Vândalos atacam pontos de ônibus e quebram vidros e bancos

Muitos locais não possuem cobertura e passageiros sofrem com prejuízos em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2022 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/ CORREIO

A ciranda infantil que descreve uma casa que “não tinha teto, não tinha nada” pode ser usada como trilha sonora para outra situação semelhante: os pontos de ônibus de Salvador. Os equipamentos, que deveriam servir de abrigo para as pessoas que aguardam o transporte público, estão sendo depredados e saqueados por vândalos.

Segundo dados da Secretaria Municipal De Mobilidade (Semob), 39 abrigos foram vandalizados durante este ano, sendo, em sua maioria, na região da Cidade Baixa e Avenida Suburbana. Também há um prejuízo financeiro para a prefeitura por conta das ocorrências. O município investiu, só em 2022, R$ 308 mil para reparar os danos causados.

Maria da Conceição Luz, 59, nunca presenciou uma cena de vandalismo, mas afirma ver constantemente os equipamentos quebrados. “Falta o vidro de trás, os vidros do lado, mas por um milagre os bancos estão aí”, comenta sobre o ponto de ônibus vandalizado na região das quadras do Rio Vermelho. 

Ela esperava pelo transporte em pé e costuma aguardar desta maneira com frequência, pois diz ter medo que o equipamento quebre. “No Largo da Mariquita está tudo quebrado também. Eu nem arrisco mais sentar nos bancos por medo da estrutura não suportar. A gente olha para o lado e tá tudo faltando”, diz indignada.

Os criminosos costumam arrancar os vidros de proteção do fundo e das laterais das estações de parada, assim como os ferros do teto. Além dos prejuízos causados pela ação dos bandidos, os passageiros destacam a falta de limpeza e a demora na execução dos reparos dos pontos. 

Na Rua Fernando Menezes de Góes, no bairro da Pituba, Railda Ribeiro, de 58 anos, aguarda o transporte público todos os dias no mesmo ponto, mas há uma semana percebeu que o teto do equipamento foi arrancado. 

O final da tarde de quarta-feira (25) foi marcado por chuvas. Sem guarda-chuva, ela precisou esperar o ônibus debaixo do temporal, por falta de cobertura na estação de parada. “O vandalismo está agindo em todos os lugares. Me sinto triste, não tem outra explicação”, lamenta Railda. Vidros quebrados também são comuns (Foto: Paula Fróes/ CORREIO) Mais adiante, no bairro de Armação, as colegas de trabalho Beatriz Antonia, 44, e Maria Márcia, 38, estavam sob um teto, no entanto a falta de cobertura no fundo do ponto fez com que a chuva as atingisse da mesma maneira. 

Beatriz usa aparelho auditivo e afirma temer quando precisa esperar o ônibus em dias chuvosos, por medo de queimar o dispositivo. “Eu uso aparelho no ouvido e tenho que procurar esconder toda vez que chove para não molhar”, explica. 

“Eu me sinto sem valor, porque é uma coisa que é para a população inteira, deveria ser bem mais cuidado. Poderia ter uma fiscalização para garantir que isso ocorra com menos frequência”, avisa Maria.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela