Vizinhos denunciaram agressões e insultos de Dr. Jairinho à ex e à filha

Ex se apresentou ao Conselho Tutelar na época e negou violência

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  • Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2021 às 11:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A ex-mulher e a filha de Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, vereador do Rio, sofriam "violências, humilhações, insultos e ofensas" por parte do político, segundo vizinhos da dentista Ana Carolina Ferreira Netto. Ela chegou a registrar uma ocorrência policial por lesão corporal contra o então marido. Jairinho é investigado pela morte do enteado, Henry Borel, de 4 anos. As informações são de O Globo.

Em junho de 2019, moradores do condomínio onde moravam Jairinho, Ana Carolina e a filha adolescente relataram que ouviam xingamentos e barulhos de objetos quebrados, em ligação feita à Central de Atendimento á Mulher do Rio. 

A denúncia foi encaminhada para a Ouvidoria do Ministério Público do Estado do Rio, que repassou à 1ª Central de Inquéritos. Depois, o Conselho Tutelar da Barra foi acionado. 

Uma conselheira visitou a casa da família em 22 de agosto. Na ocasião, a ex de Jairinho negou os relatos dos vizinhos. Ela foi notificada a comparecer à sede do Conselho Tutelar com a filha, que tinha 13 anos. Na época, a garota disse que o relacionamento dos pais era "normal", com algumas discussões. Ela negou ter presenciado a mãe ser vítima de violência.

Anos antes, em 3 de janeiro de 2014, Ana Carola prestou queixa contra Jairinho na 16ª Delegacia. Na época, disse que o marido "sempre foi violento" e que foi agredida por ele várias vezes. Ela disse que ele tinha tentando enforcá-la. Os dois ficaram juntos por 15 anos e tiveram dois filhos. 

Na época da denúncia, ela contou que Jairinho estava "ainda mais violento". Revelou que presenciou o político conversando com outra mulher ao telefone, o que a levou a desistir de uma viagem de família. Jairinho teria passado o dia tentando convencê-la a mudar de ideia e por volta das 22h teve um "ataque de fúria", arrastando Ana Carolina até a cozinha. Lá, ela foi ofendida e chutada "com muita força". 

Dias depois de denunciar o marido, Ana Carolina voltou à polícia e disse que não queria representar criminalmente contra ele.

O advogado André França Barreto, representante de Jairinho, diz que ele nega qualquer tipo de violência doméstica. "Havia muitas brigas verbais, ocasionadas, inclusive, pela perseguição de uma ex-namorada ao casal. A própria filha foi ouvida no Conselho Tutelar e desmentiu qualquer narrativa que envolvesse agressão física, psicológica, afetiva, emocional do pai à mãe e/ou vice-versa", afirma.

Entenda o caso O menino Henry Borel, 4 anos, deu entrada já sem vida em um hospital do Rio na madrugada do dia 8 de março, com vários ferimentos contundentes no corpo. O padrasto, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade), e a mãe, Monique, disseram que tinham achado a criança caída ao lado da cama, já desacordado.

A polícia já ouviu 17 testemunhas na investigação, incluindo a mãe, padrasto, o pai, o engenheiro Leniel Borel de Almeida, e a avó de Henry, Rosângela Medeiros da Costa e Silva. Três médicas do hospital para onde o menino foi levado, vizinhos, a babá, a professora, a psicóloga e duas ex-namoradas de Jairinho também prestaram depoimento, entre outros.

A psicóloga que acompanhava Henry desde fevereiro foi a última a ser ouvida até agora. Ela contou que Monique a procurou relatando que o filho não queria ficar na sua casa e parecia ter dificuldades para se adaptar à separação dos pais. Ela fez cinco consultar com Henry, que segundo a profissional mostrava ter afeto pelos avós maternos e só falou de Jairinho uma vez, no último encontro.

Monique reclamou para a psicóloga também que o filho não queria mais ir para a escola, depois de 20 dias de aula. A professora do garoto foi ouvida também pela polícia, mas disse não ter notado nenhuma anormalidade na criança. 

Na referência ao padastro, Henry disse apenas que morava com "um tio" na sua casa. Questionado, ele afirmou que era "Tio Jairinho", mas não deu sinais de ter medo do padrasto. Em seguida, disse que sentia saudades do pai.

Material apreendido Na semana passada, 11 celulares e laptops de Monique, Jairinho e Leniel foram apreendidos pela polícia. Um dos aparelhos do casal teve mensagens de um aplicativo apagadas e agora peritos tentam recuperar. 

Segundo o telejornal "RJ2", da TV Globo, uma análise preliminar nos aparelhos apontou que as mensagens foram apagadas em um dos celulares apreendidos que estavam na casa de Jairinho. Na casa de Monique, quatro celulares foram confiscados e, em ao menos um deles, também tem diversos diálogos suprimidos.

"Se apagaram ou não, não tenho essa informação. (...) Não conheço essa informação. E também não estranharia se apagasse porque é comum as pessoas apagarem as mensagens dos celulares. Eu, por exemplo, apago", disse o advogado André França Barreto, que representa o casal.

Depois da apreensão, na sexta, Barreto disse que Monique notou que o celular tinha sido invadido por um hacker e tentou registrar a ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, mas por não conseguir fez o BO na Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca.