Uma em cada cinco profissões no Brasil pode adotar home office, aponta estudo

Segundo pesquisa do Ipea, trabalho remoto pode alcançar 20 milhões de trabalhadores no país

Publicado em 3 de junho de 2020 às 20:16

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Reprodução

Por causa do isolamento social, adotado como medida de combate ao novo coronavírus, vários brasileiros migraram seus locais de trabalho para a própria casa, se adaptando ao home office ou teletrabalho. Pois é possível que essa mudança, que é tendência mundial, tenha chegado para ficar.

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quarta-feira (3), o formato pode passar a ser adotado em 22,7% das ocupações nacionais. Isso significa que uma em cada cinco profissões pode seguir com o home office ao fim da pandemia da covid-19 - o que atingiria mais de 20 milhões de pessoas. 

Foram analisadas 434 ocupações. O resultado coloca o Brasil na 45ª posição mundial do ranking de trabalho remoto, além do 2º lugar na lista entre os países da América Latina. Segundo o Ipea, o formato não é novo, mas tem grande potencial de crescimento.

Os profissionais com maiores probabilidades de teletrabalho são os de ciências e intelectuais, diretores e gerentes e técnicos e profissionais de nível médio. Por outro lado, trabalhadores da agropecuária, da caça e da pesca e militares têm as menores chances de home office.

“Se a ocupação envolve trabalho fora de um local fixo e operação de máquinas e veículos ela é considerada como não passível de teletrabalho”, explicou Felipe Martins, pesquisador do Ipea.

O estudo mostrou também que disparidades regionais. O Distrito Federal tem o maior potencial de teletrabalho, onde 31,6% dos empregos podem ser executados de forma remota. Em seguida, aparecem  São Paulo (27,7%) e Rio de Janeiro (26,7%). A Bahia tem 18,6% e está na 20ª posição. Em último, na 27ª colocação entre os estados, com o menor potencial de teletrabalho, está o Piauí (15,6% das atividades).

Intitulado Potencial de Teletrabalho na Pandemia: Um Retrato no Brasil e no Mundo, o estudo segue metodologia da Universidade de Chicago na estimativa do teletrabalho em 86 países. Mas adapta para a realidade nacional, com a conversão das funções para a Classificação de Ocupações para Pesquisas Domiciliares, adotada pela PNAD Contínua, do IBGE.

Em comparação internacional, Luxemburgo lidera o ranking entre os 86 países avaliados, com 53,4% dos empregos com potencial para home office. Em último, aparece Moçambique, com chances de apenas 5,24%.

Entre os 9 países da América Latina que constam no estudo (Brasil, Bolívia, Chile, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México e Panamá), o Chile é o que apresenta maior potencial, com 25,74%.

Ranking dos estados em percentual de teletrabalho potencial:Distrito Federal: 31,5% São Paulo: 27,7% Rio de Janeiro: 26,7% Santa Catarina: 23,8% Paraná: 23,3% Rio Grande do Sul: 23,1% Espírito Santo: 21,8% Roraima: 21,0% Tocantins: 21,0% Rio Grande do Norte: 20,9% Goiás: 20,4% Minas Gerais: 20,4% Mato Grosso do Sul: 20,3% Paraíba: 19,8% Sergipe: 19,4% Amapá: 19,1% Acre: 19,0% Ceará: 18,8% Pernambuco: 18,8% Bahia: 18,6% Mato Grosso: 18,5% Alagoas: 18,2% Amazonas: 17,7% Maranhão: 17,5% Rondônia: 16,7% Pará: 16,0% Piauí: 15,6% Algumas ocupações analisadas:Diretores e gerentes: 61% Profissionais das ciências e intelectuais: 65% Técnicos e profissionais de nível médio: 30% Trabalhadores de apoio administrativo: 41% Trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados: 12% Trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção, das artes mecânicas e outros ofícios: 8% Trabalhadores qualificados da agropecuária, florestais, da caça e da pesca: 0% Operadores de instalações e máquinas e montadores: 0% Ocupações elementares: 0% Membros das Forças Armadas, policiais e bombeiros militares: 0%