Haddad descarta Alckmin em 2º turno e diz que, se houver disputa, vai ser entre PT e Bolsonaro

Já quando questionado sobre a dissolução de Bolsonaro na disputa, Haddad se resumiu a dizer que “são apostas”

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 14:15

- Atualizado há um ano

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Candidato a vice-presidente na chapa do Partido dos Trabalhadores (PT) para as eleições deste ano, Fernando Haddad, em visita a Salvador nesta terça-feira (21), afirmou que o ex-presidente Lula, preso desde abril, “não está pedindo votos para terceiros, já que o objetivo dele é a liberação do próprio registro como candidato”.

O petista aguarda homologação da candidatura pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, apesar de manifestação contrária do Ministério Público Eleitoral (MPE), já conseguiu aprovação pela Organização das Nações Unidas.

Durante coletiva, Haddad se colocou o tempo inteiro como candidato a vice e, toda vez em que era questionado sobre planos de governo em caso de assumir a cabeça da chapa, o petista desconversava e se resumia a dizer que o candidato do PT continua sendo Luiz Inácio Lula da Silva.

“Lula, ontem, teve aumento de cerca de cinco pontos percentuais nas pesquisas e os outros candidatos devem estar desesperados. Nós protocolamos no TSE o plano de governo que vai ser seguido por ele”, declarou o ex-prefeito de São Paulo.

De acordo com registros da pesquisa Ibope divulgados segunda-feira (20), Lula lidera a disputa presidencial com 37% dos votos válidos, seguido por Bolsonaro (PSC), com 18%. E é exatamente este cenário que Haddad enxerga para um provável segundo turno eleitoral, sem a presença do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

“Eu acho muito difícil que os dois [Alckmin e Bolsonaro] disputem um segundo turno. É um ou outro. E, no caso do Alckmin, a dificuldade dele é justamente pelo fato de ter o plano econômico igual ao do Temer e a população não concorda com o rumo que a economia tomou no atual governo”, declarou o candidato a vice. Já quando questionado sobre a dissolução de Bolsonaro na disputa, Haddad se resumiu a dizer que “são apostas”.

O governador da Bahia e candidato do PT à reeleição ao cargo, Rui Costa, que também esteve presente no evento, no Centro de Convenções do Hotel Fiesta, em Salvador, afirmou que não há porque tratar Haddad como candidato petista à presidência, uma vez que a candidatura de Lula é lícita e obedece às normas dos tribunais superiores.

“O povo não aceita essa perseguição que estão fazendo com Lula. Ao rejeitar a candidatura dele, o Brasil se torna uma republiqueta de bananas, que descumpre determinação das Nações Unidas. Democracias e estados sólidos não fazem isto”, disse Rui.

Já um dos candidatos à vaga de Senador, o ex-governador Jaques Wagner, preferiu não discursar no evento e apenas interrompeu Rui Costa para dizer: “solta o cara [Lula] e deixa ele fazer o que quiser, porque as pessoas estão com saudades do Brasil do PT”.

Depois de Salvador, Haddad vai visitar os estados de Sergipe (quarta-feira), Paraíba (quinta-feira), Rio Grande do Norte (sexta-feira) e Maranhão (sábado), além de Pernambuco, Ceará e Alagoas, na próxima semana. Para o ex-presidente do PT Bahia, Jonas Paulo, “Haddad faz as visitas como vice-presidente e representante de Lula, e o diálogo com o Nordeste é fundamental na campanha”.

O candidato petista registrado no TSE para a vaga de presidente da República é Lula, condenado em 2ª Instância pelo TRF-4 pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá, que pode ser julgado inelegível pela Lei da Ficha Limpa.

A decisão cabe ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, que pode levar o caso ao plenário. A decisão precisa ser tomada até o dia 17 de setembro, quando as informações dos candidatos são inseridas nas urnas eletrônicas. O registro de Lula é alvo, até agora, de sete impugnações protocoladas na Justiça Eleitoral e novas contestações podem ser registradas até quarta-feira (22).

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier