubação [aparecimento dos sintomas] alterna de acordo com cada microrganismo e do tempo de exposição, mas normalmente acontece em até três dias. Começa com uma coceira e se transforma em uma ferida. O paciente tenta resolver com remédio caseiro e somente uma semana depois procura atendimento médico”, afirmou.

O tempo adequado para poder aproveitar o banho de mar após um período de chuva pode variar, por isso é importante acompanhar as condições de balneabilidade das praias. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) criou o aplicativo Vai Dar Praia, que atualiza essa informação diariamente.  

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