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Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2024 às 19:40
Os Jogos Olímpicos de Paris ainda estão no seu início, mas já propiciaram momentos de euforia para os brasileiros. Na tarde desta terça-feira (30), pela primeira vez na história na prova por equipes da ginástica artística feminina, o Brasil terminou no pódio e conquistou a medalha de bronze.>
Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira foram lideradas por Rebeca Andrade, principal estrela do Brasil na competição. Com a conquista, Rebeca Andrade agora tem três medalhas Olímpicas no currículo. O Brasil ficou à frente de Grã-Bretanha, República Popular da China, Japão, Canadá e Romênia. Conheça um pouco mais sobre as cinco ginastas que levaram o país ao pódio.>
Já são 18 anos na ginástica artística, e 17 desde que Jade Barbosa subiu ao pódio defendendo as cores do Brasil pela primeira vez. A atleta pratica o esporte desde os 15 anos de idade. Hoje, com 33, segue exercendo uma figura de liderança dada sua experiência, e em 2023, foi a responsável pelo design dos collants da equipe.>
Do primeiro pódio em 2007, Jade foi medalhista no Mundial de Ginástica e se destacou nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. De lá pra cá, foram duas participações em Jogos Olímpicos (Beijing 2008 e Rio 2016) e quase 100 medalhas na carreira, incluindo 13 em etapas da Copa do Mundo.>
Aos 15 anos, Jade Barbosa foi o grande destaque de sua modalidade nos Jogos Sul-Americanos realizados em Buenos Aires, em 2006. Ali, somou cinco ouros. A medalha de bronze no individual geral no Campeonato Mundial em Stuttgart, na Alemanha, até então um feito inédito para o Brasil, colocou a carioca definitivamente no mapa da ginástica artística mundial.>
Entre 2009 e 2013, Jade Barbosa enfrentou inúmeros desafios na carreira, principalmente por conta de lesões. Ainda assim, continuou em atividade, realizando feitos relevantes à ginástica artística brasileira. Voltou aos Jogos Olímpicos do Rio 2016, mas teve como melhor resultado o 23° lugar no individual geral. No ciclo seguinte, voltou a sofrer com contusões e não conseguiu disputar sua terceira edição dos Jogos Olímpicos, em Tóquio 2020. >
A experiente ginasta foi convocada depois de ser peça-chave na prata conquistada pelo Brasil durante a disputa por equipes do Campeonato Mundial de 2023, com uma consistente atuação no salto, repetindo o feito nos Jogos Pan-Americanos de Santiago.>
O começo da carreira de Júlia Soares teve influência direta da família. Incentivada pelo pai desde pequena a praticar algum tipo de atividade esportiva e, observando a irmã mais velha, Júlia decidiu começar a treinar ginástica artística.>
No Centro de Excelência em Ginástica do Paraná, que foi, por muitos anos, casa de grandes nomes como Daiane dos Santos, foi onde Júlia chamou a atenção da treinadora ucraniana Iryna Ilyashenko. Ela encarou testes de força e agilidade e passou, entrando de vez para o esporte de alto rendimento. Naturalmente, foi se destacando em diversas competições nacionais e internacionais, chegando à seleção brasileira.>
Os primeiros resultados que chamaram atenção foram em 2018, quando foi campeã Sul-Americana Júnior na trave. No ano seguinte, ficou em quinto lugar no individual geral do Campeonato Brasileiro de Aparelhos, e conquistou o bronze na trave e no solo, disputando com ginastas da categoria júnior e sênior. Com isso, foi selecionada para representar o Brasil no Campeonato Mundial Juvenil. Ficou em 15º lugar no individual geral e ajudou a equipe a terminar em sétimo lugar.>
Um dos momentos mais importantes, porém, aconteceu em 2021, quando começou a competir na categoria sênior, aos 15 anos. E foi nesse ano que Júlia Soares conseguiu homologar um elemento com o seu nome, que entrou para o código da FIG (Federação Internacional de Ginástica). >
O “Soares”, uma entrada na trave em vela com meia pirueta, nunca tinha sido feito antes por nenhuma ginasta. Por isso, leva o nome da paranaense, à exemplo do “Dos Santos”, de Daiane. Aos 18 anos, em Paris, Júlia mostrou uma coreografia no solo que mistura Raça Negra e Edith Piaf.>
Nascida em 1998, a carioca Lorrane Oliveira despontou para a ginástica na mesma geração de Rebeca Andrade e Flávia Saraiva (ambas um ano mais novas). A ginástica artística entrou na vida da atleta quando tinha apenas cinco anos. Encantada com Daiane dos Santos, campeã mundial no solo em 2003, ela queria experimentar a modalidade. >
Passou logo no primeiro teste no Vasco da Gama e ficou apenas seis meses. Foi tempo suficiente para chegar ao Flamengo. Entre 2014 e 2017 passou pelo CEGIN (Centro de Excelência em Ginástica), no Paraná, para retornar ao Flamengo e se manter entre as convocadas na equipe brasileira.>
