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Bruno Wendel
Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 13:44
- Atualizado há 2 anos
A morte do engenheiro Donny Thomas Velloso, 33 anos, após reagir a um assaltado no bairro de Luís Anselmo nesta terça-feira (14), não foi um fato isolado de violência na região. Moradores relataram que ladrões agem diariamente devido à falta de policiamento. A solução encontrada por eles foi a contratação de uma segurança privada. >
"Os assaltos aqui eram diários. Toda hora era um carro roubado, era gente que teve o celular tomado a mão armada. Como a polícia dificilmente passava, resolvemos contratar uma empresa de segurança há quatro meses e, desde então, não tivemos ocorrências. Infelizmente, onde o engenheiro morreu não faz parte do perímetro de atuação da empresa", declarou na manhã desta quarta-feira (15) o comerciante Alan Magrão, 40 anos, morador de um dos edifícios da Rua Parambu, que fica paralela à Rua Lívia Giffoni, local onde o ocorreu o crime. >
A Rua Parambu tem 700 metros de extensão e é cercada por edifício, alguns ainda. construção. A segurança privada foi contratada para atuar no perímetro dos quatro primeiros edifícios da rua - os demais, seis no total, não quiseram. "Houve algumas discordâncias entre moradores e optaram pela não contratação. No entanto, só a presença dos seguranças particulares 24 horas em parte da rua inibe a ação dos bandidos", pontuou Alan.>
Ele conta que paga mensalmente R$ 38. "Só no meu prédio são 128 apartamentos. Quando fizemos um orçamento para todos os prédios da rua, isso há quatro meses, o valor total a ser pago à empresa de segurança era aproximadamente R$ 60 mil", disse ele, que não se arrepende da medida adota. "O ideal seria uma segurança pública de qualidade, mas isso está muito longe de acontecer. Por isso que adotamos a medida que, até então, vem funcionando", declarou o comerciante. >
A segurança privada na Rua Parambu é composta de uma viatura e moto , além de totens sinalizando o trecho de cobertura 300 dos 700 metros da rua. Um dos seguranças disse que antes da empresa chegar havia muitos assaltos na região. "Muitos celulares roubados. Os moradores relatavam que eram abordados assim que deixavam a portaria. Hoje isso não acontece mais. A gente trabalha 24 horas, subindo e descendo até onde o nosso serviço foi contratado", explicou.>
O porteiro de um dos edifícios que paga a segurança privada deu mais detalhes como a situação era antes. "Cansei de ver moradores sendo abordados por motoqueiros ou por bandidos saindo de um carro. Uma certa vez, uma senhora chegou a ter uma luta corporal com um motoqueiro, porque não queria da o celular. A sorte dela foi que a arma do comparsa falhou duas vezes. Por pouco ela não teve o mesmo destino do engenheiro", contou ele, fazendo referência à morte de Donny Thomas Velloso. >
Insegurança Donny morava em um dos edifícios que não são cobertos pela segurança privada na Rua Parambu. Ele morava no 12° andar. O porteiro do prédio disse que o apartamento estava vazio. "A família toda está na casa de parentes", disse ele, que não autorizado a dar mais detalhes. >
O edifício onde o engenheiro morava fica a uns 500 metros do local do crime na Rua Lívia Giffoni. Na manhã desta quarta, as pessoas tentavam retomar à rotina, mas ainda estavam apavoradas. "Nunca me senti segura aqui. Moro na Parambu, mas faço crossfit aqui, na Lívia Giffoni. De lá para cá são 150 metros, mas saio sem celular, sem carteira, sem chave de carro. Levo só garrafa de água. Aqui tem muito assalto. A gente não pode parar nem pra falar com alguém, porque corre o risco de uma abordagem deles", disse a fisioterapeuta Rafaela Gouveia, 33. >
Moradora da Rua Lívia Giffoni há mais de 15 anos, a dona de casa Aidêe Rocha, 51, disse que os assaltos começaram há aproximadamente sete anos, com o desenvolvimento da região. "Antes desses prédios novos e padaria e lojas diversas, isso aqui era um sossego. Passávamos horas de portas e janelas abertas. Mas com a chegada de toda essa infraestrutura, os bandidos acham que aqui só mora quem tem dinheiro. Hoje, são dois, três carros roubados por semana. Ninguém mais pode sair falando ao celular que é roubado . E o pior: a polícia só vem quando alguém.morre, quando o caso tem repercussão. Depois, volta tudo como era antes e os moradores que lutem!", desabafou. >
Em nota, a Policia Militar disse que o policiamento na localidade é feito diariamente pela 58ª CIPM, que emprega policiais militares nas rondas ostensivas com utilização de viaturas, na realização de abordagens preventivas a transeuntes e a veículos, bem como operações na região. "O entorno da rua é reforçado com as equipes das operações Apolo e Gêmeos, que coíbem respectivamente roubos de veículos e de ônibus, da Rondesp Atlântico e do Esquadrão de Motociclistas Águia apoiando nas ações táticas e de trânsito, além de apoiar a presença ostensiva nas possíveis rotas de fuga de criminosos. A PM reforça a importância do registro das ocorrências em delegacia e relembra o número 181 do disque denúncia para que os moradores colaborem com informações para o aprimoramento do trabalho da polícia", afirmou.>
Crime O engenheiro Donny morreu ao reagir a um assalto na Rua Lívia Giffoni. Ele estava com o cachorro no banco de trás do veículo. O tutor descia do carro quando tudo aconteceu, em frente a um petshop que fica em um centro comercial no bairro.>
Testemunhas contaram que a intenção dos ladrões era levar o cachorro, mas houve briga e Donny foi baleado à queima-roupa. Já o dono do petshop disse ao CORREIO que em nenhum momento o cachorro foi alvo dos bandidos, e que eles estavam passando de carro quando viram a vítima estacionar e agir. >
Ele viu a cena nas câmeras de segurança do estabelecimento. "A gente conseguiu ver o cara na porta tomando os pertences dele. O cachorro dele estava no banco do fundo. Em nenhum momento pegou o cachorro dele. Quando o cara dá as costas para ir embora, ele entra em luta corporal com o rapaz. Aí os dois caíram no meio da rua, o ladrão conseguiu se levantar e deu um tiro nele", diz. Donny era cliente e costumava levar o cachorro para o petshop. Ele tinha marcado horário para 14h no local.>
De acordo com a Polícia Militar o veículo utilizado pelos assaltantes tem sinalização de que foi roubado - ele foi levado da Avenida Vasco da Gama, na quinta-feira (9). Desde então, os homens estariam utilizando o carro para cometer crimes. >
Em um perfil de uma plataforma de ensino, Donny se apresenta como engenheiro mecatrônico, de 32 anos, casado. Ele afirmava atuar como empreendedor e autônomo. Até a manhã desta quarta, o corpo dele aguarda os parentes para a liberação no Instituto Médico Legal (ML), segundo o Departamento de Policia Técnica (DPT).>
Em nota, a Polícia Civil diz que a 1ª Delegacia de Homicídios/Atlântico investiga o crime. A unidade investiga se a ação tinha como objetivo o roubo do automóvel da vítima. As equipes fazem diligências para identificar o responsável pelos disparos e o paradeiro do carro que deu fuga ao criminoso.>