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Thais Borges
Publicado em 25 de julho de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Embarque vai acontecer no mesmo local de hoje, mas com mudanças na configuração (Foto: Divulgação) Um aeroporto que, acima de tudo, seja eficiente. Não precisa ser um hotel cinco estrelas, mas deve ser limpo, ter ar-condicionado, wi-fi disponível. É assim que a Vinci Airports defende que o aeroporto de Salvador precisa estar, de acordo com o diretor presidente do terminal, Júlio Ribas. Para isso, 90% das intervenções previstas devem estar prontas em outubro de 2019. Isso inclui a obra na pista principal, que ficará interditada por até sete horas diárias por três a quatro meses no ano que vem.>
A intervenção na pista por onde passam as aeronaves se soma a outras ações, como a mudança no mix de lojas do terminal. Tudo isso precisa ser entregue até o dia 31 de outubro de 2019 - é o prazo que a Vinci, que assumiu o aeroporto definitivamente em janeiro - para concluir as obras no terminal. Ao todo, serão investidos R$ 516 milhões (a partir de um financiamento do Banco do Nordeste) e R$ 1 bilhão de aporte próprio (até agora, já foram aplicados R$ 800 milhões).>
“A nossa obrigação é fazer um aeroporto eficiente. No instante que a gente terminar o aeroporto, se formos perguntar pessoa por pessoa ‘esse é o melhor aeroporto que você gostaria de ter?’, provavelmente a resposta vai ser não. Mas o nosso compromisso é fazer o melhor aeroporto para todos”, declarou Ribas, ontem, em uma apresentação do projeto de modernização ao trade turístico, na Casa do Comércio.>
As obras da primeira etapa foram divididas em três fases: A, B e C. A primeira, chamada 1A, foi o momento de transição da administração da Infraero para a Vinci. A 1B, que está acontecendo, é a fase “mais importante”, segundo Ribas. Ela inclui praticamente 90% de todas as intervenções que serão feitas. >
Pistas Para começar, o terminal vai ser expandido em mais de 20 mil m² - vai passar de 65 mil m² para pouco mais de 85 mil m². As duas pistas – onde as aeronaves fazem pouso e decolagem – serão reformadas. Hoje, a pista menor, chamada tecnicamente de 17/35 e que tem pouco mais de 1,5 mil metros, é que passa por obras - como o recapeamento. A previsão é de que ela seja concluída ainda este ano.>
A base de instrumentação para os voos também está sendo feita nela. A ideia é que, após as obras, a pista menor possa receber voos comerciais também. Depois, até o fim do ano, será a vez da pista principal - a maior, com 3 mil metros -, de onde a maioria dos voos decola. Nova ala terá seis pontes de embarque (Foto: Divulgação) Para diminuir o impacto nas viagens, o recapeamento também será feito por etapas. “Como é uma pista muito grande, se você faz um procedimento desses, a gente faz o deslocamento de cabeceira e ainda tem espaço suficiente para uma operação segura e dentro das normas”, explicou Júlio Ribas.>
Vai funcionar assim: primeiro, uma das pontas da pista, com comprimento de 900 metros, será revitalizada. Depois de concluída, será a vez da outra extremidade, com outros 900 metros. Por fim, os 1,2 mil metros restantes – o “meio” da pista – vão passar por obras em seguida.>
“Assim, só no próximo ano vamos ter que interromper o tráfego por seis ou sete horas por dia, durante três ou quatro meses. As companhias aéreas estão cientes”, adiantou Ribas. A última vez que a pista principal do aeroporto foi interditada foi em 2015. Na época, durou dez dias e sempre levava à interdição por três horas, na madrugada.>
Não há previsão para que uma terceira pista seja construída. Para a empresa, com tecnologias simples, é possível aumentar a capacidade de operação por hora. Hoje, o aeroporto de Salvador pode fazer 28 operações/hora, mas poderia chegar a 32. “Pode ser que nunca seja necessária a construção de uma terceira pista, mesmo chegando a 15, 16 milhões de passageiros. Se houver, o investimento é da Vinci”, disse Ribas.>
