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Alexandre Lyrio
Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 05:30
- Atualizado há 2 anos
Desconhecidas do grande público, atrações do Furdunço desenvolvem trabalhos de qualidade (Foto: Betto Jr./Arquivo CORREIO) Imagine uma metamorfose ambulante movida a pedaladas que mistura rock e marchinhas de Carnaval. Logo atrás uma trupe performática de 15 percussionistas com instrumentos fabricados a partir de material reciclável. Mais um pouco e lá vem uma dupla de irmãos carregando seu público adolescente e cheio de consciência sustentável. Segura um instante e a cantora que participou de todos os carnavais desde que tinha 7 anos relembra os anos 80. Ainda tem uma roqueira que caiu de paraquedas na folia e uma banda de amigos que faz releituras de axé. >
Achou variado? Agora some a essas seis atrações outras 42 que misturam uma infinidade de sons e públicos. Esse é o Furdunço! E são esses artistas que fazem, junto com alguns poucos medalhões, o pré-Carnaval mais procurado pelo folião de Salvador desde 2014. Naquele ano, o Furdunço tinha o objetivo de atrair os turistas mais cedo para a cidade. >
A ideia era criar um clima de antigos carnavais aliado a novos nomes da nossa música. Em vez do trio gigante, eles usariam equipamentos menores e deixaria a rua livre para o folião. Deu certo! Sete anos depois, o Furdunço deve lotar as ruas da Barra, neste domingo, com os equipamentos sonoros seguindo o contrafluxo do circuito Barra/Ondina. As atrações não são exatamente “estouradas”, mas é exatamente isso que dá força ao evento. Conheça melhor algumas atrações que fazem o Furdunço. Malucos Beleza do Bicicletrio abrem desfile (Foto: Divulgação) Bicicletrio Toca Raul O que Raul Seixas tem a ver com Carnaval? Tudo! “Raul tem um trabalho lúdico e irreverente. Isso tem tudo a ver com Carnaval”, diz o cantor e compositor Marcos Clement, do projeto Bicicletrio Toca Raul, que abre o desfile desse domingo. No 2º ano de Furdunço, o bicicletrio é um nanotrio movido a pedais e leva a irreverência da vasta obra de Raul Seixas para o evento. A banda Arapuka traz clássicos como Maluco Beleza, Metamorfose Ambulante e Tente Outra Vez para a avenida e faz divertidas releituras de marchinhas e frevos, sem perder a essência rock’n roll. >
O universo lúdico das canções de Raul Seixas já justificaria o sucesso do Bicicletrio, mas a banda Arapuka também capricha no figurino para lembrar por quantos personagens Raul Seixas passeou através de seus clipes e canções. No Furdunço deste ano, o Bicicletrio Toca Raul presta uma homenagem aos 75 anos de nascimento de Raul e 30 anos de sua partida, tendo como inspiração a emblemática canção Trem das 7. Marana anima fãs com axé music revisitada (Foto: Marina Silva/ArquivoCORREIO) Marana Você já viu um Peixinho Elétrico nadando nas festas por aí? Não? Pois é, são cinco músicos a bordo de um mini trio que sacode a galera com seus galopes carnavalescos e tropicalismo aliados à guitarra baiana e outros elementos da “música popular baiana”. É a axé music revisitada! A Marana e seu Peixinho costumam tocar em diversas festas populares, inclusive na Lavagem do Bonfim, nos bloquinhos do Santo Antônio Além do Carmo e no Pelourinho. A própria Marana, que está na área desde 2011, admite que cresceu incentivada pelos editais públicos ligados ao Carnaval e aos festejos juninos. Ao mesmo tempo, tem um trabalho autoral que já está no terceiro disco.>
