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Ritual adaptado: Quaresma começa sem cinzas nas testas dos fiéis

Mudanças foram feitas por conta da pandemia, e Igreja não descarta aumentar restrições sanitárias

  • Foto do(a) author(a) Wendel de Novais
  • Wendel de Novais

Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 23:15

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Na abertura da Quaresma, ontem, o ritual em que os padres fazem o sinal da cruz na testa dos fiéis com cinzas não teve espaço. Em tempos de pandemia, quando tocar o outro representa risco para a saúde, a tradição teve que ser adaptada. Por orientação da Igreja Católica, em vez de fazer o sinal da cruz na testa dos fiéis, os padres jogaram as cinzas sobre a cabeça das pessoas, durante as missas. As restrições incluíram também a limitação dos participantes e as transmissões ao vivo, pelo Facebook e Instagram.

Ciente da situação, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Sérgio da Rocha, fez questão de salientar que a decisão tenta proteger as pessoas, que podem, assim, continuar exercendo a sua fé. Ele disse ainda que deve anunciar mais restrições nas celebrações da Igreja caso a situação sanitária o obrigue.“Nós estamos atentos às orientações das autoridades de saúde pública. Por isso, tomamos decisões para fazer nossa parte no trabalho de preservação da vida e da saúde. E, se necessário for, é possível que coloquemos em prática mais restrições. Vemos as pessoas se cansando de fazer o certo em relação aos protocolos e não podemos cansar. Continuaremos atentos e fazendo o que for necessário para a segurança  de todos”, declarou. Mesmo sendo para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, o sinal da cruz à distância, de certa forma, alterou a experiência dos fiéis acostumados com o rito e com a Igreja cheia, em um dos períodos mais importantes do ano para a Igreja Católica. Celebração contou com número restrito de fiéis que agendaram presença por telefone (Foto: Nara Gentil/CORREIO) A professora Luiza Figueiredo, 47 anos, que foi à Basílica de Salvador, lamentou o que chamou de triste realidade. “Muito triste ver a Igreja assim, vazia. Sei que é para preservar a saúde das pessoas e evitar contaminação, mas não deixa de ser triste que um momento de celebração, quando a Igreja, normalmente, está repleta de fiéis aconteça assim. Digo a mesma coisa sobre a ausência do toque em nossas testas com as cinzas”, disse. Luiza sentiu falta da simbologia, mas disse que o que importa é a fé (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Apesar da tristeza com a mudança, Luiza fez questão de dizer que, mesmo sendo importantíssimo e uma tradição antiga, o real sentido está na intenção e na fé com que é realizado, independente da forma. “Acredito que temos que nos apegar ao fato da fé ser a mais importante. Vou sentir falta porque é tradição, não vou negar, mas enquanto a intenção for verdadeira, a benção será a mesma”, opinou.

Quem não se conformou com a medida foi Francisca Siqueira, 78, que afirmou até que não teria deixado sua casa rumo à Catedral Basílica se soubesse que o ritual seria adaptado, mas no fim admitiu que a mudança não foi tão ruim. “O ato de desenhar a cruz com as cinzas na nossa testa é de uma simbologia enorme. Se soubesse que não teria, nem tinha vindo. Peguei chuva para estar aqui e me entristeceu saber que não teria isso. O povo faz coisa muito pior e nós, que não aglomeramos, pagamos a conta. Quando falaram em jogar, achei que não seria de bom tom, mas foi singela”, finalizou.   Francisca não teria deixado sua casa se soubesse que o ritual tinha sido adaptado, mas no fim gostou (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Importância da Quaresma O ato em que  o cristão recebe uma cruz na fronte com as cinzas é o que dá o pontapé para Quaresma, período de 40 dias - que não conta os domingos - em que os cristãos relembram os 40 dias em que Jesus passou no deserto. É um tempo em que os fiéis se voltam para reflexões e serviços religiosos como orações e caridade.

Para a administradora Regina Rangel, 34, é um dos momentos mais importantes do ano para a sua fé. “Foi uma surpresa as diferenças porque sou católica desde nova e não tinha visto dessa forma antes, mas o importante é o sentido. A Quaresma é um dos períodos mais importantes pra mim como fiel. Então, independente da simbologia, sendo na cabeça ou na testa, o que importa é o início da Quaresma, momento de reflexão e, principalmente, de agradecimento”, declarou.

O Cardeal Dom Sérgio falou de forma parecida sobre a celebração e ressaltou a importância da Quaresma em um momento delicado como o que se vive com a pandemia. “A Quaresma é um tempo especial de vivência da fé através da oração, através de gestos concretos de solidariedade. Se isso é importante em tempos normais, nesse período de pandemia é ainda mais fundamental viver esse tempo lembrando mais de Deus e de quem mais precisa de apoio”, afirmou.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela