Wagner Lopes explica atletas fora dos planos: 'Sou pago para tomar decisões'

Treinador falou sobre critérios para escolha do elenco: 'Dei prioridade para quem estava entendendo melhor o que eu pedia'

Publicado em 8 de outubro de 2021 às 17:32

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Pietro Carpi/EC Vitória

Durante essa semana, o Vitória divulgou uma relação de jogadores que não vão ser aproveitados na reta final da Série B. A lista completa, com oito atletas, foi confirmada pelo diretor de futebol do clube, Alex Brasil, na ultima terça-feira (5). Nesta sexta (8), o técnico Wagner Lopes falou sobre o tema, e explicou a escolha. 

Segundo o treinador, a ideia de reduzir o elenco não é recente, mas existe desde que ele assumiu a equipe rubro-negra. Com 57 jogadores em suas mãos, Wagner afirmou que não era possível atenção para todo mundo, o que complicava seu trabalho. Por isso, deu prioridade a quem vinha apresentando melhor resposta ao longo dos treinamentos.

"Na verdade, nós temos um elenco muito grande. E o ideal é ter entre, goleiros e jogadores de linha, 30, 32 atletas, no máximo. O ideal mesmo seria ter 25 jogadores de linha mais goleiros. Estamos trabalhando na lista desde a nossa chegada, não foi uma coisa repentina. Com 57 jogadores, entre sub-23 e profissional, fica impossível dar atenção devida para todos. Até na programação, fica difícil colocar todo mundo para participar de forma igual. Não só na parte técnica, como tática, de conhecer e interagir melhor com o atleta. Eu tinha oito jogadores de beirada, e a gente sabe que o ideal é ter dois de cada lado, dois ou três no máximo", disse Wagner."Dentre as opções que tínhamos, demos prioridade para os jogadores que melhor entenderam o que pedíamos", completou.

Ao todo, oito jogadores estão fora dos planos, e passam a treinar em um "grupo de transição". Entre eles, Sérgio Mota, que nem chegou a estrear pelo Vitória. Também estão na relação Vico e Guilherme Santos, que se recuperam de lesão. Já está certo que eles se juntarão ao grupo de transição quando forem liberados pelo departamento médico. Ainda aparecem na lista: Ronan, Mateusinho, Gabriel Bispo, Gabriel Inocêncio e Samuel Granada.

"É óbvio que Ronan é bom jogador, Samuel Granada... Se não fosse bom jogador, não estaria aqui. Sérgio Mota também. Mas, com as outras opções que eu tinha, preferi essas, porque me deram respostas mais positivas, sem querer expor ninguém. A gente torce para que Ronan volte a render o melhor possível, Granada, que Sérgio possa se recondicionar o mais rápido possível. São boas pessoas, pessoas sérias em busca de oportunidade. Infelizmente, não consegui dar oportunidade nem para o Sérgio, para o Granada, para o Inocêncio. Mas é baseado no que estava vendo nos treinos", explicou Wagner.

O treinador reconheceu que a missão era difícil, mas reiterou que era necessária diante do elenco inflado, e que a decisão não foi tomada de supetão."Maior respeito ao ser humano, mas sou pago para tomar decisões. E dei prioridade para as outras pessoas que estavam entendendo melhor o que eu estava pedindo. Não que os outros não entendiam, mas não estavam conseguindo executar, ou por falta de condicionamento... Enfim, entra na particularidade e não quero expor ninguém. Mas a decisão foi tomada com muitos dias de supervisão, respeitando o ser humano. As minhas decisões são difíceis, eu envolvo muita gente, família. É muito complicado, mas a gente procura ser o mais profissional possível".Há seis jogos sem ganhar na Série B e há cinco sem marcar gols, o Vitória terá mais um desafio neste sábado (9). Às 19h, o Leão recebe o Confiança no Barradão, em um duelo direto na briga contra o rebaixamento. O rubro-negro ocupa a 18ª posição, com 26 pontos, enquanto o rival está em 19ª, com 22.

Confira outros trechos da entrevista de Wagner Lopes:

Maior desafio da carreira? Eu considero que sim, pelo momento turbulento que o clube vive. Eu vejo muitas pessoas que amam o Vitória trabalhando aqui desde 7h da manhã até de noite. A gente participa de muitas reuniões para buscar soluções, com dirigentes atuais, com ex-dirigentes que já foram vitoriosos e estão nos ajudando. Eu vejo muita vontade de recuperar o clube, não só dos problemas internos que a gente tem, mas também o respaldo com a sociedade no geral. Credibilidade é uma coisa que você perde muito fácil. Muita coisa que a gente não estava aqui quando aconteceu, mas que acaba reverberando, influenciando no nosso dia a dia. É buscar saída para ter soluções e ter resultados desportivos. 

Ajustes para pegar o Confiança Eu acho que o tático, o técnico e o físico, tudo está integrado. Nós simulamos desde a construção com o goleiro até o último terço, as variações que nós temos de saída de bola, saída de três pelo centro, saída de três pelas laterais. Simulação de situações que a gente sabe que vai enfrentar. A gente estudou muito o Confiança. É um time que tem uma bola parada muito forte. Nós procuramos cercar todos os detalhes para que nosso time tenha uma atuação convincente, para dar uma resposta positiva. 

Ida à Igreja do Bonfim Nós acatamos a decisão da diretoria de ir, eu também queria conhecer. É um lugar muito bonito, que traz paz, boas energias, é muito famoso mundialmente. Acho que sempre é válido você orar, pedir fé, pedir perseverança. Acho que é um momento ímpar poder ir com a delegação em lugar assim. Eu acho que atrai coisas boas, energia boa. 

Papo com jogadores Tem papo todo dia, individual, coletivo. Muitas ações estão sendo feitas, não só de ordem psicológica, ordem técnica, ordem tática. Nós temos muitas situações que tentamos cercar, da melhor maneira possível, para que o jogador entre confiante. Primeiro ponto: equilibrar a fase defensiva, sem tomar gol. A partir do momento em que você não toma gol, buscar atacar de forma equilibrada, para fazer gol e, consequentemente, vencer os jogos. São dez finais. São jogos muito importantes e o próximo jogo é o mais importante da nossa vida, de todos os tempos. A gente precisa encarar isso como final. Muitas famílias dependem disso. Funcionários, prestadores de serviço, muita gente que tem o "ganha pão" no Vitória. A gente quer honrar essas pessoas fazendo bons jogos para que o time permaneça na Série B

Dia a dia em momento de turbulência Chego no clube por volta de 7h, e a gente sempre faz planejamento para o dia seguinte. Temos reuniões antes e depois do treino. E é sempre resolvendo um problema de cada vez. Não nos envolvendo em problema administrativo, que são os maiores problemas que temos hoje, além dos problemas de ordem técnica e tática que eu sou responsável. Tentamos blindar os jogadores da melhor maneira possível para ter concentração. Então, essa semana trabalhamos muito em saber truncar o jogo, em ser competitivo, saber brigar em todos os momentos do jogo, cada centímetro de grama ter que ser nossa. Ter disposição, raça. E o jogo contra o Goiás não fizemos isso. A gente bateu muito na fase defensiva, saber brigar, truncar o jogo, fechar linha de passe, ganhar primeira e segunda bola. Tudo que não conseguimos fazer contra o Goiás. Na parte ofensiva, ganhar o duelo, ter circulação de bola, jogo apoiado, valorizar ultrapassagens. Enfim, foi uma semana muito intensa. Temos que entrar com muita força para esse jogo contra o Confiança.