A Marana toca no Furdunço desde 2015 e vai desfilar pela sexta vez. “O Furdunço nasce com a ideia de um Carnaval mais participativo e sem corda e ele é muito bem-sucedido nisso. A gente aparece nesse cenário dando vazão a um repertório mais retrô, já que o axé tava trazendo um tipo de música descartável”, diz Chico Gomes, voz e guitarra baiana. “Nosso repertório será cheio de clássicos”, avisa. Quanto ao Peixinho Elétrico, esse tem se travestido de outras fantasias e nesse Furdunço sai como a representação de uma Tenda Mística. Viviane faz a 'terra tremer' desde os 7 anos (Foto: Paulo Macedo/Arquivo CORREIO) Viviane Tripodi O Trio Novos Bárbaros estava na altura do Relógio de São Pedro, na Avenida Sete de Setembro, quando a terra tremeu. Isso mesmo! Uma criança de apenas 7 anos pegou o microfone das mãos do cantor Edu Casanova. A outra cantora, Simone Moreno, apenas observou. Essa criança era Viviane Tripodi. Ela cantou uma música que era lançada naquele ano e que se tornaria um clássico: Terra Tremeu. “Foi um estouro. Todas as televisões no dia seguinte estavam atrás”, lembra Viviane.>
Desde então, a filha de Alberto Tripodi, aclamado carnavalesco e proprietário dos trios elétricos Novos Bárbaros e Tripodão, cantou em todos os carnavais. “Seu Osmar Macedo me chamava de ‘minha netinha’”, lembra. De uma família de veteranos carnavalescos, a história de Viviane se confunde com a do trio elétrico e do Carnaval. Foi a primeira cantora infantil a se apresentar no alto do caminhão sonoro na avenida. Ela diz que sempre paquerou o Furdunço. “Esse ano me empenhei muito e conseguimos participar. É um processo seletivo muito denso”, conta. “No Furdunço você tem a chance de ver o Carnaval raiz”.>
Sylvia Patrícia No passado, Sylvia Patrícia nunca se imaginou tocar no Carnaval. Sua carreira sempre foi marcada pela mistura de bossa nova, blues, jazz, rock e soul. Mas, em 2012, em uma quarta-feira antes do Carnaval, chamou os vizinhos da rua Almirante Barroso, no Rio Vermelho, para criar o bloco “Esperando as Outras”, na pracinha da rua, onde já fazia show na Festa de Yemanjá. “Contratamos um naipe de sopro e começou a descer gente dos predios, a juntar gente. Os músicos foram embora e eu então peguei o violao, o microfone e comecei a cantar Carnaval. Cantei a música do Jacu, de Waltinho Queiros”. Pronto, Sylvia descobriu que sabia fazer Carnaval. Dois anos depois, criava o mini trio Tuk Tuk Sonoro, que tocou no primeiro Furdunço. Desde então, Sylvia e seu Tuk Tuk tocaram em todos os furdunços. “O Carnaval de Salvador tava muito engessado com os trios enormes e comecei a brincar de fazer Carnaval”, explica. “A gente traz outras coisas para o Carnaval, outras músicas do meu repertório. É sempre muito divertido fazer essa incursão nesse universo e tocar com a banda do Tuk Tuk. Resgatar músicas antigas, resgatar Caymmi, fazer essa salada musical”. Percussionistas do projeto Quabales (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) Quabales Não se assuste se, nesse Furdunço, você der de cara com um trio repleto de lixo. Isso mesmo! Lixo! É que o veículo sonoro do Quabales vai ser decorado com resíduos encontrados no mar. “Uma homenagem aos pescadores e uma crítica ao absurdo que estão fazendo com nossas praias”, afirma o multinstrumentista Marivaldo dos Santos, criador do projeto e que há mais de dez anos é integrante do renomado show percussivo Stomp, espetáculo que está em cartaz na Broadway há mais de 20 anos. “Chego no aeroporto e vou direto para o trio”, avisa Marivaldo.>
