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Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 14:53
- Atualizado há 2 anos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou, na noite de quinta-feira (7), parte da produção da Bahiafarma - laboratório farmacêutico mantido pelo estado da Bahia. A medida foi tomada após a divulgação, também na quinta, de que o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) tinha reprovado testes rápidos para diagnóstico de dengue, zika e chikungunya feitos pelo laboratório baiano. >
Os testes foram comprados pelo Ministério da Saúde e estavam sendo utilizados no Sistema Único de Saúde (SUS), quando estados como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Acre e Goiás apontaram problemas. Alguns lotes foram, então, enviados para análise e os resultados indicaram baixa sensibilidade, o que indica risco de o paciente com a doença ser considerado saudável.>
Já a ação da Anvisa aconteceu logo após uma inspeção conduzida pela agência na linha de produtos para saúde da empresa. De acordo com o órgão federal, a interdição tem caráter preventivo. A medida será publicada nos próximos dias no Diário Oficial da União (DOU) e pode durar por até 90 dias a partir da sua publicação.>
Através da assessoria, a Bahiafarma informou que são “improcedentes” as informações de que os testes foram reprovados. Segundo o laboratório, análises de controle feitas pelo INCQS em setembro do ano passado aprovaram os testes rápidos de dengue, mas apontaram “inconformidades” em um lote do teste de chikungunya e em um lote do teste de zika – este com data de validade já vencida.>
O laudo do INCQS ficou pronto em dezembro, mas o Ministério da Saúde pediu uma nova análise. O órgão federal comprou em testes em duas ocasiões: o primeiro lote, que custou R$ 119 milhões, em 2016, um ano após o grande surto de zika. Já em 2017, foram adquiridos 6,5 milhões de testes, desta vez de dengue, zika e chikungunya, por R$ 162,5 milhões.>
Os testes do contrato de 2017 foram distribuídos para todos os estados no ano passado, quando alguns começaram a apontar inconsistência nos kits. Alguns estados chegaram a suspender os testes rápidos da Bahiafarma. >
Análise fiscal A partir desses resultados, ainda de acordo com a Bahiafarma, a Anvisa requisitou uma análise fiscal dos testes. Essa análise será conduzida por um laboratório credenciado pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). “Ainda que não tenha recebido laudos sobre a realização das análises de controle, como prevê o rito legal, a Bahiafarma determinou que todas as medidas necessárias para a comprovação da acurácia dos seus testes fossem tomadas em caráter imediato”, informou o laboratório baiano.A Bahiafarma ressaltou que seus testes rápidos têm registros na Anvisa desde 2016, quando começaram a ser distribuídos em todo o país, pelo SUS. O laboratório destacou que, desde então, nunca recebeu nenhuma reclamação formal sobre o desempenho dos testes rápidos. Os testes, completam, passaram por inspeções sanitárias e avaliações de qualidade de desempenho. Só neste último caso, foram três avaliações do próprio INCQS. >
No entanto, a empresa ponderou que fatores ambientais podem interferir nos resultados. É o caso de aspectos como temperatura de transporte, armazenamento dos dispositivos de teste e erros na manipulação das amostras testadas. >
“A Bahiafarma segue confiante na qualidade de seus produtos ofertados ao Sistema Único de Saúde ao tempo em que está procedendo com todas as análises e ritos previstos pela legislação visando a reafirmação da acurácia dos seus testes rápidos”, completou o laboratório, em nota.>
A Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma) integra a administração pública indireta do Poder Executivo do Estado da Bahia, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesab).>
Entenda as diferenças entre dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo Aedes aegypti Dengue – Das três doenças, é a que existe há mais tempo no Brasil. Entre os sintomas estão febre alta (dura entre 2 a 7 dias), dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. >
Em casos mais graves, a pessoa pode apresentar sangramentos no nariz e gengivas, dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. >
Chikungunya - O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos, que é mais intensa do que nos quadros de dengue. Também provoca febre repentina (acima de 39 graus), dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. >
Cerca de 30% dos pacientes não manifestam os sintomas. Os primeiros casos da doença no Brasil apareceram em 2014, no Amapá.>
Zika - A febre é mais baixa do que a da dengue e chikungunya, mas o paciente fica com olhos avermelhados, diarreia, conjuntivite e coceira. Os sintomas duram, em média, sete dias. O problema é que a zika está relacionada a uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia. >