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João Pedro Costa, 14 anos, reza para Santo Antônio desde os 13 em Colinas de Pituaçu
Raquel Saraiva
Publicado em 13 de junho de 2018 às 06:01
- Atualizado há um ano
Aos 14 anos de idade, o estudante João Pedro Costa leva o nome de dois santos festejados em junho. Mas, a despeito dos “forrozeiros” João e Pedro, a alegria do jovem vem mesmo é do casamenteiro, Antônio. Há três anos, João Pedro organiza a trezena de Santo Antônio na sala do apartamento onde mora com a avó, no condomínio Colinas de Pituaçu, em Salvador. Este ano, teve até missa cancelada na paróquia local para que os fiéis acompanhassem a trezena de João - quer dizer, de Antônio.
“Começou quando minha madrinha me levou pra trezena de tia Mirza, no Imbuí. Eu não tinha como ir todo dia, então resolvi rezar em casa”, lembra. E assim, João Pedro, que foi criado na tradição espírita, é filho de mãe protestante, mas quer ser padre, se tornou um perpetuador da tradição cada vez mais rara.
O evento, que começou com cerca de 20 participantes, hoje conta com mais de 50, dentre amigos, familiares e fiéis do santo e de outras religiões - e já tem história para contar. João Pedro tem 14 anos e reza para Santo Antônio desde os 11 (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Nesta segunda-feira (11), o bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador, dom Estévão, participou da cerimônia e nesta terça (12) até a missa na paróquia local foi cancelada para que os fiéis comparecessem à trezena organizada pelo jovem. O último dia de oração é nesta quarta-feira (13), dia do santo.
Seminário A avó Elita Costa, 65, não hesitou em abrir as portas do apartamento onde mora com o neto, no conjunto Colinas de Pituaçu, e até prepara quitutes como mingau e bolos para não deixar os devotos de barriga vazia. "Desde os 7 anos ele diz que vai ser padre. Não nos preocupamos, ele é feliz e não faz mal a ele próprio nem a ninguém. A gente nunca sabe a missão que Ele escolheu", diz a avó orgulhosa apontado para o céu.
O garoto foi criado na tradição espírita e tem mãe protestante, mas se encantou pelo catolicismo ainda pequeno. Hoje ele é coroinha da paróquia do Divino Espírito Santo e estuda no colégio Salesiano. O que ele quer fazer quando terminar a escola? "Ir para o seminário, se Deus quiser", confirma.
Forró João Pedro até criou uma nova tradição: para driblar o “furto” do neném de Santo Antônio - o Menino Jesus - por quem quer conseguir um casamento, tem que dançar forró com o santo.
“Mas até quero que roubem o Menino, para pagar a promessa no próximo ano se conseguir a graça”, brinca, se referindo à arrumação do altar. As três imagens na sala de dona Elite Costa, 65, avó de João, continuam com os meninos Jesus nos braços.
Esse ano, a tarefa de montagem do altar ficou a encargo do padre Jaciel, que também é o padrinho de crisma do menino. Amigos também colaboram com os festejos, como a professora Babi, a fotógrafa Lucy Anunciação e até devotos do santo moradores da cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano.
"Eu peço sempre a Santo Antônio pelo papa, pelos presidiários e suas mães, pelos desempregados... peço tanto para tirar nota boa na escola...", confessa João Pedro. “Fico bem alegre quando vem todo mundo, é só chegar”, convida.
VEJA PROGRAMAÇÃO DE REZAS DE SANTO ANTÔNIO
*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier