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Homem vai puxar jegue na lavagem. Artistas apoiam carroceiros

A ideia é fazer um protesto bem-humorado contra os ativistas que lutam pela proibição dos animais na festa

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  • Da Redação

Publicado em 11 de janeiro de 2011 às 06:49

 - Atualizado há 2 anos

Alexandre Lyrio|Redação CORREIO

A charge aí acima não é mera viagem do ilustrador do CORREIO. É baseada na mais pura realidade. Para driblar a ação judicial que pretende proibir a participação de jegues, cavalos e outros quadrúpedes na Lavagem do Bonfim, o dono de um dos animais quer usar a seu favor o que nunca faltou aos que participam do cortejo: a criatividade. Vai colocar o bicho homem para puxar o famoso jegue Pagode, que será transportado sobre um carrinho alegórico ao longo dos 8 quilômetros de percurso.

De quebra, Pagode ainda terá duas beldades abanando suas orelhas, oferecendo-lhe cenouras e até água mineral. Mais uma das artes de Moisés Cafezeiro, criador do bloco Levada do Jegue e figura conhecida no Bonfim. A ideia é fazer um protesto bem-humorado contra os ativistas que lutam pela proibição dos animais na festa.    “Com o jegue sendo transportado na maior mordomia, eles não vão ter o que dizer. Não tem juiz que barre a nossa participação”, aposta Cafezeiro, que ontem foi à Empresa Baiana de Turismo (Saltur) buscar liberação para o veículo que transportará Pagode. À frente, um carro de som terá microfone aberto para a opinião do público. “A gente vai querer saber se o povo quer ou não os animais na festa”.

Aninha Franco: ‘Uma bobagem’. Margareth: ‘Pela preservação’

Reforço Aos poucos, os donos de jegues e carroças vão ganhando apoio. Artistas do primeiro escalão entraram na discussão para reforçar o lado dos que não abrem mão dos bichos. A cantora Margareth Menezes disse que a participação dos jegues na festa deve, sim, ser permitida, desde que se observe o bom tratamento, para que eles não fiquem debilitados. “A batucada, as baianas e os bichos são a mais pura manifestação popular. Se a gente acaba com tudo e padroniza tudo, como fizeram com as barracas nas festas populares, vamos perder elementos que são destaque da festa. Daqui a pouco tiram as baianas também. Sou a favor da preservação da cultura, desde que se respeite a natureza e a dignidade das pessoas e animais”.

A espirituosa diretora de teatro Aninha Franco pede mais humanidade, para os jegues e para os humanos. “Nem Senhor do Bonfim deve estar gostando dessa história. Tem que se fiscalizar os maus-tratos contra todos, inclusive contra o homem. Precisamos de humanidade para todos. Os jegues sofrem o ano todo. Assim como os homens. Essa reivindicação é uma bobagem”, disse Aninha.

Todos, exceto o antropólogo Roberto Albergaria, poderiam ficar de fora dessa discussão. Frequentador do casamento anual do jegue de cueca com a jega de calçola, evento pré-carnavalesco que acontece no bairro do Uruguai, Albergaria chamou os ambientalistas de aproveitadores. “Isso é de um oportunismo... Xiitas e sectários, aproveitam o momento para usar a mídia”, criticou.   

Apreciação  Junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), três ONGs de proteção dos animais ajuizaram a ação no sábado, durante o Plantão Judiciário. Mas a juíza plantonista Luciana Vianna Barreto entendeu que o caso não reclamava urgência, pois a Lavagem do Bonfim será ainda na quinta-feira.

O processo então foi remetido para a 6ª Vara da Fazenda Pública. A decisão sobre a participação ou não dos jegues na lavagem fica com o juiz Rui Eduardo Brito, que até o final da tarde de ontem ainda não havia apreciado a ação.

Nessa celeuma toda, resta saber quem será o coitado escolhido para a função de puxar o jegue. Tomara que ele não empaque na subida da colina.