Vitória procura um meia para chamar de seu; último foi Escudero

Já na Toca, Marcelinho tem desafio de conquistar status que ninguém conseguiu após a saída do argentino, no fim de 2015

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  • Daniela Leone

Publicado em 31 de julho de 2020 às 05:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Letícia Martins/EC Vitória

Quem é o camisa 10 do Vitória? Às vésperas da estreia na Série B do Campeonato Brasileiro, o clube ainda busca resposta para essa pergunta. A posição é a mais carente do atual elenco rubro-negro. Não à toa, o setor foi o primeiro a ser reforçado após as eliminações no Campeonato Baiano e Copa do Nordeste. Na segunda-feira (27), a diretoria anunciou a contratação do meia Marcelinho.

Ele passou os últimos nove anos no Ludogorets Razgrad, da Bulgária, onde trabalhou com Bruno Pivetti na temporada 2017/2018. Na época auxiliar de Paulo Autuori, o agora técnico indicou o jogador ao Leão. Com 35 anos, Marcelinho chega para agregar experiência ao setor e ao elenco como um todo.

“Dentro do projeto e das observações visando aumentar a maturidade da equipe com vistas a principal competição do ano, o Campeonato Brasileiro da Série B, o Vitória anuncia a contratação do meia-atacante Marcelinho”, destacou o clube em nota oficial. O jogador desembarcou em Salvador na quarta-feira (29), iniciou exames e se apresentou na Toca do Leão na quinta (30), quando fez o primeiro treino com bola.

"Tive meu primeiro contato com Bruno neste meu retorno e já treinei com o grupo. Estou ansioso para voltar a jogar no Brasil e fazer um bom trabalho pelo Vitória, um clube que briga por coisas grandes”, afirmou o atleta ao site oficial rubro-negro. De acordo com o clube, é possível que o meia esteja pronto para a estreia do Leão na Série B, contra o Sampaio Corrêa, dia 8 de agosto, às 19h, no Barradão. 

Com a chegada de Marcelinho, o Vitória passa a ter quatro meias no elenco. Assim como ele, Gerson Magrão também tem 35 anos e experiência na Série B. Contratado em dezembro, fez 11 jogos com a camisa vermelha e preta, sendo oito como titular, mas não se firmou no time e tem figurado no banco de reservas.

As outras duas opções são jovens promessas que nunca disputaram a divisão de acesso nacional. Revelado na Toca do Leão, Eduardo, 20 anos, se profissionalizou este ano após disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Ele entrou em campo três vezes no Campeonato Baiano, sendo duas como titular.   

Matheus Tenório, 21 anos, chegou para as categorias de base do Vitória em 2018, após se profissionalizar no Santa Rita, de Alagoas. No Leão, a primeira oportunidade no time profissional foi nesta temporada. Jogou nove partidas, três como titular, e marcou um gol. Foi ele o único meia entre os titulares nos empates em 1x1 e 2x2 contra Bahia de Feira e Doce Mel, respectivamente, nos jogos derradeiros da fase classificatória do estadual, que culminaram na eliminação rubro-negra da competição. Contra a equipe feirense, Eduardo o substituiu no decorrer da partida.

No entanto, nenhum deles foi titular nos dois jogos da Copa do Nordeste, realizados após a retomada das competições. Elegido como prioridade pelo clube, o regional foi disputado com força máxima e teve o polivalente volante Fernando Neto como principal homem de ligação entre defesa e ataque, tanto no empate em 1x1 com o Botafogo-PB, na última rodada da fase classificatória, como na eliminação diante do Ceará, nas quartas de final, após derrota por 1x0.

O jogador já tinha feito a função outras duas vezes, no próprio regional, contra Freipaulistano e CRB, mas revela que prefere atuar como segundo volante. "Ano passado todo joguei mais de segundo volante. Já vinha atuando como meia. Nessa formação, eu estava um pouco mais adiantado, posição que faço também, fiz nesses três jogos que joguei. Mas a minha preferência é chegar de trás, jogar de segundo volante", afirmou Fernando Neto, que nesta semana renovou o contrato até dezembro de 2021.

Depois de Escudero, ninguém

Eduardo, Matheus Tenório, Gerson Magrão e agora Marcelinho têm um campeonato inteiro pela frente para tentar algo que nenhum outro meia conseguiu desde 2015: se tornar o maestro do meio-campo do Vitória  - e, se possível, em ídolo da torcida. O último jogador responsável por armação de jogadas que atingiu esse status foi Escudero. O argentino ficou na Toca do Leão de 2013 a 2015 e durante esse período ganhou apelidos como "Escumito". 

Escudero foi um dos responsáveis pelas goleadas de 5x1 e 7x3 em cima do Bahia, em 2013, uma na abertura da Arena Fonte Nova e outra na final do estadual vencido pelo Leão. Naquele mesmo ano, também foi um dos principais destaques do time no Campeonato Brasileiro, em que o Vitória registrou a melhor campanha de um clube nordestino na Série A na história dos pontos corridos, ao terminar na 5ª colocação. Em 2015, destacou-se no retorno do clube à primeira divisão.

Depois daquele ano, muitos meias tentaram, mas nenhum teve tanto êxito a ponto de ser exaltado por torcida e crítica. Em 2016, Leandro Domingues, Arthur Maia, Serginho, Nickson e o colombiano Cárdenas estão entre os exemplos. Em 2017, jogadores como Yago, Cleiton Xavier, Danilinho e os argentinos Dátolo e Pisculichi também tentaram. Guilherme Costa e o alemão Alexander Baumjohann foram algumas das opções em 2018. No ano passado, Andrigo, Ruy e Felipe Gedoz. O posto está vago. E a nação rubro-negra, carente, quer um meia para chamar de seu.