Ele terá a companhia de 15 percussionistas com instrumentos fabricados a partir de material reciclável. O Quabales é um projeto idealizado por Marivaldo e Fernanda Mello. Tem como objetivo a inclusão social e profissional de adolescentes e jovens, usando a música, a arte e a cultura como ferramentas para o combate às drogas e à violência. O Quabales foi desenvolvido no Nordeste de Amaralina, onde Marivaldo nasceu e se criou. O nome “Quabales” teve como inspiração um instrumento criado por Marivaldo que tem o mesmo nome: “Qua”, pelo fato do instrumento ter quatro bocas, e “bales”, por ter o formato de um Timbales. Irmãos Juan e Ravena: música desde criança (Foto: Divulgação) Juan e Ravena Eles são “novinhos”, mas já têm 18 anos de história musical. Eram crianças quando iniciaram a vida artística. Hoje, com 23 e 26 anos, os irmãos Juan e Ravena atraem, principalmente, o público adolescente. “Mas muita criança e idosos também acompanham a gente”, garante Juan. A dupla se define como “música praiana ou surf music com forte influência da música baiana”. “Nascemos e fomos criados ouvindo música baiana. “Basicamente quem curte praia, quem curte Carnaval, uma mistura de axé com reggae”, explica Ravena. >
Mesmo que ainda não conhecidos do grande público, Juan e Ravena têm uma agenda intensa de shows. E trabalham muito em cima de composições autorais. Juntos, a publicitária e o arquiteto de formação têm cerca de 80 composições gravadas. Juan e Ravena também têm uma preocupação especial com o meio ambiente. Tanto que, no Carnaval 2017, a dupla foi a primeira a levar energia solar para alimentar o som e a iluminação do trio elétrico. Dessa vez, no Furdunço, a novidade é o Trio Contêiner. “A maioria dos trios elétricos não têm um planejamento arquitetônico. Não têm um planejamento estrutural”, explica Juan.>
Baiana System e Armandinho, Dodô e Osmar: os medalhões Baiana System: o retorno Em meio aos menos “estourados”, há dois medalhões da música. Um deles, a Baiana System, retorna com seu trio Navio Pirata depois de um ano sem se apresentar no Furdunço, onde fez algumas das suas apresentações mais emblemáticas. >
Esse ano, tanto no Furdunço quanto nas duas outras apresentações durante a folia (22 e 23), a Baiana celebra os 70 anos do trio elétrico. “O que move esse pensamento de um Carnaval mais participativo e o motivo que deu origem a essa manifestação espontânea é um trio menor e sem cordas”, diz Roberto Barreto, que comanda a guitarra baiana, sobre o Navio Pirata e os outros trios do Furdunço. Armandinho, Dodô e Osmar: imperdível (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) Em função da comemoração dos 70 anos de trio , a banda lançou, em todas as plataformas digitais, uma canção com participação da banda Armandinho, Dodô e Osmar, que aliás é o outro medalhão a se apresentar no Furdunço. Nada é mais democrático no Carnaval do que a pipoca de Armandinho, Dodô e Osmar. O trio comandado com Armando Macêdo, filho de Osmar Macêdo (da dupla Dodô e Osmar), idealizador do trio elétrico, é uma atração imperdível. >
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BICICLETRIO TOCA RAUL (15h) RIXÔ ELÉTRICO SYLVIA PATRÍCIA &TUKTUK SONORO PEU MEURRAY GUIG GUETO DAKAR PERCUSSIVO RURAL ELÉTRICA FORRÓ DO TICO* MAYRA LINS MICROTRIO IVAN HUOL GRUPO A MÁQUINA DO TEMPO DE VOLTA AOS ANOS 80 BANDA MARANA VIRGÍLIO LISBOA FORROZEIRINHA BANDA TÔ AÊ QUABALES ARMANDINHO* A MULHERADA PAULO RAIO LUCIANO CALAZANS JAY TORRES VITROLA BAIANA GEOVANNA COSTA MARCIONILIO PRAD0 AFRODISIACO MUDEI DE NOME* LINNOY DIEGO MORAES DUAS MEDIDAS (PRANCHÃO) FITDANCE (PRANCHÃO MERCEDES) FAUTÃO E OS MONGAS FORRÓ SOBEPOEIRA MARQUINHOS CAFÉ OS MY FRIENDS VIOLA DE DOZE TONHO MATÉRIA DIAMBA JUAN E RAVENA VIVIANE TRIPODI TAIS NADER ANA MAMETTO DANIEL VIEIRA (TRIO ELE) GERÔNIMO BUZANFAN* ADÃO NEGRO KART LOVE LUCIANO NEVES ARAKETU BAIANA SYSTEM >
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