Ela era considerada uma das grandes promessas do Brasil na modalidade em seu início, mas desde cedo precisou superar lesões e encarar recomeços. A primeira delas veio logo após subir à seleção adulta em 2013. Um dos ombros saiu do lugar e ela precisou de duas cirurgias, ficando sem competir em 2014. No ano seguinte, retornou como melhor atleta do Brasil no individual geral do Mundial da modalidade em 2015 e presente na equipe oitava colocada nos Jogos Olímpicos Rio 2016.>
Uma sequência de lesões vieram após os Jogos e fizeram a atleta repensar a carreira. Quando retornou à seleção em 2018, não saiu mais da equipe. Esteve nos Jogos Pan-Americanos 2019 (bronze), conseguiu criar um movimento inédito (batizado de “Oliveira”) quando conquistou o bronze na Copa do Mundo de Doha, em 2021, e ajudou a equipe a garantir a inédita prata no Mundial de 2023.>
Agora medalhista olímpica, Lorrane chegou em Paris 2024, pouco tempo após uma tragédia pessoal. Sua irmã, Maria Luiza, faleceu aos 21 anos em abril, quando a atleta estava em um período de treinos com a seleção na Europa. “Te agradeço por me fazer enxergar a vida de outra maneira, por me ajudar a me tornar a mulher mais forte que sou hoje e por ser minha fã número 1”, homenageou Lorrane em seu Instagram.>
Flávia Saraiva é daqueles talentos que se manifestam naturalmente. E foi uma prima, professora de educação física, quem percebeu a habilidade da menina para a ginástica. Flavinha adorava dar piruetas e se pendurar em árvores. Começou a treinar quando tinha oito anos, em um projeto social no subúrbio do Rio de Janeiro. Logo chamou a atenção de Georgette Vidor, ex-coordenadora da seleção e uma das grandes mentoras da ginástica no Brasil.>
Por começar relativamente tarde na ginástica, Flavinha ouvia de Georgette que precisava se “apressar”. E a evolução da jovem contou com o apoio dentro de casa. Sua mãe saiu do emprego de vendedora para acompanhar a filha na exaustiva rotina de escola e treinamentos. Os Saraiva chegaram, inclusive, a se mudar de cidade para que a carreira da garota prosperasse, quando ela tinha 11 anos.>
A eclosão de Flávia aconteceu num torneio em que Rebeca Andrade não pôde disputar. A colega estava classificada para os Jogos Olímpicos da Juventude Nanjing 2014, mas se lesionou. Flavinha viajou no lugar e honrou a chance com três medalhas: ouro na trave, pratas no solo e no individual geral.>
A Rio 2016 terminou com Flávia na quinta colocação da trave, a apenas dois décimos do bronze. A adolescente de 16 anos competiu em alto nível na sua primeira Olimpíada, mas precisou lidar com uma série de lesões e um estirão de 14 centímetros até se estabilizar.>
Com a medalha de bronze estampada no peito e apenas 24 anos, Flavinha está em sua terceira participação nos Jogos Olímpicos e já se consolida como uma das referências na ginástica e na história do esporte brasileiro.>
O fenômeno brasileiro tem nome e sobrenome: Rebeca Andrade. A liderança técnica do Brasil levou a equipe à conquista histórica, mas por muitos anos, a trajetória da atleta foi acompanhada por lesões e cirurgias. Em agosto de 2021, em Tóquio, ela se tornou a primeira mulher e apenas quinta atleta brasileira multi-medalhista em uma mesma edição de Jogos Olímpicos. Desde então, a carreira deslanchou nestes três anos.>
É uma das 11 mulheres a ter conquistado medalha em todos os eventos do Campeonato Mundial de Ginástica Artística, com três títulos mundiais, quatro pratas e dois bronzes. Nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023 foram dois ouros, e duas pratas. Além disso, ela venceu por três vezes consecutivas o Prêmio de Atleta Feminina do Ano outorgado pelo Comitê Olímpico do Brasil. É a única atleta na história do prêmio, em qualquer gênero, a conseguir esse feito.>
Nascida em Guarulhos, Rebeca iniciou na ginástica aos seis anos. Foi uma infância difícil, na qual a ginasta caminhava 1h30 aos treinos e se alimentava no ginásio. Ao lado do treinador Francisco Porath, Rebeca se mudou para Curitiba aos 10 anos. Lá integrou a seleção brasileira, passando a competir em 2012, ano em que ganhou cinco medalhas no Pan-Americano Juvenil, incluindo o ouro no individual geral, solo e salto.>
Rebeca encantava o público por onde passava, mas uma fratura no dedão do pé significou que ela não pôde participar dos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014, sendo substituída por Flávia Saraiva.>
Na estreia pela seleção adulta, ela passou em primeiro lugar nas eliminatórias da Copa do Mundo de Liubljana, conquistando o bronze, mesmo com dois erros. Porém, rompeu - pela primeira de três vezes - o ligamento cruzado anterior em 2015, ficando de fora dos Jogos Pan-Americanos Toronto 2015.>
2016 foi o ano de consolidação da atleta, em que a joia de 16 anos conseguiu fazer a festa do público brasileiro. Primeiro, na Copa do Mundo de São Paulo, com a prata no salto. E poucos meses depois, ela passou em terceiro nas classificatórias dos Jogos Olímpicos Rio 2016, mas terminou em 11º na final do individual geral e participou da equipe brasileira que terminou em oitavo. Rebeca Andrade foi o grande nome do Brasil nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, mas até abril de 2021, sua participação não estava garantida.>