Ex-governador Roberto Santos doa acervo pessoal sobre a política nos anos 1970

Cartas trocadas com outros políticos, intelectuais e artistas, fotografias, vídeos e despachos estão entre o material doado

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  • Gil Santos

Publicado em 7 de abril de 2017 às 21:37

- Atualizado há um ano

Um acervo com mais de 10 mil documentos sobre a política e história da Bahia na década de 1970 foi entregue ao Centro de Memória da Bahia, na noite desta sexta-feira (7). O doador das cartas, despachos, fotos e vídeos é o ex-governador e professor baiano Roberto Santos, 90 anos, que oficializou a entrega em um ato no Palácio da Aclamação, no Campo Grande.Roberto Santos assina o protocolo de doação do acervo (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)Segundo o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Zulu Araújo, apesar de pessoais, os documentos são de interesse público. Ele contou que todo material que fica aos cuidados da instituição é tratado, higienizado, digitalizado e depois disponibilizado para o público. O gestor destacou a importância do acervo doado pelo ex-governador.  "Foi, por exemplo, um ato do governador Roberto Santos que em 1976 resgatou o direito à liberdade de culto no estado da Bahia. Ele fez um decreto no qual desobrigou as instituições religiosas afro-brasileiras de se submeterem a humilhação de precisarem de um atestado policial para que pudessem funcionar. Esse e outros documentos encontramos no acervo", afirmou. Mais de 10 mil peças foram doadas e serão disponibilizadas ao público (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)Roberto Santos foi governador da Bahia entre 1975 e 1979. Os documentos deixaram a casa do dele há cerca de um ano. O material foi levado para o Centro de Memória da Bahia, na Biblioteca dos Barris, onde está sendo catalogados e preservados, mas só foi doado oficialmente nesta sexta. O ex-governador contou que a primeira vez em que pensou em doar os arquivos foi durante uma conversa com uma historiadora. "Eu tenho um número muito grande de fotografias e documentos porque visitei a Bahia inteira, todos os municípios. Todo esse material foi se acumulando e a primeira pessoa que falou em doar o acervo foi a ex-presidente da Fundação Pedro Calmon, a historiadora Consuelo Vaz Sampaio. Ficou entrevisto que deveríamos fazer essa doação. O tempo foi passando e eu acabei fazendo a doação", contou.

O acervo inclui cartas trocadas entre o ex-governador e políticos, artistas e intelectuais. Além de fotos e vídeos. Todos devidamente identificados e contextualizados pelo doador. Os documentos passam por cinco estágios até serem disponibilizados para consulta pública e estão na segunda etapa no momento.Roberto Santos ao lado da senadora Lídice da Mata, do reitor da Ufba José Carlos Salles, e o diretor geral da Fundação Pedro Calmon, Zulu Andrade, nesta sexta-feira (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)Consulta pública  A expectativa do diretor do Centro, Rafael Fontes, é de que os primeiros documentos estejam disponíveis para o público nos próximos três meses e que todo o acervo estava liberado em até um ano. Atualmente, existem mais de 50 acervos disponíveis para consulta pública na instituição. A assinatura do ato de entrega contou com a presença de políticos e intelectuais. 

"Esse acervo é pautado na gestão dele como governador do estado e que, agora, no centro de memória ficará disponível para consulta pública. São documentos manuscritos, textuais, algumas fotografias, vídeos e publicações que compõe a gestão dele. Então, hoje é um ato de celebração pela chegada desse acervo, o protocolo de assinatura e também a trajetória desse político que, percebendo a importância da sua importância histórica, disponibilizou esse arquivo para o público", disse. O ex-governadores Waldir Pires e Roberto Santos durante o evento (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)Ele contou que o Centro de Memória costuma receber os acervos pessoais dos ex-governadores, mas outras figuras públicas também procuram o espaço para doar seus documentos. Em 2016, a coreografa Lia Robato dou o próprio acervo com partituras e desenhos de figurinos. Roberto Santos nasceu em Salvador em 15 de setembro de 1926. Ele foi governador da Bahia entre 1975 e 1979, e ministro da Saúde entre 1986 e 1987. Alguns dos destaques da gestão dele é a criação do Centro de Educação Tecnológica da Bahia (Centec), atual Instituto Federal da Bahia (Ifba); e o Museu de Ciência e Tecnologia, primeiro do gênero na América Latina.