Xodó dos baianos, praia do Porto da Barra é reaberta e volta a receber banhistas

Tempo chuvoso afastou baianos, mas turistas marcaram presença

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  • Gil Santos

Publicado em 4 de maio de 2021 às 16:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Um dos mais famosos cartões postais de Salvador, o Porto da Barra foi reaberto nesta terça-feira (4), após 68 dias com o acesso proibido no local. Mas muitos amantes dessa praia deixaram o banho de mar pra depois, já que São Pedro não colaborou e o dia foi de tempo instável.

Os turistas, por outro lado, não abriram mão de aproveitar a praia, considerada uma das mais bonitas do mundo, e deitaram na areia para sentir os raios de um sol tímido que se escondia entre nuvens carregadas. A balconista Vânia Alves, 43, foi ao Porto com duas crianças, de 5 e 4 anos. Ela mora no Rio de Janeiro e está passando férias em Salvador.

"Ontem [segunda-feira] fomos para Amaralina, mas a gente queria muito vir ao Porto da Barra. Então, esperamos o tempo melhorar um pouco e saímos do hotel", contou. Ela disse que no Rio de Janeiro as areias estão liberadas sem restrição, mas aprovou os cuidados adotados em Salvador. "É importante para evitar o contágio".

O casal Rafael e Ana Luísa Soares, 32 e 28 anos, respectivamente, também tentou aproveitar o sol entre nuvens. A mulher passava protetor solar, que não pode ser deixado de lado mesmo em dias nublados, e lamentou não curtir um dia de céu azul. "É uma pena que o tempo esteja tão ruim, mas vamos tentar aproveitar antes de voltar para casa". Eles são naturais de Belo Horizonte (MG).

Essas foram algumas das poucas pessoas que arriscaram sair de casa e colocar o pé na areia, e menos ainda foram aquelas que se aventuraram a entrar no mar. Para completar o cenário a maré estava cheia e o mau tempo deixou as águas agitadas.

O clima cinzento não lembrava nem de longe aquele céu azul, com sol forte e sombreiros para todos os lados. Nesse primeiro dia, a ocupação da praia onde os sotaques se misturam ficou por conta dos turistas. A pedagoga paulistana Iolanda Gurgel, 44, foi com a irmã Sueli Maranhão, 42, e os sobrinhos Victor, 18, e Beatriz, 16 anos. A família chegou depois das 11h, e em um dia comum teriam tido dificuldade para encontrar um local para se alojar, mas ontem era outra história.

“Vir a Salvador e não conhecer o Porto da Barra não pode. Eu já estive aqui outras vezes, mas essa é a primeira vez deles [a família]. A praia é linda mesmo com chuva. A recomendação é não aglomerar, mas não teria como ser diferente. É tanto espaço vazio que a gente pode fazer distanciamento entre a gente”, brincou Iolanda. Mau tempo não espantou todos os banhistas da praia (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Restrições As praias foram reabertas na segunda-feira, com permissão para funcionarem de segunda à sexta-feira, mas no Porto da Barra existem algumas restrições. O funcionamento deve acontecer de terça à sexta, o aluguel de mesas e sombreiros está proibido, e atividades em grupos, como futebol e vôlei, permanecem suspensas. Banhistas também não podem levar os equipamentos de casa.

Alguns comerciantes reclamaram das proibições e no primeiro dia de reabertura estenderam faixas na areia pedindo que a prefeitura libere o aluguel de kits de cadeiras e sombreiros. O Município argumenta que a faixa de areia é muito estreita, principalmente quando a maré sobe, o que causa aglomeração e, por isso, o uso desses equipamentos foi proibido.

A praia do Porto da Barra foi citada em uma reportagem do jornal estadunidense The New York Times, em setembro do ano passado, como um dos locais mais bonitos para se visitar. Na época, o espaço estava fechado por conta da pandemia. Dois meses depois, ela foi reaberta com a população comparecendo em peso no primeiro dia. A cidade estava se aproximando o verão, o sol estava forte e a temperatura elevada.

Um cenário bastante diferente do de ontem. O mau tempo deixou a praia, que já recebeu artistas como Caetano Veloso, irreconhecível, e afugentou até os atletas. O vai e vem frenético das corridas e caminhadas no calçadão deu lugar ao vazio. As bicicletas da prefeitura, as chamadas laranjinhas, puderam descansar, os patinadores não apareceram, e os skatistas também tiraram o dia de folga. O resultado foi um silêncio ensurdecedor.