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Lagoa do Abaeté é tomada por baronesas, planta que cresce com poluição

Baronesas e salvínias alertam para a alta concentração de matéria orgânica na lagoa

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2015 às 07:37

 - Atualizado há 2 anos

Quem chega na Lagoa do Abaeté, ponto turístico de Salvador, encontra um lugar tranquilo e de grande beleza natural. Entretanto, muitos assaltos e afogamentos costumavam alimentar a lenda de local sinistro e misterioso. Mas é um problema ambiental a nova preocupação da população local e organizações que cuidam da região do Abaeté. Baronesas e salvínias cobrem parte significativa da ponta oeste da lagoa. A partir de denúncia de leitor o CORREIO foi verificar o local.Abaeté com baronesas e salvínias por toda parte (Foto: Evandro Veiga)As baronesas e salvínias são plantas aquáticas bioindicadoras de poluição, segundo o ambientalista Lutero Maurício. "Quanto mais poluição, mais elas aparecem", explica. No caso da Lagoa do Abaeté, o problema é o acúmulo de matéria orgânica. "Não tem esgoto, mas elas (as plantas) indicam matéria orgânica lá dentro (da lagoa). É a eutrofização, aumento da carga orgânica. O que geralmente tem na lagoa são fezes de cavalos, pessoas lavando roupa, água da chuva", conta Maurício.Plantas aquáticas são bioindicadoras de poluição,diz especialista (Foto: Evandro Veiga)De acordo com Maurício, as plantas são benéficas até certo ponto. "Em pequena quantidade, elas ajudam, porque tira a carga orgânica. Mas não pode deixar proliferar demais. Oito anos atrás o Dique do Tororó estava coberto por elas, tivemos que tirar. Em grande quantidade, pode comprometer a vida da lagoa, pois falta oxigênio", explica. 

Maurício afirma que as plantas não trazem nenhum malefício para a população. "Elas estão mandando um recado para a gente, tem alguém despejando matéria orgânica lá", alerta o ambientalista, que também é professor da Faculdade de Salvador e fundador da Unidunas, organização cujo objetivo é a preservação do ecossistema da Área de Proteção Ambiental do Abaeté.Cartão postalA parte mais vista pelos turistas, à frente de quem chega pela Ladeira do Abaeté, está sem baronesas ou salvínias visíveis. Os visitantes reclamam de outros problemas. "Achei muito bom, achei bonito. Só podia ser mais bem cuidada. A pavimentação tá ruim", reclama Patrícia Pastana, técnica de enfermagem de Manaus.Comerciantes locais reclamam do pouco movimento. A esperança é a reforma, prevista para este ano. "De segunda a sexta é bem vazio, isso aí que você está vendo, só mesa", comenta Neucy Pereira, mostrando as mesas vazias dos bares da Lagoa. Neucy vende cachorro quente e é presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes, Baianas de Acarajé e Proprietários de Quiosques do Parque do Abaeté (Asvamba).Neucy comemora a melhora na segurança nos últimos meses. "Aqui era muito violento. Mas agora temos policiamento sempre. Tem cinco meses que não tem um assalto", conta. "Estou esperando a reforma, vai melhorar tudo", sonha João Oliveira, que tem 72 anos e vende coco na Lagoa há mais de trinta.

RequalificaçãoTiago Marques, gestor da APA, confirma que havia uma grande massa de plantas na superfície da lagoa. "Fizemos um trabalho ano passado, com algumas associações. Tiramos todas (as plantas) da parte nordeste. Prejudicava o turismo, tanto esteticamente quanto para o banho. Temos hoje uma pequena porção que fica na parte sudoeste", diz.

Para o gestor, a solução é diminuir o despejo de matéria orgânica pela população, cercando o parque. "Infelizmente o parque é aberto, sem gradio, não tem como fazer controle de uso", lamenta. "Dentro da requalificação, teríamos que colocar um cercamento, ter catraca, para que a gente consiga diminuir a quantidade de matéria orgânica", sugere Marques.

Marques afirma que a requalificação, prevista para abrir licitação em setembro, prevê reforma da pavimentação, quiosques, mirantes, casa das lavadeiras e melhora na iluminação. Novos equipamentos, como um núcleo de gestão socioambiental e um galpão de triagem de lixo, também estão previstos.Lagoa LimpaA população cansou de esperar o poder público e tenta melhorar a Lagoa do Abaeté com as próprias mãos. É o projeto Abaeté Lagoa Limpa, citado por Tiago Marques. Iniciativa do Afoxé Korin Nagô, desde dezembro do ano passado um grupo de pessoas se reúne para limpar a lagoa toda segunda-feira. "Às vezes são cinco, às vezes quarenta pessoas que fazem a limpeza", afirma Jorge Andrade, diretor financeiro do Korin Nagô. Outras organizações fazem parte do projeto, como a colônia de pescadores Z6, Associação de Moradores de Itapuã, Malê Debalê e as Ganhadeiras de Itapuã, conta Andrade.Ulysses dos Santos, 73 anos, presidente do Korin Nagô, conta como a iniciativa partiu de sua ligação muito forte com o local. "Eu aprendi a nadar ali, minha mãe tirava seu sustento da Lagoa", lembra. Os diretores do afoxé contaram que toda a lagoa estava tomada por baronesas, a população limpou tudo. Eles agora se preparam para limpar o fundo da lagoa.