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Jairo Costa Jr.
Publicado em 13 de fevereiro de 2021 às 07:30
- Atualizado há 2 anos
O recado é claro e foi dado pelo prefeito Bruno Reis (DEM) na tarde de sexta-feira, durante a entrega de uma geomanta em Matatu de Brotas: caso a taxa de ocupação nas UTIs e os números de contaminados pelo coronavírus continuem em ritmo de galope acelerado, adotará novamente medidas mais rígidas de isolamento social para frear a trajetória de crescimento da covid já partir da próxima semana.>
A declaração do prefeito de que a capital poderá reviver as restrições decretadas na mais dura fase da pandemia foi efeito direto de uma sucessão de más notícias. O índice nas unidades de terapia intensiva, que chegou a cair para perto de 50% em agosto de 2020, atingiu 64% na segunda passada e alcançou 72% quatro dias depois. Pela dinâmica de contaminação do vírus verificada em Salvador desde o início do mês, o percentual continuará subindo a ladeira se não forem tomadas posições firmes de modo imediato.>
“O que mais preocupa a gente são os números de novos casos diários, o fator RT (que mede quantos são infectados por alguém contaminado) e a velocidade de aceleração. Então, há risco real de estar circulando outra cepa na cidade, muito mais agressiva, que tem feito os números crescerem, a ponto de trazer grande preocupação”, emendou Reis. Para tornar mais claro ainda o recado, o prefeito apresentou dados que justificam a tensão.>
Em agosto, haviam 1.769 casos ativos, Agora, são cerca de 1.500, a maior quantidade dos últimos seis meses. A média de pacientes para serem regulados nas unidades de saúde, que alternava entre 30 e 40 na Bahia, chegou a 83. “É um número bastante elevado e preocupa muito, porque está muito próximo do pico da primeira onda. Todos os outros índices, que nos permitem tomar decisões, cresceram de forma acentuada”, destacou, ao alertar sobre o temor de uma eventual perda de controle sobre a doença.>
Inchaço O provável retorno das regras de isolamento lançadas no auge da pandemia é consequência também dos sinais de sobrecarga na rede pública de saúde. Sobretudo, nas Unidades de Pronto-Atendimento. “O problema são as pressões nas UPAs. Isso é real” , afirmou Bruno Reis. Na quinta-feira, existiam 83 pacientes para serem regulados, dependendo de leitos de enfermaria e de covid. Boa parte foi regulada. Hoje (sexta-feira), nas nossas UPAs, haviam 18 na fila.>
“Esses números vinham baixos, mas (o inchaço) é no estado todo. E, efetivamente, tanto a prefeitura quanto o governo já estão chegando na quantidade de leitos que havia na primeira onda, e a capacidade de produzir leitos não é fácil. Mais do que nunca, precisamos do apoio da população”, apelou o prefeito, ao pedir que os cidadãos restabeleçam os cuidados de antes.>
“Nunca quis isso. Já são praticamente 45 dias como prefeito e, em nenhum momento, adotamos medidas de restrições, porque os números vinham estáveis. Mas a gente começa a perceber uma curva ascendente que cresce de forma muito rápida”, complementou. Embora não tenha apontado por onde o cerco começaria, a lista é vasta e conhecida: fechamento do comércio, bares e restaurantes, shoppings, cinemas, templos, salões e segue o baile. A volta às aulas já havia sido descartada na quinta. Ou seja, recado mais claro que esse, impossível.>
Bahia vai receber mais 400 mil doses até dia 23 A vacinação em Salvador, que foi interrompida durante a semana por falta de doses, deve ser reiniciada nos próximos dias e avançar para novas fases do plano de imunização. Na mesma solenidade em que levantou a hipótese de endurecer o jogo para conter a recente escalada da pandemia, o prefeito Bruno Reis anunciou que o estado receberá 400 mil novas doses entre os próximos dias 17 e 23. Do total, cerca de 35 mil serão destinadas à população da capital.>
“O ministro (da Saúde, Eduardo) Pazuello afirmou que, de 17 a 23 de fevereiro, estariam sendo distribuídas novas doses para a Bahia. Serão 400 mil, 200 mil ficam retidas e outras 200 mil são distribuídas. Então, devem vir para Salvador em torno de 35 mil a 36 mil doses, com base nas outras remessas”, informou o prefeito. Metade das vacinas ficará retida pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) para garantir a segunda dose de quem já recebeu a primeira.>
A prefeitura também articula com o governo da Índia a compra de 300 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. A operação já está fechada, mas depende da autorização do Ministério da Saúde.>
Covid em viés de alta >
72% foi a taxa de UTIs ocupadas na cidade até a sexta, de acordo com dados da Secretaria de Saúde da capital; em agosto, estava perto dos 50% >
1,5mil Casos ativos do coronavírus foram registrados até a manhã de sexta em Salvador, a maior quantidade dos últimos seis meses, atestando o viés de alta da doença em fevereiro>