Volta às aulas: 35% dos municípios têm dificuldade de acesso à internet na BA

Governo do Estado está tentando resolver o problema antes do dia 15 de março

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  • Gil Santos

Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 13:30

- Atualizado há um ano

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A dificuldade de acesso à internet em algumas regiões do Brasil está se revelando um complicador para a retomada das aulas remotas. Durante uma entrevista coletiva virtual, nesta quarta-feira (24), o secretário estadual de Educação, Jerônimo Rodrigues, contou que 35% dos 417 municípios baianos têm dificuldade com acesso à web. Ele contou que o governo está tentando resolver esse complicador antes do início das aulas remotas, marcadas para 15 de março. 

“Fizemos um exercício muito grande nesse período [2020], mas nós temos ainda 35% de municípios na Bahia que não têm uma internet banda larga. Nós estamos dialogando muito com a associação dos provedores para que nos ajude a encontrar uma saída”, afirmou. 

Na Bahia, as aulas serão transmitidas em salas do Google e através do Canal Educa Bahia, na TVE, que terá programação educativa diariamente. O lançamento oficial do canal será no dia 1º de março e a estimativa é de que ele vai alcançar 62% dos cerca de 800 mil estudantes no estado. Os professores vão gravar o conteúdo, e depois disponibilizar o material para os alunos através dessas plataformas.  

“O Governo Federal não aceitou a gente poder fazer nesse período uma proposta de utilizar o Fundo Fust, que é um fundo de telecomunicação, para poder ampliar o acesso à internet nas escolas e nas comunidades, mas nós estamos correndo atrás. Estamos nos próximos 20 dias dialogando para encontrar saídas reais para que a escola não fique sem internet, para que o professor que não tenha internet possa na escola fazer isso [gravar as aulas]”, disse. 

Antes da retomada das atividades haverá capacitação para os profissionais da educação. E no dia 8 de março, terá início a jornada pedagógica, fechando o ciclo de planejamento e preparação da rede estadual. No dia 15 de março, as aulas recomeçam de forma remota. Já as aulas presenciais ainda não têm prazo para serem iniciadas. 

O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, disse que as deficiências de acesso à internet será uma das pautas de discussão da reunião que terá com representantes da Secretaria, nesta quinta-feira (25).

“Somos a favor das aulas remotas. Aulas presenciais apenas com vacina, mas precisamos discutir outras questões como as condições de trabalho, capacitação dos professores para desenvolver essas atividades, jornadas de trabalho, direito de imagem, entre outros pontos. O governo vai fornecer equipamentos ou o professor vai usar o computador e o celular dele, com a internet dele? Outros estados estão oferecendo ajuda de custo. Então, temos que discutir algumas questões”, afirmou.

Complicadores  O governador Rui Costa anunciou a retomada do calendário educacional, nesta terça-feira (23), e explicou que abriu mão das aulas virtuais, ou seja, da interação ao vivo entre estudantes e professores por conta das deficiências de acesso à internet.  

“Adotamos uma estratégia que irá atender a todos os alunos da rede estadual. Desde o início da pandemia, eu afirmei que não iria aceitar uma solução que alcançasse um número pequeno de alunos. Temos muitos estudantes que moram na zona rural e que não têm sequer sinal de celular. Por isso, estamos implementando esse início remoto das aulas, que não se trata de aula virtual por entender que não contemplaria os alunos que não têm sinal de telefone ou banda larga”, afirmou. 

A falta de internet se transforma em um complicador porque sem o sinal os estudantes não conseguem baixar o material didático, tanto os livros como os cadernos de apoio à aprendizagem criados pelo governo para ajudá-los nesse período. 

A solução ainda está sendo discutida, mas duas opções foram levantadas durante a entrevista. Uma delas seria o estudante se deslocar até a unidade escolar e retirar o material presencialmente. As escolas teriam que montar um planejamento para isso. A outra seria, através de uma parceria com os Municípios, fazer com que esse material seja entregue diretamente na casa dos alunos. 

O material didático inclui também exercício de reforço via WhatsApp, com texto e vídeos mais curtos, e que consomem menos pacotes de dados, e monitoria de 52 mil estudantes. Na pratica, os melhores alunos da turma vão ajudar como monitores nas atividades escolares, e terão direito a uma bolsa de R$ 100 durante dez meses. 

Para a estudante Rafaela Santos, 16 anos, existe outro fator. “A internet permite que a gente tenha acesso a um mundo de informações que vão além do livro que a escola usa ou da aula gravada. A gente precisa da internet para fazer os trabalhos que os professores passam, para pesquisar e para tirar dúvidas que a aula gravada não tira e que, muitas vezes, não dá para esperar para tirar depois”, disse. 

O material didático estará disponível para os estudantes a partir do dia 15 de março. O CORREIO perguntou para a Secretaria de Educação do Estado quantas escolas e estudantes têm os 35% de municípios com dificuldades de internet, se haverá algum apoio às essas famílias, e como os alunos poderão esclarecer as dúvidas sobre o conteúdo apresentado nas aulas gravadas, mas a assessoria ainda não se pronunciou. 

Em Salvador, a rede municipal de ensino retomou as aulas virtuais essa semana. Escolas da rede privada também já iniciaram o ano letivo nesse mesmo modelo.