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Tharsila Prates
Publicado em 10 de julho de 2025 às 21:43
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (10), em entrevistas às TVs Record e Globo, que o governo federal vai abrir uma reclamação oficial junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas de 50% sobre exportações de produtos comerciais aos Estados Unidos, anunciada nessa quarta (9) por Donald Trump. Caso não haja avanço, o presidente brasileiro disse que aplicará a lei de reciprocidade, ou seja, também taxará o país norte-americano. À Record, ele citou o mesmo valor de 50%.>
"Não tomo decisão com 39 graus de febre. Vamos tentar primeiro com a OMS, para que ela tome uma posição para saber quem está certo e quem está errado. Não queremos brigar com ninguém, mas não aceitamos intromissão", disse Lula, na Globo.>
A ideia do presidente é que o recurso à OMC seja articulado com outros países que também estão sendo taxados pelos Estados Unidos. "Dentro da OMC, você pode encontrar um grupo de países que foram taxados pelos EUA. Tem toda uma tramitação que a gente pode fazer. Se nada disso der resultado, vamos ter que fazer [de acordo com] a Lei da Reciprocidade", acrescentou ele, na Record.>
A lei brasileira citada pelo presidente foi sancionada em abril e estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.>
Lula voltou a dizer que é inaceitável a ingerência de um país na soberania de outro, se referindo à carta em que Trump cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. "A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!", escreveu Trump, usando as maiúsculas.>
"Aqui tem justiça, o país está fazendo um processo com presunção de inocência", rebateu Lula.>
Sobre "os déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos" citados por Trump, Lula voltou a dizer que é mentira, que os Estados Unidos são superavitários que o presidente norte-americano está mal informado.>
"Ele está tentando atrapalhar uma relação virtuosa de 200 anos entre Brasil e Estados Unidos", afirmou Lula.>
O presidente brasileiro disse ainda que pretende reunir todos os empresários que exportam para os Estados Unidos, a Embraer, para obter informações, negociar e, se esgotar as negociações, o Brasil irá aplicar a lei da reciprocidade. "Aí os empresários terão que estar alinhados com o Brasil.">
Por fim, Lula disse que vai procurar novos mercados para os produtos brasileiros. "A relação tem que ser respeitosa. Presidente nenhum deve ser o dono da verdade, nem ter relação ideológica com os países.">
Sobre a visita à ex-presidente Cristina Kirchner, na Argentina, que vem sendo criticada, Lula respondeu à jornalista Deliz Ortiz que foi autorizado pela Justiça argentina e que atendeu a um pedido da ex-mandatária.>