Caixa facilita a vida de quem quer comprar imóvel; veja novidades

Juros menores e aumento do limite para financiar imóveis usados devem aquecer mercado

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  • Raquel Saraiva

Publicado em 17 de abril de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

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Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO Já pensou em economizar R$ 75 mil na compra de um imóvel de R$ 500 mil? Quem financiar a casa própria a partir desta segunda-feira (16) vai ter à disposição juros mais baixos no crédito imobiliário.

As mudanças anunciadas pela Caixa Econômica Federal valem para financiamentos que utilizem recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Esse é o primeiro corte anunciado pelo banco desde novembro de 2016.

Para compra de imóveis utilizando o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), no qual estão enquadrados os imóveis residenciais de até R$ 800 mil, para todo o país, exceto para Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, onde o limite é de R$ 950 mil, as taxas mínimas passaram de 10,25% ao ano para 9% a.a. Os juros máximos caíram de 11% para 10,25%.

Os imóveis residenciais acima dos limites do SFH são enquadrados no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI). Para estes, as taxas mínimas passaram de 11,25% a.a. para 10% a.a., e as máximas de 12,25% para 11,25%. 

De acordo com Carlos Henrique Passos, diretor do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), a mudança traz vantagens ao mercado.“É uma notícia excelente! Ele cria não só redução da prestação do imóvel mas também um aumento na capacidade de compra da família”, comenta Passos.Com a mudança, a Caixa se torna a instituição bancária com a melhor opção de taxa para o consumidor. Os bancos Itaú e Bradesco empatam em segundo lugar, segundo a consultoria Melhor Taxa.Compra O horizonte é animador para quem planeja comprar a casa própria, como é o caso do jurista Matheus Maciel, 25 anos. Há cerca de um ano ele procura apartamento em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. 

“A alta de juros dos bancos públicos me fez pensar em alugar um imóvel, mas mesmo com a dificuldade de financiamento valia mais a pena comprar. Ainda vou avaliar as novas taxas da Caixa, para saber qual banco oferece as melhores condições para mim”, conta ele, que pretende pagar uma entrada e financiar o restante do valor.

O diretor do Sinduscon explica ainda que a redução nas taxas de juros pode impulsionar outros bancos a fazerem o mesmo. “A Caixa é o maior banco de crédito imobiliário, acreditamos que outros bancos vão repetir esse gesto para não perder os clientes”, disse.“Isso é muito benéfico para o mercado. Nós vemos com bons olhos, e desencadeia uma cascata, porque uma venda sempre leva à outra”, afirma José Alberto de Vasconcellos Oliveira, 2º Vice-Presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 9ª região (Creci).A Caixa informou que possui R$ 82,1 bilhões para o crédito habitacional para 2018.

Planejamento Mesmo com juros mais baixos, a decisão de comprar um imóvel requer planejamento. “Os juros estão um pouco mais baixos mas ainda são altos. Isso significa que [no financiamento] você se compromete não só com o pagamento do imóvel, mas também com o pagamento das taxas de juros”, alerta o economista Gustavo Casseb Pessoti, presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia e professor da Universidade Salvador (Unifacs).

Ele recomenda que, além das taxas de juros e condições de financiamento, sejam avaliados fatores como estabilidade no emprego, outras dívidas que estão no seu orçamento e seus gastos fixos.

“Temos que lembrar também dos custos fixos no dia a dia, como luz, condomínio e mensalidade de escola, e quanto eles representam do seu orçamento real. O que a gente acredita ser uma situação ideal para quem quer comprar imóvel é se a pessoa tem custo fixo de até 60%, se for superior é certeza que ela vai ter problema de financiamento a longo prazo”, menciona.

Economizar para dar uma boa entrada também é uma boa saída para quem quer economizar. “Fazer uma poupança ou qualquer aplicação financeira vale muito a pena. Quanto maior a entrada, menor as taxas de juros, o que dá um alívio nas parcelas”, avalia o economista. 

Quem quer comprar para investir tem que tomar cuidados extras para que, no futuro, o valor investido no imóvel seja recuperado. “Ele é um investimento. Outros mini investimentos precisam ser feitos nele para que seu patrimônio continue preservado. Tenha ciência também da localidade onde você está comprando seu imóvel”, aconselha Gustavo Pessoti.

Usados Além da redução de juros, a Caixa aumentou o limite para financiar imóveis usados de 50% para 70%. O banco também retomou o financiamento de operações de interveniente quitante (imóveis com produção financiada por outros bancos) com cota de até 70%.

“O objetivo da redução é oferecer as melhores condições para os nossos clientes, além de contribuir para o aquecimento do mercado imobiliário e suas cadeias produtivas”, diz Nelson Antônio de Souza, presidente do banco, em nota.

Liderança Apesar de ainda concentrar 69% dos financiamentos imobiliários no país, a participação da Caixa neste segmento diminuiu, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Em novembro de 2017, o Itaú, seguido do Santander e do Bradesco foram os bancos que mais emprestaram na linha SBPE naquele mês. A Caixa, que até outubro do mesmo ano era a líder, caiu para a quarta posição.

Em fevereiro de 2018, o banco ficou em segundo lugar, direcionando R$ 783 milhões para esse tipo de financiamento imobiliário, só atrás do Bradesco, com R$ 1 bilhão. Todos os empréstimos da linha somaram R$ 43,1 bilhões em 2017.

Segundo Alberto Ajzental, professor de mercado imobiliário da Fundação Getulio Vargas (FGV), com o corte de juros, a Caixa deve recuperar sua posição. "Agora, o banco alinhou seus juros ao preço de mercado. Ao subir para 70% o que empresta para os imóveis usados, ajuda a movimentar o mercado, inclusive porque há quem venda um usado para comprar um novo”, conclui.