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Para receber bem os turistas, blitze serão realizadas até março

Equipes da prefeitura passarão, semanalmente, por locais históricos da capital

  • D
  • Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2019 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Arisson Marinho/ CORREIO

Todo soteropolitano está acostumado a ver vendedores comercializando lembranças de Salvador nos pontos turísticos da capital. O que já é cena corriqueira para quem mora na cidade pode incomodar quem está a passeio e é abordado por várias pessoas que tentam vender souvenirs. Foi justamente isso que mais incomodou Edson Rangel dos Reis, 58 anos, turista de Duque de Caxias (RJ) durante visita à cidade. “As pessoas já vêm botando a fitinha no braço”, contou.

O que aconteceu com Edson é um dos erros que a Blitz do Turismo pretende solucionar na capital. A ação para inspecionar os pontos turísticos de Salvador é realizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) em parceria com o Conselho Municipal de Turismo (Comtur). Até o final de março, a equipe vai passar semanalmente por locais históricos da capital para conferir o que pode ser melhorado na experiência do turista que vem à Salvador.

Entre os problemas estão desde uma rua com identificação incompleta até a cobrança de preços abusivos por guias de turismo clandestinos.

Na manhã dessa quinta-feira (19), a blitz começou na Praça da Sé e seguiu até o Santo Antônio Além do Carmo. A primeira edição da ação ocorreu na última sexta (13), com início no Terminal Náutico e término na Praça Municipal. Na primeira visita da equipe, foram catalogadas mais de 50 irregularidades na região do Comércio. Outras 50 inconformidades foram identificadas nessa quinta.

O secretário municipal de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco, destaca a abordagem insistente dos comerciantes aos turistas, a disposição de comércio na fachada de casas tombadas e a precariedade dos estacionamentos como as principais irregularidades.

Ele associa o assédio dos vendedores e baianas de receptivo à falta de qualificação dos profissionais que atuam com a venda de produtos na rua. Para Tinoco, a abordagem incorreta dos turistas pelos comerciantes interfere na imagem do soteropolitano como um povo que sabe receber bem.“Precisamos profissionalizar e melhorar a capacidade de quem esteja na rua formalmente fazendo atividades. Nós aproveitamos a blitz para dialogar com as pessoas que estão nas ruas. Também precisamos fiscalizar para ter no Turismo uma oportunidade de geração de renda para a cidade”, disse o secretário.Ele ressaltou ainda a cobrança de preços mais altos nos produtos vendidos aos turistas. A monitora de escola de São Paulo, Rita de Cássia, 37, comentou ter estranhado quando um homem começou a pintar o braço dela no meio do Pelourinho. “Eu achei muito caro. Até uma pintura da Timbalada tão simples foi R$ 10 e os caras já chegam pintando”, afirmou.

Sinalização Uma simples alteração em uma placa pode melhorar a visão dos turistas sobre a capital. Por receber turistas internacionais, uma indicação em espanhol e em inglês pode ajudar o visitante a se localizar. “Do ponto de vista turístico, a gente precisa implementar sinalização trilíngue para melhorar os demais aspectos da experiência do turista. A sinalização indica rotas e isso dá uma autonomia para o turista se deslocar”, explicou Tinoco. O secretário municipal de Cultura e Turismo, Claudio Tinoco (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) A equipe da blitz anota todos os erros que farão parte de um relatório. Em 48h úteis, o documento é finalizado e enviado para o gabinete do prefeito, o Comtur e os órgãos responsáveis por atender às demandas. As entidades decidem quais medidas são cabíveis em cada situação, como uma modificação na sinalização de um local ou a notificação do estabelecimento. 

A inspeção visa também provocar uma mudança na atuação do setor privado, seja para incentivar a abertura de empreendimentos privados no final de semana ou para fiscalizar irregularidades no setor do receptivo. “A prefeitura mantém todos os órgãos associados durante todo o ano com uma atenção aos atrativos turísticos, mas é nesse período da alta estação, entre dezembro e março, que a gente tem que estar vivendo a experiência na prática. Boa parte das atividades é realizada pela iniciativa privada, na qual podemos observar a forma de conduzir os turistas na cidade”, explicou o diretor de turismo da Secult, Antônio Barretto Jr.

Uma das acompanhantes da blitz, a presidente do sindicato dos guias de turismo do estado da Bahia (Singtur), Rivanete Rodrigues, ressaltou o esforço da equipe para coibir o trabalho clandestino, em especial das pessoas que oferecem serviço de guia. “Se melhorar em 70% a clandestinidade, vai ser ótimo. As pessoas que não têm identificação se apresentam como guia para o turista e cobram muito caro. Eles ainda contam uma história que não é verdadeira do lugar e podem levar as pessoas por ruas não recomendadas e sem segurança”, contou.

A blitz contou com representantes da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA),  do Sindicato dos Guias de Turismo do Estado da Bahia (Singtur-BA), da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav-BA), do Sindicato de Empresas do Turismo (Sindetur) e da Associação de Agências Operadoras de Receptivos da Bahia (Abre-BA).

O casal canadense Bill e Heather Osborne desejava conhecer a capital desde que visitou o oeste africano para ver as conexões entre a África e o Brasil. Com apenas um dia de viagem, os turistas internacionais estão impressionados com o pouco que já viram. “É bom ver que se tem dado atenção para o lugar”, comentou Bill sobre as obras na capital.

É essa preocupação com o progresso da cidade, em especial na recepção do turista, que o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Luciano Lopes, ressaltou como um dos benefícios da blitz. “Tudo isso influencia na experiência do cliente. A ação é fundamental para que percebam que tem uma atuação do poder público nesse cuidado com o turista. As melhorias fazem com que a avaliação do turista sobre a cidade aumente cada vez mais”, acredita.

Expectativa do trade A Secult estima em 3,6 milhões o número de visitantes entre os meses de dezembro e março na capital. O fluxo de turistas empolga o setor, que tem expectativas altas para o período. A presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) e do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Angela Carvalho, acredita que o verão em Salvador vai ser com uma alta taxa de ocupação e um bom fluxo de turistas.

Ela estima um crescimento de 10% na comparação com 2018. “Salvador é um dos destinos mais desejados pelos turistas e temos passeios bons para oferecer, como Ilha dos Frades, que está com uma estrutura renovada para receber o turista”, comentou.

Já no final de dezembro, a taxa de ocupação hoteleira deve chegar a 100% na região do Festival Virada Salvador 2020, que acontece entre 28 de novembro e 1º de janeiro, no bairro da Boca do Rio.

O presidente da Salvador Destination, Roberto Duran, indica que o índice de leitos ocupados deve ser de 80% em janeiro e de 70% em fevereiro. O secretário Claudio Tinoco ressalta que Salvador está em uma recuperação progressiva do fluxo de turistas desde 2017. A atividade havia caído após a Copa do Mundo de 2014. “Mas em 2019, vamos ampliar o número de turistas em comparação a 2018”, pontuou o secretário.

Faltando cerca de uma semana para o Festival Virada, os hotéis da capital já registram 75% de ocupação. Até o evento, o nível deve chegar a 95% em todos os estabelecimentos da cidade. A prefeitura estima que cerca de 500 mil turistas devem vir passar o final do ano em Salvador. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Luciano Lopes, o festival criou uma demanda que não existia antes. “Os clientes perceberam que há novos dias no calendário da cidade.”

Os visitantes que vão passar o Réveillon na capital devem gastar, em média, R$ 859 na cidade durante sete dias, estimou o secretário de Cultura e Turismo. Ao todo, a festa deve movimentar cerca de R$ 407,2 milhões.  

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier