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Cálculo deve levar em conta o preço de aquisição, a margem de lucro planejado e o preço de venda final
Priscila Natividade
Publicado em 23 de abril de 2018 às 06:00
- Atualizado há um ano
Até conseguir equilibrar a equação custo x retorno financeiro, a proprietária da loja de artigos de moda artesanal Com Amor, Dora - Isadora Alves - não conseguia lucrar nada com o negócio. “Colocar preço é uma coisa muito difícil. Você não pode cobrar o mesmo valor por uma peça que leva 10 minutos para ficar pronta que outra que passa 3 horas construindo. Por outro lado, também não dá para vender um produto que ninguém vai comprar”.
Determinar o preço é mesmo uma tarefa complicada para o empreendedor, que não pode arcar com prejuízos, mas também não se sustenta deixando o produto parado na prateleira. O CORREIO conversou com especialistas que listaram alguns pontos que ajudam a garantir um bom retorno das vendas. Na hora da conta, não pode ficar de fora o preço de aquisição, a margem de lucro alvo que se planeja obter e o preço de venda final.
Isadora aprendeu a lição e parou de cobrar o mesmo preço que via na concorrência e passou a adotar outras estratégias. Foi aí que a margem de faturamento cresceu 50%. “Comecei a calcular todo o insumo de material que usava, da linha ao glíter. A partir disso, defini também minha hora de trabalho e acrescentei os custos de manutenção da loja, coisa que muitas vezes passava batido”, lembra.
Outra estratégia foi distribuir o preço em outras peças. “Eu tenho uma faixa de cabelo, por exemplo, que o custo de produção é baixo, mas o valor agregado é alto. Aí eu compenso com a nécessaire. Dá muito trabalho de fazer, mas não posso cobrar tão caro. Com isso, vou fazendo esse jogo de equilíbrio”.
Análise
Isadora está acertando no cálculo, como pontua o analista do Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae) Fabrício Barreto. De acordo com ele, o empreendedor deve não só avaliar o mercado, mas a viabilidade da operação. “Um erro muito comum é o famoso 100%. Eu gastei R$ 10 para fazer, vou vender por R$ 20. A primeira dica para formar preço é: a empresa precisa levar em consideração todos os custos fixos e variáveis. Os R$ 10 não vai dar para pagar essa conta, porque só o material foi levado em consideração”.
No dia 15 de maio, o Sebrae vai oferecer um oficina gratuita na unidade do Iguatemi. As inscrições podem ser feitas na loja virtual da entidade (lojavirtual.ba.sebrae.com.br/loja/). “Para ganhar competitividade, é necessário oferecer um preço justo o suficiente para pagar as suas despesas e projetar, inclusive, o retorno do empreendedor. Gerar um algo a mais no produto é mais uma forma de agregar na proposta de valor do produto e serviço”, acrescenta Barreto.
FORMAÇÃO DE PREÇO
Decisão Para o head de Eficiência Operacional da AGR Consultores Rodrigo Catani, a definição do preço é feita basicamente por dois aspectos: “Aí entra o preço que se chega aplicando uma margem sobre o custo de aquisição e o preço ideal que deveria ser vendido”.
Na hora do cálculo Esse preço deve ser condizente com a estratégia e com o posicionamento do negócio. A análise que o empreendedor deve fazer é se o negócio dá resultado na última linha, considerando a Receita (diretamente influenciada pelo preço), o Custo de Aquisição (CMV) e todas as despesas”.
Alvo O fundamental para que se acerte na precificação é descobrir o quanto o produto ou serviço vale para o consumidor, como destaca Catani: “Isso é o mais importante. Também influencia o momento da compra, por isso as lojas de conveniência cobram mais caro do que os supermercados, porque agregam este atributo”.
Cautela O especialista recomenda ainda que o empreendedor não tome nenhuma decisão precipitada neste momento de retomada da economia: “Não aconselho aumentar preços agora. Trabalhe antes a eficiência para atingir o resultado esperado”.