Volta por cima: veja como marca baiana recuperou mais da metade do faturamento

Após perder R$ 15 mil de receita com a loja física fechada, a Luv.u migrou para o online, apostou no delivery gratuito e na máscara de proteção

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  • Priscila Natividade

Publicado em 14 de junho de 2020 às 13:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo pessoal

“Continuo ou não com a marca diante de tudo que está acontecendo?”. Qual empreendedor ou empreendedora não tem se questionado se continua ou desiste do seu negócio, em meio a toda essa crise provocada pelo coronavírus? A marca baiana de t-shirts e moda feminina Luv.u viu seu faturamento médio de R$ 15 mil mensais cair a zero, depois do fechamento dos shoppings, no início da pandemia. Do dia 21 de março para cá, são mais de dois meses com a loja de portas fechadas devido às medidas adotadas pelo poder público para conter o avanço do vírus.

A empresária Kika Andrade, então, tomou três atitudes para tentar reverter o resultado do mês. Uma, foi buscar forma de migrar a loja física para o ambiente online. Aí surgiu a ideia de ofertar o serviço delivery. No entanto, tornar as máscaras de tecido um acessório de proteção que iria junto com a t-shirt, em tons que conversavam com a estampa, fez toda a diferença na recuperação das vendas.  A empresária Kika Andrade migrou  para o online e criou kits com máscaras de proteção (Foto: Acervo pessoal) “Desde os meados de abril que entendi que vamos ter agora uma máscara de tecido fazendo parte do nosso look. A máscara, como mimo, está sendo um sucesso por ter relação total com o momento que estamos vivendo. Passou a ser um item primordial nas nossas vidas e seguirá sendo por muito tempo, quando o isolamento social for deixando de acontecer”, afirma a criadora da marca, Kika Andrade. 

Do meio do mês de abril para cá, ela já conseguiu recuperar mais da metade do faturamento mensal que tinha na loja física, antes da pandemia, localizada no Mix Jardim, o espaço colaborativo do Salvador Shopping. 

“Tivemos um baque e tanto, estagnou tudo e o nosso faturamento foi para o zero, totalmente. Uma aflição sem tamanho, sem saber por quanto tempo isso ia durar ou o que estava por vir. Decidi continuar produzindo, fortalecer as redes sociais e implantar o site que estava nos planos.  Mas ele foi adiantado para que pudesse ajudar agora”, pontua. Todos os produtos da Luv.u acompanham uma máscara de proteção (Foto: Divulgação) Kika começou a produção com 100 máscaras e correu para as redes sociais, com o objetivo de intensificar a divulgação. No período, ela produziu o dobro da quantidade do acessório de proteção. “As clientes adoraram, muitas mandaram mensagem parabenizando a ponto de esgotar algumas estampas. Ofereci também o delivery gratuito e intensifiquei a campanha nas redes e contatos com as clientes. Além disso, passei a  patrocinar anúncios para alcançar mais pessoas que não conheciam a marca”.

O movimento online surpreendeu, assim como a entrega gratuita. A Luv.u só não aderiu ainda ao drive-thru liberado, recentemente, pelo decreto municipal. “As crises chegam, mas vão embora e você não deve desistir daquilo que gosta, é seu trabalho, é o que  você sabe fazer. Então, persista. Estamos vivendo algo nunca visto antes e é sobre nosso bem maior, a saúde. Cuidar dela é fundamental”.

 Virada  A máscara não serviu só como um mimo para o cliente estimulando que ele se cuide, mas também agregou valor à marca, mostrando seu engajamento no combate ao coronavírus. “O carinho de enviar uma máscara para as clientes como mensagem que se proteger é o que mais importa. Isso acaba demonstrando todo o cuidado que a marca está tendo e que o momento necessita, principalmente porque o isolamento social não permite que estejamos presentes, fisicamente. É gratificante ver que tem dado certo”. 

Segundo o levantamento mais recente feito pelo Sebrae, oito em cada dez empreendedores baianos sentiram impacto no faturamento, durante a pandemia. A média mensal de redução das vendas no estado chegou a 60,9%. Por outro lado, 30% dos entrevistados, na Bahia, disseram ter começado a realizar vendas online com o uso das redes sociais como Instagram, Facebook e aplicativos de comunicação instantânea. 

Nesse momento,  os pequenos negócios precisam buscar alternativas para sobreviver,  entendendo  novos comportamentos de consumo. Ainda que Kika tenha reduzido a produção, ela não parou. Com o resultado positivo no Dia das Mães, a estratégia foi mantida para o Dia dos Namorados. Desta vez, com o kit com temático  para a data, que também registrou um volume positivo de vendas.  

“Tenho pessoas, além de mim, que dependem também do meu negócio: costureira, serigrafista etc. A produção própria incentiva a economia local. Temos todo esse cuidado de  fomentar a economia criativa baiana com uma produção 100% nossa. Pensar e fazer algo diferente. Corri para antecipar a coleção, criar kits e operacionalizar a migração para o online”.

Ainda que não haja uma data prevista para o retorno do funcionamento integral de lojas em shoppings, até que a velocidade do ritmo de contaminação possa ser reduzido, não dá para desistir: “É continuar até retomar tudo como antes”, completa Kika.

CINCO ESTRATÉGIAS PARA TIRAR SEU FATURAMENTO DO ZERO 

Migrar para o online Por maior que seja o desafio, quem quer vender precisa acompanhar as mudanças de comportamento de consumo que chegaram com a pandemia. As vendas online de todo e qualquer tipo de produto vieram mesmo para ficar, até para os pequenos negócios.  

Trazer novidades na oferta de produtos Muita gente está produzindo máscara de tecido. Contudo, a ideia de Kika conseguiu agregar valor ao kit com t-shirt e cativar o consumidor, enviando um brinde, junto com o produto. Ou seja, pense em soluções que tragam um ‘algo a mais’ do que ele procura.

Não perder o contato com o cliente  É aí que entram as redes sociais para ajudar a mobilização e migração do seu negócio para a internet, já que as pessoas só conheciam a loja física. Aqui, é importante bolar um bom plano para atingir seguidores novos e manter o contato com os antigos. Ah, e não deixe nunca o consumidor sem resposta. 

Implementar o delivery No isolamento social, quem consegue montar um sistema que possa atender o consumidor por meio do delivery, acaba ganhando a preferência. Se vier sem taxa de entrega ou com valor reduzido, melhor ainda. 

Apresentar alternativas para facilitar o pagamento Em tempos de pandemia, opte por formas de pagamento que evitem contato com dinheiro utilizando meios como carteira digital, link de pagamento online e cartões.