Velejadores baianos: suposto dono de droga é preso pela PF

Caso aconteceu em agosto do ano passado; baianos estão presos por tráfico em Cabo Verde

  • Foto do(a) author(a) Amanda Palma
  • Amanda Palma

Publicado em 16 de junho de 2018 às 12:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Um inglês, indiciado por tráfico internacional de drogas pela Polícia Federal, por estar envolvido no caso dos velejadores baianos presos em Cabo Verde, foi preso na Espanha nesta sexta-feira (15). 

Segundo informações da Polícia Federal, foram expedidos mandados de prisão preventiva pela Justiça Federal, com a difusão da Interpol. "Vale ressaltar que já foi declarado o interesse na extradição do preso e que, com essa medida, pode ser possível esclarecer pontos da investigação e trazer à responsabilidade perante a justiça brasileira o referido estrangeiro", diz a nota enviada pela PF.

As investigações da PF apontam que além do inglês um outro britânico, dono do barco, seria responsável pela droga encontrada na embarcação em agosto do ano passado, em Cabo Verde. Na ocasião, os baianos Daniel Dantas e Rodrigo Dantas estavam na embarcação e foram presos e condenados a 10 anos por tráfico de drogas no país.

A polícia não divulgou a identidade do preso, mas, segundo João Dantas, pai do baiano Rodrigo Dantas, o preso é Robert James Delbos, que estaria no barco quando ele chegou ao Brasil. A embarcação pertence a George Saul, que fez as negociações com os baianos.

Agora, com a prisão do inglês, as famílias dos brasileiros esperam que a inocência deles seja provada. "Não sei o grau de participação dele. O importante agora é que a gente pode mostrar que Cabo Verde estava errado. Segundo a acusação deles, o relatório da Polícia Federal era encomendado e os brasileiros culpados. A Polícia Federal está mostrando o contrário, que tem uma investgação iniciada, fundamentada em depoimentos, investigações, testemunhas, e foi validada pela Justiça, com a decretação de prisão em abril", diz João Dantas.

Cooperação Apesar do avanço nas investigações, o caso pode demorar ainda mais, visto que o julgamento para a segunda instância pode demorar oito meses para ser realizado, de acordo com João. 

As famílias dos brasileiros pretendem também fazer uma denúncia sobre a postura de Cabo Verde em relação às investigações, que o país e o Brasil fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e existe um acordo de cooperação de investigação entre ambos.

"Existe um acordo de cooperação em matéria criminal, e Cabo Verde ignorou o inquérito brasileiro, que inocenta os velejadores. Trata-se de uma clara quebra de acordo. Se for preciso, estamos preparando também uma representação de denuncia de Cabo Verde às cortes internacionais", diz João Dantas.

Relembre a prisão dos baianos O grupo de três brasileiros e um francês foi contratado para transportar um veleiro de Salvador até a Ilha dos Açores, em Portugal, através da empresa de recrutamento e terceirização de mão de obra Yacht Delivery Company, cuja sede fica na Holanda. A embarcação pertence a um inglês, conhecido como George Saul, que só foi apresentado à tripulação na véspera da viagem. Ele está sendo procurado pela Interpol. 

O barco passou por duas fiscalizações da PF em Salvador e em Natal, antes que deixasse o Brasil. Em 23 de agosto do ano passado, ao chegar na cidade de Mindelo, na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, passou por nova inspeção e a droga foi encontrada. Daniel Dantas, Daniel Guerra e Olivier Thomas estão presos desde o referido mês. Já Rodrigo Dantas conseguiu responder temporariamente ao processo em liberdade, mas foi preso em dezembro, já que o Ministério Público daquele país alegou risco de fuga.