Mudança nas lojas Segundo o diretor presidente do terminal, as obras estão dentro do cronograma previsto – os detalhes não serão divulgados pela empresa. E garantiu: a Vinci “vai mexer” no aeroporto inteiro. “Isso vai gerar desconforto, reclamações, algumas polêmicas, alguns lojistas que serão deslocados. (Tem) Lojistas que tinham contratos eventuais e que vão ter que dar espaço para lojistas com espaços permanentes. Temos que fazer as coisas com compromisso ético e como elas têm que ser feitas”, citou.>
A Vinci não detalhou quais operadores comerciais podem mudar de local, nem quais devem sair. No entanto, Ribas adiantou que a empresa objetiva substituir os operadores de alimento atuais por operadores profissionais. Algumas lojas vão sair para dar espaço a outras, inclusive na área de alimentação; maior parte vai ficar após o raio-x (Foto: Divulgação) “Vamos dar preferência a operadores profissionais. Tem um espaço de mais de 500 m² onde antes era o Holandês Voador. Ali, daria para colocar dois ou três operadores ou um megaoperador, uma loja âncora”, disse. Ao contrário do que acontece hoje, a maioria das lojas vai ficar após o raio-x – no chamado “lado ar” –, como acontece com a maioria dos aeroportos internacionais.>
A própria revista, com o processo de raio-x, vai mudar de lugar. Enquanto o check-in continuará no piso inferior (mas de forma reta, como ocorre no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo), a revista será no andar superior, em um saguão onde hoje não funciona nada. Ou seja, após o check-in, os passageiros devem pegar a escada rolante. Após passar pelo raio-x, vão para o mesmo saguão de espera de hoje.>
Além disso, será construído um píer com pontes rolantes. Hoje, são 11 pontes, onde os aviões param, mas o novo píer terá outras seis, com um novo finger (ponte de embarque). Entre as prioridades, também está o funcionamento dos aparelhos de ar-condicionado, a modernização de banheiros (já reformaram 11) e o serviço de wi-fi ilimitado, gratuito e com cadastro simplificado.>
Elogios e expectativa Entre os representantes do trade turístico, a apresentação do novo aeroporto rendeu elogios, sugestões e expectativas. Coordenador da Câmara Empresarial do Turismo (CET) da Fecomércio-BA, José Manoel Garrido disse que o prazo para a conclusão das obras é razoável.>
“Para a gente, foi uma avaliação muito positiva. Ele (Júlio Ribas) é muito claro e objetivo, deu para a gente a segurança de que esse investimento vai ser muito bom não só para a capital, mas para todo o estado por ser uma porta de entrada”, disse.>
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens – Seção Bahia (Abav-BA), Jorge Pinto, já houve algum progresso na recuperação do lugar.>
“A gente agora está procurando negócios, como trazer novos voos, principalmente os internacionais. Houve um aumento do dólar e, por isso, houve uma migração do (turismo) internacional para o nacional”. Intervenções foram apresentadas ontem ao trade turístico, na Fecomércio (Foto: Divulgação) A diretora da Fecomércio, Avani Duran, foi uma das que sugeriram um espaço para o desembarque e embarque para clientes de empresas de receptivo. “É uma questão de diálogo, de entendimento de que pelo menos há necessidade de um tempo hábil para um passageiro embarcar e desembarcar”, disse.>
Uma das diretoras da Associação Brasileira das Indústrias de Hotel – Bahia (Abih-BA), Renata Prosérpio destacou que, até outubro de 2019, vai ser necessário conviver com um período de dificuldades durante as obras – inclusive, de críticas: “Isso é normal, mas alguns assuntos são importantes, porque o turismo não para. Essa questão do meio-fio é fundamental. A gente precisa que o hóspede tenha acesso ao Uber, viabilizar esquema de transporte para a hotelaria”, disse.>
Hoje, o aeroporto de Salvador é o 9º do Brasil (em 2005, era o 5º). No ano passado, teve 7,7 milhões de passageiros - em 2012, chegou a 9,5 milhões e, desde então, vinha em queda. Esse ano deve fechar em 8 milhões. Os primeiros meses de 2018 tiveram aumento de 6,2% em comparação aos passageiros do ano passado. >