Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2022 às 08:23
Vivendo a pior crise financeira da sua história, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), instituição que abriga um dos maiores complexos de saúde do Brasil com atendimento 100% gratuito, devem fechar o ano de 2022 com um déficit operacional de mais de R$ 30 milhões - R$ 20 milhões negativos do atual exercício, somados ao déficit acumulado de 2021, de R$ 11 milhões. Com isso, a entidade fundada por Santa Dulce dos Pobres, que acolhe quase 3 milhões de pessoas por ano na Bahia, já enfrenta um risco real de descontinuidade dos serviços prestados à população, sobretudo aos mais necessitados.>
A delicada perspectiva financeira da Osid é decorrente do subfinanciamento do SUS, cujo contrato não é reajustado há cinco anos. O cenário foi ainda agravado com o enfrentamento da pandemia da covid-19 e com o avanço da inflação nos preços dos insumos, como material hospitalar e medicamentos, em mais de 10% em 2021 e de 6% no ano corrente.>
De acordo com o gestor Administrativo e Financeiro das Obras Sociais, Milton Carvalho, no valor devido impactam também as contas de serviços essenciais para o funcionamento da instituição. Só com as contas de energia, telefonia e água, o gasto total de janeiro a outubro de 2022 foi de quase R$ 6 milhões.>
“A Osid vem buscando medidas para tentar reduzir o déficit projetado para dezembro deste ano, investindo em uma política de redução de custos e buscando aumentar as doações”. Mas mesmo com todo o esforço, segundo a superintendente da entidade e sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes, “o cenário é extremamente preocupante, pois a Osid sempre fez muito com poucos recursos, mas o pouco de hoje está pouco demais”.>
“A preocupação é grande, porque o déficit representa um volume muito elevado, de modo que estamos com dificuldades em fechar as contas deste ano. Estamos à espera de um milagre, que pode vir através da população, da iniciativa privada e do apoio governamental”, afirma Milton, alertando para uma perspectiva de interrupção dos serviços da organização.>
Uma interrupção no atendimento prestado pelas Obras Sociais atingiria um amplo público com perfis variados. São pacientes oncológicos; idosos; pessoas com deficiência e portadoras de deformidades craniofaciais; dependentes de substâncias psicoativas; pessoas em situação de rua; crianças e adolescentes em risco social; entre outros públicos, que dependem diariamente do trabalho social realizado pela instituição da primeira Santa brasileira.>
“Diante do déficit financeiro apresentado, nós vivemos, sim, um risco grande de reduzir serviços. Precisamos do apoio de todos para que não tenhamos que diminuir o número de leitos nem o número de atendimentos”, confirma o gestor de Saúde da OSID, André Fraife, salientando o impacto disso na população que mais precisa.>
Como doar Para ajudar a manter vivo o legado de amor e serviço de Irmã Dulce, a Osid vem recorrendo principalmente às campanhas de doação junto à população. Por exemplo, é possível doar agora mesmo, a partir de R$ 10, através do PIX [email protected]. Quem tiver interesse pode se cadastrar também no programa Sócio-Protetor, doando mensalmente à instituição da Mãe dos Pobres. Mais informações sobre como ajudar a OSID podem ser obtidas através do telefone (71) 3316-8899, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30; ou através do site www.irmadulce.org.br/doeagora.>
Os números da Osid • 3,5 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano na Bahia; • 3 milhões de pessoas acolhidas por ano no estado; • 23 mil cirurgias e 43 mil internamentos realizados anualmente no território baiano; • 2,1 milhões de refeições servidas por ano para os pacientes; • 1.741 leitos hospitalares na Bahia; • 10,8 mil atendimentos por mês a pessoas com deficiência, em Salvador; • 9 mil atendimentos mensais para tratamento do câncer na capital baiana. Além da Saúde, a entidade presta ainda assistência à população de baixa renda nas áreas da Assistência Social, Pesquisa Científica, Ensino em Saúde, Ensino Fundamental e na preservação e difusão da memória de sua fundadora. Fundada oficialmente no dia 26 de maio de 1959, a Osid é fruto da trajetória de amor e serviço de Santa Dulce dos Pobres, que peregrinou durante mais de uma década em busca de um local para abrigar pobres e doentes recolhidos das ruas de Salvador.>
As raízes da instituição datam de 1949, quando Irmã Dulce, sem ter para onde ir com 70 doentes, pede autorização a sua superiora para abrigar os enfermos em um galinheiro situado ao lado do Convento Santo Antônio, na capital baiana. O episódio fez surgir a tradição de que o maior hospital da Bahia nasceu a partir de um simples galinheiro. >