Vinci Aeroporto diz que não recebeu pedido de favores de juíza

Concessionária diz que pauta a sua gestão em rigorosas regras de ética e conduta

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 19:37

- Atualizado há um ano

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A Vinci Aiports, concessionária que administra o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador, disse nesta segunda-feira (2) que não recebeu pedido de favores de autoridades públicas para beneficiar terceiros. “A Concessionária informa que não recebeu, tampouco atendeu, a qualquer pedido originado de autoridade pública para beneficiar terceiros. Ressaltamos ainda que a Concessionária pauta a sua gestão em rigorosas regras de ética e conduta”, afirma Vinci em nota oficial.

O nome da empresa foi citado no relatório do Ministério Público Federal (MPF) que pediu a prisão preventiva da desembargadora e ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) Maria do Socorro Barreto Santiago, no âmbito da Operação Faroeste.

A operação, desencadeada no dia 19 de novembro pela Polícia Federal, investiga a suposta venda de sentenças judiciais no TJ-BA para beneficiar um possível esquema de grilagem de terras no oeste baiano.

Por ordem do ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que acatou o pedido do MPF, a desembargadora foi presa na sexta-feira (29), por descumprimento de ordem judicial (manteve contato com assessores) e tentativa de destruir provas.

As investigações sobre a Operação Faroeste apontam que Maria do Socorro pediu favores ao governador da Bahia, Rui Costa (PT), em benefício da suposta organização criminosa, idealizada, segundo o MPF, pelo falso cônsul da Guiné-Bissau Adailton Maturino dos Santos, preso desde o dia 19.

Neste dia, foram realizadas busca e apreensão na casa da desembargadora Maria do Socorro, onde a PF apreendeu um pedido manuscrito dirigido a Rui Costa, com os dizeres: “Pedir ao governador nos atender para que ele fale com o Júlio Ribas, da empresa Vinci do Aeroporto para atender ao pessoal da Adey Taxi Aéreo, Yeda Muricy Guimarães”.

No hangar da Adey, no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, é onde fica uma aeronave utilizada pela embaixada da República de Guiné-Bissau, país africano.

A aeronave modelo 1125 West Astra, prefixo PTMBZ, segundo as investigações, era utilizada por Adailton Maturino e está registrada em nome da AGM Holding, empresa ligada a esposa dele Geciane Maturino, também presa desde o dia 19 de novembro.

Ainda de acordo com a narração do MPF, destacada na decisão do STJ, “em outra anotação manuscrita, Maria do Socorro registra um número de processo vinculado a um juiz federal em Brasília e afirma: ‘julgar favorável a Addey Taxi Aéreo’.”

O processo em questão, segundo as investigações, “tem número 0041777-66.2015.401.3300, com decisão favorável aos interesses da Addey, com recurso pendente para o desembargador federal Daniel Paes Ribeiro, o qual é natural de São Raimundo Nonato-PI, estado onde o investigado Adailton Maturino deu início às suas atividades criminosas.”

“Assim, caso de fato a empresa de táxi aéreo esteja vinculada à Guiné-Bissau e a Adailton Maturino, deduz-se que a desembargadora estaria pedindo favores ao governador e ao juiz federal em benefício do investigado”, narra o MPF.

O governador Rui Costa declarou à imprensa, na sexta-feira passada, durante inauguração de uma policlínica em Simões Filho (Grande Salvador), que não atendeu ao pedido da desembargadora Maria do Socorro – não ficou claro também se o pedido chegou de fato ao governador.

Procurado mais uma vez nesta segunda-feira (2) para comentar o caso, via assessoria de comunicação do Tribunal Regional da Primeira Região (TRF1), o desembargador Daniel Paes Ribeiro não respondeu. Já a Addey Táxi Aéreo ficou de dar retorno à reportagem, mas isso não ocorreu.