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Carol Aquino
Publicado em 22 de maio de 2018 às 18:11
- Atualizado há 2 anos
Amarelinhos da Stec vão circular normalmente (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) Para amenizar os efeitos da greve de ônibus que começa à meia-noite dessa quarta-feira (23), a Prefeitura de Salvaor vai colocar 516 microônibus para fazer o transporte de passageiros. A medida foi anunciada na tarde desta terça (22), durante coletiva de imprensa para apresentar o plano de contingência da gestão municipal para enfrentar os dias de paralisação, que seguirão por tempo indeterminado. A greve foi anunciada pouco antes das 16h, após assembleia geral dos rodoviários nos Aflitos.>
Os veículos são das cooperativas metropolitanas, que receberam 35 roteiros da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) ligando os principais corredores da cidade. A tarifa vai custar R$ 3,70, assim como as dos ônibus convencionais, porém não valerão gratuidade, meia passagem, integração com o metrô ou o bilhete único. O pagamento da passagem deve ser feito em dinheiro. >
Já os veículos do Sistema de Transporte Especial Complementar (Stec) continuarão a operar da maneira regular, seguindo os mesmos trajetos que em dias normais. Somados estes com os micro-ônibus extras, serão quase 800 veículos de pequeno porte realizando o transporte urbano. >
Sem tarifa definida Vans escolares e de turismo também estarão autorizadas a atuar no transporte urbano, porém sem roteiros e tarifas definidos pela Prefeitura. Os usuários também podem contar com o serviço de mototáxi, que vai atuar da mesma forma em que opera normalmente.>
Segundo o prefeito ACM Neto, o plano de contingência foi montado levando em consideração que haverá 50% dos ônibus regulares circulando nos horários de pico (das 5h às 8h e das 17h às 20h), 30 % no restante do tempo e a saída dos ônibus do Stec das garagens. >
“Oitocentos microônibus não vão substituir os 2.400 ônibus que rodam pela cidade. Mas se o sindicato cumprir a liminar, isso somado ao transporte escolar e de turismo vamos ter uma condição mínima razoável de mobilidade na cidade”, avaliou o prefeito, apontando que apesar dos esforços da gestão municipal a população vai sentir os efeitos da greve. >
Porém, ele ressalvou que não tem como garantir que o plano de contingência funcione perfeitamente. O gestor destacou que isso depende de os rodoviários cumprirem a liminar e de o movimento grevista não impedir a saída dos ônibus do Stec e dos veículos das cooperativas, como aconteceu na paralisação do último domingo (20). >
Os roteiros A cidade foi dividida em cinco bolsões e a partir deles montados as rotas de transporte. Segundo o prefeito ACM Neto, o objetivo foi assegurar a conexão entre as três grandes regiões da cidade (Orla-Centro/ Miolo/ Subúrbio) em que a Concessionária Integra atua. Veja abaixo: Confira por onde vão passar as linhas especiais dos microônibus. (Foto: Reprodução/ Prefeitura de Salvador) Os bolsões serão: Subúrbio/ Ribeira/ Valéria com destino a Campo Grande, Iguatemi/ Itaigara; Boca da Mata/ Cajazeiras/ Cassange/ Coração de Maria com destino a Campo Grande, Iguatemi/ Itaigara; Mussurunga/ São Cristóvão/ Orla com destino a Lapa. Barra, Praça da Sé, Iguatemi; Cabula com destino a Barroquinha, Campo Grande, Barra, Iguatemi/ Itaigara; e Brotas/ Centro com destino a Barroquinha, Campo Grande, Barra, Iguatemi/ Itaigara. >
Fiscais da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) estarão nas ruas para orientar os passageiros e verificar o cumprimento dos roteiros dos microônibus. >
Leia também: Rodoviários prometem rodar sem cobrar passagem em Salvador>
Negociações Os rodoviários decidiram entrar em greve após mais de dois meses o sindicato patronal. As duas partes não chegaram a um acordo, mesmo depois de diversas intermediações da Justiça do Trabalho, que determinou uma frota mínima circulando pela cidade (50% em horário de pico e 30% nos demais horários), caso a categoria optasse pela greve. >
Os rodoviários pedem um aumento do salário de 6%, 10% do tíquete-alimentação e a continuação do pagamento de horas extras. Embora os representantes da Superintendência Regional do Trabalho (SRT), que mediaram a negociação, tivessem sugerido o reajuste de 5%, os empresários continuaram alegando que não possuem condições de firmar o acordo.>
Durante a coletiva, ACM Neto revelou que chegou perto de um consenso entre as partes na manhã desta terça-feira. Os rodoviários diminuíram o pedido de reajuste salarial de 6% para 3% e do ticket refeição de 10% para 2%. Porém os empresários aceitaram dar somente o índice da inflação, que foi de 1, 69%. >
A esperança do prefeito para a resolução do impasse entre empresários e rodoviários é um pronunciamento da Justiça do Trabalho “sobre o que seria justo e razoável em relação aos direitos dos trabalhadores. Quanto antes a Justiça se posicionar sobre as obrigações dos empresários mais fácil fica este entendimento”, opinou. >
Nessa quarta, a categoria promete circular, com a frota mínima determinada pela Justiça, sem cobrar passagens dos usuários.>
Sem aumento O prefeito ACM Neto reiterou que não autorizará aumento na tarifa de ônibus em 2018, apesar da pressão dos empresários do transporte coletivo para que tal medida seja tomada. >
“Seria muito cômodo a Prefeitura anunciar o aumento da tarifa, mas quem iria pagar o preço é o usuário", disse acrescentando que reajustes na passagem só acontecerão em 2019, com base na auditoria do sistema de bilhetagem dos ônibus urbanos que está sendo feito pela Agência Reguladora e Fiscalizadora dos Serviços Públicos de Salvador (Arsal).>
O gestor deixou claro que não vai ceder a pressões dos empresários e que não descarta a possibilidade de que as mesmas estejam desejando a greve. Ele assegurou também a manutenção das linhas de ônibus que rodam atualmente na capital. >
"Não vamos aceitar exclusão de linhas de ônibus, o que geraria desassistência a uma série de comunidades pobres de Salvador. Existem algumas linhas que são deficitárias mais que são imprecindíveis para as áreas mais periféricas", disse. >
Concessões Neto destacou ainda que a gestão municipal tem aberto mão de que a concessionária de ônibus cumpra algumas de suas obrigações, como o pagamento de Imposto sobre Serviços (ISS), taxa da Arsal, outorga onerosa e renovação de frota. E que não vai aceitar argumentos fora a crise e o aumento do preço do diesel como justificativas de pedidos de aumento de tarifa. >
Ele apontou que as empresas que participaram da licitação de ônibus já sabiam da existência de programas como o Domingo é Meia e o bilhete único, além da futura integração do modal com o metrô, não sendo estas "desculpas" para a alegação de prejuízo. >
O prefeito ressaltou ainda que não é responsável por certas imposições feitas ao transporte público, como gratuidade para idosos e meia passagem, e que não cabe ao Seteps usar este tipo de justificativa para o prejuízo. >