Vítima de acidente em kart começará transplantes na quinta-feira

Débora Sthefanny Dantas de Oliveira teve o couro cabeludo e parte do rosto arrancados e foi transferida para um hospital em São Paulo

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Publicado em 19 de agosto de 2019 às 16:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Instagram

Transferida para o Hospital Especializado de Ribeirão Preto no último domingo (18), Débora Sthefanny Dantas de Oliveira, de 19 anos, passará por cirurgia na próxima quinta-feira (22), para o início dos transplantes micro cirúrgicos e reconstrução das pálpebras, que foram arrancadas em um acidente de kart no dia 11 de agosto, na Zona Sul do Recife.

De acordo com boletim da unidade de saúde, divulgado nesta segunda-feira (19), a jovem foi submetida a um procedimento cirúrgico assim que chegou na unidade, na noite de domingo, no qual foi constatada a perda do reimplante realizado no Hospital da Restauração (HR), onde a vítima estava internada desde o dia do acidente. O comunicado diz ainda que a perda ocorreu após um quadro de trombose venosa. Débora está em recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e está "consciente e orientada."

Em uma rede social, Eduardo Tumajan, namorado da vítima, disse que Débora "está sendo muito bem acompanhada" e que "a equipe do hospital é maravilhosa". Ele viajou para Ribeirão Preto no mesmo vôo da namorada, feito pela empresa de táxi aéreo Brasil Vida, que teria se comprometido a emitir passagens para a família da jovem, do Recife para Ribeirão Preto.  Eduardo estava com Débora no momento em que ocorreu o acidente de kart, no Recife (Foto: Eduardo Tumajan/Acervo pessoal) “Ela está muito feliz. Se Deus quiser, vai conseguir retomar a vida dela. Vai voltar tudo ao normal. Ela está bem, sendo acompanhada pelos médicos, e iremos começar o tratamento que é preciso”, disse o namorado em vídeos postados no Instagram durante a viagem.

Escalpelamento em pista de kart O acidente que escalpelou a auxiliar de ensino infantil ocorreu na pista de kart Adrenalina, que funcionava há um mês no supermercado Walmart de Boa Viagem. O local foi interditado e não retomará as atividades.

Débora e o companheiro pagaram R$ 50, cada, por 22 voltas. A tragédia aconteceu quando ela estava na segunda volta. De acordo com relatos ao Procon, funcionários teriam ficado desesperados na hora e não teriam prestado socorro à vítima. Após 30 minutos de espera por atendimento, ela foi levada pelo namorado ao HR.

Relembre o caso

Débora estava andando de kart com o namorado em uma pista localizada no estacionamento do Walmart, em Boa Viagem, em Recife, quando o cabelo soltou da touca e ficou preso no motor, no domingo (11). A pele foi arrancada desde a altura dos olhos até a nuca da jovem. 

Eduardo, que estava em outro carro de kart, socorreu a namorada. Ela passou por uma cirurgia para reimplante e depois outra cirurgia para retirada de trombos. Em um primeiro momento, 80% da área atingida foi recuperada.

Na quinta, os médicos sinalizaram que o procedimento inicial poderia não funcionar justamente por conta do surgimento de microtrombos, obstruções nas veias e artérias da área operada. O quadro dela é considerado estável, de acordo com o último boletim.

Em nota, o Walmart informou que a equipe médica e a família de Débora definiram o local de transferência e que "dará toda assistência necessária".

Trombose Quando a pessoa passa por um trauma, o corpo pode ficar propício para o surgimento de trombos, quando se formam coágulos que obstruem os vasos sanguíneos e impedem a nutrição dos tecidos. 

A equipe agora vai procurar tecidos de outras áreas do corpo para tentar reconstruir o couro cabeludo, um procedimento que usa técnicas microcirúrgicas vasculares. Depois da primeira cirurgia com essa restauração será possível avaliar se o cabelo vai voltar a crescer de maneira natural.

Caso tenha sobrado um pedaço de couro cabeludo ainda com folículos, a jovem precisará de outras cirurgias para expandir o tecido cobrindo totalmente o crânio, explicou ao G1 o médico Marco Maricevich, que acompanha dos EUA o tratamento de Débora.

Jovem que sofreu o escalpelamento foi fotografada momentos antes do acidente na corrida de kart, no Recife (Foto: Reprodução/Twitter) A tragédia aconteceu quando ela estava na segunda volta. De acordo com relatos ao Procon, funcionários teriam ficado desesperados na hora e não teriam prestado socorro à vítima. Após 30 minutos de espera por atendimento, ela foi levada pelo namorado ao HR.

“Ela não teve nenhum tipo de assistência, eles foram totalmente omissos. Não havia bombeiro civil, militar ou alguém que pudesse fazer esse acolhimento. Também não havia viatura para levá-la a um hospital”, denunciou Douglas Nascimento, tio de Débora, em entrevista à TV Jornal.

À TV Jornal, um funcionário da pista, que não quis ser identificado, disse que o cabelo de Débora se soltou repentinamente. Ele garantiu que seus colegas prestaram socorro e acusou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de demora.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Recife, o pedido foi feito às 17h05. Às 17h07 a ambulância foi acionada e às 17h27, quando o Samu já estava à caminho, foi informado de que a vítima havia sido levada em um veículo particular.

O empresário Wanderlei Dreyer, pai do dono do Adrenalina. Ele classificou o episódio como “fatalidade”. “Foi um acidente. É o primeiro caso desde que atuamos na área, há 20 anos”, alegou. A família, disse, já planejava fechar o empreendimento porque não estaria dando o lucro esperado. 

O Procon alegou que, como a pista funcionava em terreno alugado ao Walmart, a responsabilidade pelo que acontece no local é compartilhada pelas duas empresas. Em nota, o Walmart informou que vai prestar assistência à vítima e está à disposição das autoridades. “As atividades seguem suspensas até que as causas do acidente sejam esclarecidas. A prioridade número um do Walmart é a saúde e segurança de seus funcionários e clientes”.

Investigação 

Alguns funcionários do kartódromo foram ouvidos na quinta-feira (15) na Delegacia de Boa Viagem. “Pelo que temos a princípio, algumas normas de segurança não eram cumpridas e os funcionários não passavam por nenhum curso técnico”, disse o delegado Alfredo Jorge, responsável pela investigação.

As informações são do Jornal do Commercio.