Uso de preservativo nas relações sexuais cai entre adolescentes, indica IBGE

Estudo experimental comparou respostas de estudantes  do 9º ano do ensino fundamental de colégios público e privados

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  • Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2022 às 18:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock

O uso de preservativos caiu drasticamente nos últimos dez anos entre o público adolescente no Brasil, segundo um levantamento divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

A pesquisa entrevistou jovens entre os anos de 2009 e 2019 e revelou uma tendência de queda quanto ao uso de camisinha. De acordo com o levantamento a chance de uso do preservativo teve um decréscimo de 7,0% ao ano e de 51,3% no acumulado em 10 anos.

Nas capitais, o percentual dos adolescente que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59% de 2009 a 2019. Entre as meninas, foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%. O estudo experimental da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) comparou respostas de estudantes  do 9º ano do ensino fundamental de colégios público e privados.

Já o indicador de iniciação sexual vem apresentando estabilidade ao longo dos anos, mas com comportamentos diferenciado por sexo e rede de ensino. Para os meninos, a tendência é de queda, chegando a um decréscimo de 5,8% ao ano na chance de iniciação, acumulando no período uma variação de 45,2% para os meninos da rede pública.

Já a chance de as meninas iniciarem a vida sexual aumentou em torno de 4,0% a cada ano, com uma variação de cerca 41,0% no período 2009-2019 para as meninas de ambas as redes escolares.

O percentual de escolares do 9º ano das capitais que já tinham tido relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. “Ao longo de toda a série, os meninos têm uma maior taxa de iniciação sexual; contudo, a taxa de iniciação sexual das meninas entre 2009 e 2019 aumentou de 16,9% para 22,6%, enquanto a dos meninos caiu de 40,2% para 34,6%”, destaca Marco Andreazzi, gerente da pesquisa.

A PeNSE ainda traz informações sobre alimentação, atividade física, cigarro, álcool, outras drogas, situações em casa e na escola, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, higiene e saúde bucal, segurança, uso dos serviços de saúde, características gerais dos escolares, características do ambiente escolar, entre outros. A pesquisa é feita em parceria com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação.

Insatisfação com imagem corporal aumenta tanto em magreza quanto em excesso de peso

A PeNSE também demonstra que a insatisfação com a imagem do próprio corpo aumentou entre os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Em 2009, 17,5% dos estudantes reclamava de ser gordo ou muito gordo, número que saltou para 23,2% em 2019. Já os que se consideravam magros ou muito magros eram 21,9% e passaram a 28,6%.

Entre os estudantes que se avaliaram como gordos e muito gordos, houve aumento disseminado entre escola pública e particulares e meninos e meninas, com mulheres (28,6%) e escola privada (25,5%) mantendo os maiores índices.

Adolescentes continuam experimentando, mas consumo recente de cigarros vem caindo

O estudo mostrou que a experimentação ou início da exposição ao tabaco através do cigarro pelos adolescentes do 9º ano das capitais não mostrou diferença estatisticamente significativa entre a edição de 2009 e a de 2019, apesar da leve queda de 22,9% para 21,0%. No entanto, caiu a precocidade da exposição, em idade inferior aos 14 anos, de 16,8% em 2009 para 13,1% e 2019. As capitais Salvador (0,60), Rio de Janeiro (0,63) e Aracaju (0,71) tiveram as menores chances de uma exposição precoce ao cigarro.

“Também é importante sabermos em que época essa exposição se deu e tivemos uma ligeira queda nesse indicador, que foi de 16,8% em 2009 para 13,1% em 2019. Ou seja, os adolescentes estão se expondo menos precocemente, o que é positivo”, ressalta Andreazzi.

Para um consumo recente de cigarros, ao menos em um ou dois dias, nos 30 dias antes da pesquisa, houve uma tendência de decréscimo, acumulando redução de 15,3% na chance de consumo, no período.

Consumo de álcool aumenta, principalmente, entre as meninas

A experimentação de bebida alcóolica cresceu de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019. Esse aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50,4% em 2012 para 58,8% em 2019. Devido a mudanças na redação da pergunta, os dados de 2009 não foram comparados.

Já a razão de chance de ocorrer embriaguez em algum momento da vida revelou tendência crescente de 2,4% ao ano, acumulando 27% no período de 2009 a 2019. Os meninos da rede pública tiveram tendência de estabilidade, enquanto os da rede privada mostraram decréscimo de 2,6% ao ano. Já as meninas tiveram crescimento nas duas redes de ensino, com mais intensidade na rede pública, onde a chance aumentou 4,5% ao ano.

Cresce a experimentação de drogas antes dos 14 anos de idade

A experimentação ou exposição ao uso de drogas cresceu em dez anos, indo de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019. A tendencia de crescimento observada através da razão de chances foi de 55% no período, sendo de 4,5% ao ano.

O aumento da exposição às drogas entre as meninas foi bem maior que entre os meninos, que chegaram a apresentar uma redução na razão de chances de experimentar drogas ilícitas nas escolas privadas (-30,4%). O maior aumento das chances de experimentar drogas ilícitas se deu entre as meninas escolares da rede pública, que dobraram as chances de experimentação, atingindo 107,4% de variação no período.

Em relação à precocidade dessa exposição, ou seja, antes de completar 14 anos de idade, o percentual passou de 3,4% em 2009 para 5,8% em 2019. Identificou-se uma tendência de crescimento nas chances de exposição, com alta de 87,5% no período. “Essa tendência está decrescente para os meninos das escolas privadas e crescente para meninos de escolas públicas e meninas de ambas as redes, chegando a um aumento expressivo de 164,6% entre as meninas das escolas públicas em dez anos”, complementa o gerente.

Já o consumo recente de drogas ilícitas, entre aqueles que haviam usado drogas alguma vez na vida, ficou estável entre 2012 (48,2%) e 2015 (46,4%), e caiu em 2019 (33,3%).

Em dez anos, dobrou o percentual de estudantes que faltou aula por questões de segurança

Nos últimos dez anos, dobrou o percentual de escolares do 9º ano das capitais que faltaram ao menos um dia à escola porque não se sentiram seguros no trajeto ou na escola, passando de 8,6% em 2009 para 17,3% em 2019.

De 2009 a 2015, aumentou percentual de escolares agredidos por adultos da família

O percentual de escolares que sofreram agressão física por um adulto da família teve aumento progressivo no período, passando de 9,4%, em 2009, para 11,6% em 2012 e 16,0% em 2015. As capitais com os maiores percentuais de escolares que sofreram esse tipo de agressão, em 2015, foram Cuiabá e São Paulo, cujos percentuais foram 18,1% e 18,0%, respectivamente.

Em 2019, houve mudança no quesito, com a separação em dois grupos de agressores e mudança do período de referência para 12 meses anteriores à pesquisa. Investigou-se, ainda, a quantidade de episódios de agressão. Assim, em 2019, 27,5% dos escolares sofreram alguma agressão física cujo agressor foi o pai, mãe ou responsável e 16,3% dos escolares sofreram agressão por outras pessoas. Os casos de agressão recorrente (6 ou mais vezes no período) contabilizaram 4,2% dos escolares, sendo o agressor pai, mãe ou responsável, e 2,6%, sendo outras pessoas.