Volkswagen assina acordo e indenizará funcionários perseguidos na ditadura militar

Valor milionário será pago como reparação por cumplicidade durante o período

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 14:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

A Volkswagen Brasil assinou na quarta-feira (23) um acordo extrajudicial para destinar milhões de reais para ex-empregados que foram presos, perseguidos ou torturados durante a ditadura militar brasileira. A iniciativa busca fazer uma reparação às violações de direitos humanos cometidas no período - a montadora teve cumplicidade com a repressão.

Pelo acordo, R$ 16,8 milhões serão destinados à Associação dos Trabalhadores da Volkswagen. O TAC contabiliza valor total de R$ 36,3 milhões em iniciativas para promover "o esclarecimento da verdade sobre as violações dos direitos humanos naquela época", diz a Volks.

É a primeira vez que uma empresa admite fazer reparação aos crims da época da ditadura. No relatório final da Comissão Nacional da Verdade, de 2014, 53 empresas foram listadas como tendo contribuído, de alguma maneira, para o golpe de 1964. Elas incluem firmas nacionais e estrangeiras como Johnson & Johnson, Esso, PIrelli, Souza Cruz e outras.

De acordo com o El País, a montadora assinou um Termo de Ajustamento e Conduta (TAC) negociado com ministérios públicos Federal, Estadual e do Trabalho. Agora, falta a homologação da Procuradoria Geral da República (PGR). 

“O ajuste de condutas estabelecido nesta data é inédito na história brasileira”, diz nota de procuradores envolvidos. O acordo prevê ainda que a Volks publique em jornais de grande circulação uma declaração pública sobre sua atuação cúmplice à ditadura.