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Religiosos amarram tecidos brancos em árvores durante Alvorada dos Ojás

Há 13 anos, adeptos do candomblé chamam atenção para a intolerância religiosa com o ato

  • D
  • Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2019 às 08:31

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO

Diversas árvores da cidade amanheceram envolvidas por tecidos brancos sagrados, os ojás, utilizados em cultos afro-brasileiros. Na madrugada deste sábado (23), adeptos do candomblé realizaram a 13ª edição da Alvorada dos Ojás, atividade que chama atenção para a intolerância religiosa e os ataques sofridos por terreiros, sacerdotes e sacerdotisas recentemente. 

Neste ano, a Alvorada dos Ojás traz como tema 'Oxumarê, Bessem e Angorô', divindades representadas, cada uma na sua nação do candomblé, pelo arco-íris e pela cobra.

São elas, segundo a tradição afro-brasileira, as divindades que conduzem as transformações. Por isso, foi escolhido para 2019 o lema "Transformação por um Brasil sem racismo, miséria e fome". Foto presente na exposição sobre a Alvorada dos Ojás, em cartaz no MAM (Foto: Fafá Araújo/Divulgação) Promovido há 12 anos pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade nacional do movimento negro brasileiro, o evento teve início às 18h com um ritual público de sacralização dos ojás no terreiro Ilê Axé Oxumarê Araká Ogodo, conhecido publicamente como Casa de Oxumarê, que tem acessos tanto pelo Final de Linha da Federação quanto pela Avenida Vasco da Gama.

A atividade, na qual os religiosos pedem permissão aos orixás para iniciar os trabalhos, foi conduzida pelo babalorixá Sivanilton Encarnação da Mata, o Babá Pecê, sacerdote da Casa de Oxumarê, que recebeu convidados de diversas outras religiões para simbolizar a união."Essa atividade, que acontece todos os anos, tem uma beleza e importância muito grandes, pois é uma sinalização de diversas denominações religiosas no sentido da construção de um Brasil mais igualitário, sem violência religiosa e sem racismo religioso", defende Babá Pecê.Na sequência, a amarração dos ojás foi feita em árvores do Dique do Tororó, do Campo Grande, Corredor da Vitória, Pelourinho, Suburbana e no Largo do Santo Antônio Além do Carmo.

O processo durou toda a madrugada e aconteceu de forma coletiva, com voluntários que se locomovem em vans e carros particulares.

O grupo de parceiros da atividade inclui o afoxé Filhos de Gandhy, o artista plástico e fundador do Cortejo Afro, Alberto Pitta, responsável pela pintura dos 2.000 metros de tecidos com elementos ligados ao candomblé.

Além da atividade já tradicional, em 2019 a Alvorada dos Ojás também promoveu uma exposição com fotografias de edições anteriores, registradas pelo fotógrafo Fafá Araújo, e também com roupas feitas com ojás retirados das árvores.

A instalação, aberta durante o mês de novembro em comemoração ao Mês da Consciência Negra, está no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), na Avenida Contorno, e tem curadoria de Alberto Pitta e Marcos Rezende.

A coordenadora-geral do CEN e Ekedy da Casa de Oxumarê, Iraildes Andrade, explicou o intuito da ação. "Queremos apenas que as pessoas se respeitem, respeitem as escolhas das outras, as opções religiosas, as opções políticas, e que o ódio seja banido do nosso convívio. Quando pedimos a Oxumarê que promova a transformação do nosso país, que vive essa situação atualmente, estamos falando que nosso projeto para o Brasil é um projeto inclusivo, sem violência, um projeto que caiba todas as pessoas dentro dele, sem opressão, sem machismo, sem misoginia, sem racismo e sem ódio religioso", defendeu.