Uneb lamenta o confronto em Senhor do Bonfim e cobra investigação

Na noite de São João, espadeiros e policiais militares entraram em conflito

Publicado em 25 de junho de 2019 às 21:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: reprodução

O confronto entre policiais militares e espadeiros ocorrido na noite de São João, em Senhor do Bonfim, no Centro-Norte, ainda está dando o que falar. Nesta terça-feira (25), o Departamento de Educação do Campus VII (Senhor do Bonfim) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), divulgou nota nas redes sociais lamentando o conflito. Uma das vítimas, Fabíola de Jesus Cardoso, é estudante da instituição e foi atingida no olho por uma bala de borracha.

“Fabíola de Jesus Cardoso, estudante do curso de Enfermagem desta Instituição, foi vítima de um disparo de bala de borracha em um dos olhos e teve que ser removida para um hospital de referência em Recife- PE. A Universidade acompanha preocupada a situação de Fabíola. E, infelizmente, conforme informações da família foi confirmado o diagnóstico da perda de visão”, diz a nota.

A confusão aconteceu por volta das 21h de domingo (23). O Estatuto do Desarmamento proíbe a guerra de espadas e uma liminar reforça o impedimento dessa atividade no município. A Polícia Militar afirmou que esteve no local para fazer valer a lei, mas testemunhas contaram que os militares agiram com truculência.

Fabíola é aluna de Enfermagem. Nesta terça, o colegiado do curso também divulgou nota sobre o assunto, lamentando o ocorrido e cobrando a investigação do caso.

“Lamentamos profundamente e direcionamos nossas orações para que os cuidados de saúde necessários ocorram com sucesso e que a nossa estudante se recupere rapidamente. Manifestamos também solidariedade aos seus familiares, ainda profundamente abalados com o ocorrido. Solicitamos às autoridades competentes os procedimentos investigativos necessários para apurar as causas do ocorrido e as responsabilidades subsequentes”, diz.

A PM, afirmou que as guarnições utilizaram técnicas e estratégias militares, agindo dentro da legalidade, coibindo a ação dos espadeiros em pontos da cidade. “Em alguns momentos foi necessário o uso de agentes químicos e elastômero. As guarnições não foram acionadas para socorrer feridos e não houve registro de conduções para a delegacia”, diz a nota.

Já a Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb) contabilizou 36 feridos no confronto e informou vai entrar com uma representação junto à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público para identificar os responsáveis pelo ocorrido.

O CORREIO não conseguiu contato com a família de Fabíola.

Soltar espadas é proibido pelo Estatuto do Desarmamento e, no caso específico de Senhor do Bonfim, uma liminar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) proíbe a atividade desde 2017, a pedido do Ministério Público. O Município tentou derrubar a decisão alegando de que se trata de uma tradição e que vetar a atividade prejudicaria a economia da cidade, já que visitantes e turistas deixariam de curtir os festejos juninos no local.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do TJ-BA. Apesar dos questionamentos da prefeitura, o ministro Luiz Fux disse que não há plausibilidade na alegação. O mesmo pedido já havia sido negado pela ministra Carmen Lúcia no ano passado. Quem for flagrado soltando espadas pode pegar até seis anos de prisão, além de multa.

Campanha No começo de junho, o Ministério Público da Bahia lançou uma campanha de combate à guerra de espadas, intitulada ‘A vida vem antes da tradição’. Segundo o órgão, o objetivo é alertar e conscientizar a população para os perigos das batalhas que acontecem durante as festas juninas, no interior da Bahia.

A ação é realizada através de peças gráficas, cartazes, banners de lona, outdoor, anúncios em jornais e redes sociais. O MP lembra aos cidadãos que fabricar, possuir ou soltar espadas é crime, e que a brincadeira afronta o direito à saúde e segurança pública.

A campanha está sendo trabalhada com mais ênfase nas cidades de Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Muritiba, Cachoeira, Nazaré das Farinhas, Muniz Ferreira, São Felipe, São Félix, Castro Alves e Campo Formoso.